sábado, 9 de junho de 2012

Jovens artesãos transformam resíduos de madeira na Amazônia em canetas de luxo

Projeto Saboarana trabalha com os três pilares do desenvolvimento sustentável: social, ambiental e econômico


do PNUD




Eliézio da Costa de Souza 19 anos é um dos 07 jovens integrantes do projeto .

Projeto Saboarana - Arte em madeirasCansado das caminhadas até o trabalho e incentivado peloscolegas, Eliezio Costa de Souza decidiu, aos 15 anos, que seu primeiro salárioseria usado para realizar um sonho: a compra de um veículo próprio – o primeirode sua vida. Sem habilitação e tampouco perspectiva profissional, a históriadesse rapaz de um pequeno município no interior do Amazonas tinha todos oselementos para terminar mal, num misto de trabalho infantil e infração àsregras do trânsito.
 
Mas a história que ele começava a escrever era outra. Em2007, Eliezio era aprendiz de artesão e seu veículo, uma bicicleta. “Foi meuprimeiro investimento”, conta o jovem sobre a conquista. “Agora, já estoupensando em comprar uma moto, ano que vem. Acho que vai ser bom”, diz ele.
 
Hoje, com 19 anos – e devidamente habilitado – Eliezio é umdos sete jovens integrantes do projeto Saboarana, um empreendimento desustentabilidade ambiental que reaproveita resíduos de madeiras da região naprodução de canetas artesanais. A matéria-prima, que antes era descartada equeimada, vem do polo moveleiro do entorno de Itacoatiara – a 265 km da capital Manaus.
 
Eliezio é o segundo mais novo em uma família de dez filhos.Ainda criança ajudava o pai, que era serrador, no corte e extração da madeira.Hoje, o sustento da família continua vindo da floresta, mas de uma formasustentável. O salário como artesão não é fixo, mas gira em torno de R$ 800 pormês, mais do que o próprio pai ganhava como serrador. “Hoje eu até ajudo emcasa, e não preciso me rasgar todo carregando aquelas toras e tábuas pesadas,no meio da floresta”, conta o jovem artesão.
 
As mãos que ajudavam a serrar e carregar troncos hojedominam, com delicadeza e habilidade, a arte de transformar pedaços rústicos demadeira em finas canetas artesanais. Habilidade adquirida em um cursoprofissionalizante do SENAI, oferecido a bordo do barco-escola Samaúma,  uma embarcação fluvial pioneira no Brasil queoferece capacitação profissional à população ribeirinha de comunidades daregião Norte.
 
A iniciativa Saboarana– Arte em madeiras conta com apoio do PNUD para o seu desenvolvimento. Pormeio de parcerias locais, o projeto do PNUD cria condições favoráveis aodesenvolvimento da cadeia produtiva de madeira e móveis na região amazônicabrasileira.  Entre esses parceiros está oServiço Brasileiro de Apoio às Micro ePequenas Empresas, o Sebrae. “A orientação do Sebrae-Amazonas foifundamental. Através dela, estamos reescrevendo a história desses jovens comuma nova perspectiva de futuro”, conta o pastor Wesley Ramos, responsável peloprojeto. “Estamos na contramão da destruição e, mesmo ainda sem muito lucro,somos uma microempresa com responsabilidade ambiental e social”.
 
O projeto é um dos vencedores do Prêmio Sebrae Top 100 de artesanato que, em sua terceira edição,teve mais de 1.800 inscritos, em todo o Brasil. “É um reconhecimento do nossotrabalho em desenvolvimento sustentável. Ele integra o social, o ambiental e o econômico”, diz Wesley.
 
Após concluir o ensino médio em 2012, Eliezio já tem algunsplanos. “Quero me especializar ainda mais. Fazer outros cursos, ou até umafaculdade. Me apaixonei pelo meu trabalho”, diz. “Se você sonhar, tem que acreditarque ele vai acontecer. Mesmo com obstáculos, é preciso seguir em frente”. Comapoio da prefeitura do município, Eliezio vai ao Rio de Janeiro participar daRio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. É aprimeira vez que ele viaja de avião e também a primeira que ele ultrapassa asfronteiras de seu estado natal.


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