sexta-feira, 9 de março de 2018

Dia Internacional da Mulher : Mobilizações que Marcam o Mundo


por Mônica Aguiar

As mulheres conseguiram marcar de forma global, nesta quinta(08), com centenas de manifestações o Dia Internacional de luta das Mulheres. 
A mobilização especialmente relevante foi na Espanha, onde milhões de mulheres aderiram a uma greve geral, em protesto histórico, sem precedente no país e em todo mundo. 
Na América Latina, a Argentina foi, mais uma vez, o país com a maior mobilização. 
No Brasil, apesar da chuva,  houve manifestações nas 27 capitais, com grandes  mobilizações. 
Houve manifestações importantes na Turquia e, no Iraque, 300 mulheres correram pelas ruas de Mossul na primeira maratona celebrada na cidade libertada do Estado Islâmico há oito meses. 
Na Arábia Saudita, um grupo de mulheres saiu correndo pelas ruas, uma das liberdades adquiridas com a política de abertura do novo príncipe herdeiro, Mohamed Bin Salman. 
Centenas marcharam em Cabul, capital do Afeganistão, algo impensável sob o regime talibã. Neste 8 de março, o mundo parou para enxergá-las e ouvi-las. E esse é um caminho sem volta.

Turquia- A violência  contra as mulheres e o abuso sexual foram o foco de uma manifestação convocada por feministas em Istambul, a maior cidade da Turquia, desafiando as proibições impostas pelo estado de emergência em vigor. 
Cerca de 50 mulheres compareceram à manifestação ao meio-dia (horário local) no bairro de Besiktas, junto ao Estreito de Bósforo, com cartazes com lemas feministas e contra a violência. 
As organizações feministas convocaram protestos, nesta quinta-feira, em 14 cidades da Turquia, todos em desafio às normas do estado de emergência, em vigor desde 2016 e que proíbe todo tipo de marchas e manifestações.
O grupo denunciou que 409 mulheres foram assassinadas por homens durante 2017, enquanto que, apenas em fevereiro, já foram registradas 47 mortes violentas. 
O manifesto lido em Besiktas denunciou que muitos assassinos recebem redução de sentença por "boa conduta" durante o julgamento e lamentou o fato de o governo fazer críticas à lei sobre a violência machista, aprovada em 2012. 

Em vários países latino-americanos, como Brasil, Argentina, Guatemala e Uruguai, ocorreram manifestações contra a violência machista. 
Na região, vários casos de assassinatos brutais fizeram com que milhares de mulheres saíssem às ruas nos últimos meses, marcando uma nova consciência, especialmente graças as redes sociais.

Espanha
Espanha - A  mobilização das mulheres na Espanha repercutiu no mundo todo. Calculam 5 milhões de mulheres, em uma jornada em que todos os participantes qualificaram como histórica, o movimento feminista obteve uma mobilização sem precedente, com centenas de concentrações em todo o país, uma greve geral, paralisações parciais com mais de cinco milhões de trabalhadores e manifestações maciças.
No final da tarde, grandes protestos tomaram o centro das principais cidades do país. “Paramos para mudar o mundo”, ouviu-se em Barcelona, durante uma passeata que reuniu mais de 200.000 pessoas, segundo a polícia. 
Um número similar se reuniu na capital, Madri, onde o protesto teve o apoio dos principais partidos políticos, exceto o Partido Popular (centro-direita) no Governo. 
“Não estamos sozinhas, faltam às assassinadas”, dizia um dos cartazes da manifestação de Sevilha, em que participaram 120.000 pessoas. 
Também foram convocadas manifestações em mais de 40 cidades da Espanha, entre elas Barcelona, Alicante, Valencia, Granada e Bilbao.

São Paulo 
Brasil - O protesto maior juntou milhares de pessoas na Avenida Paulista de São Paulo sob slogans como “Mulheres sem medo de lutar”. Com palavras de ordem e faixas não só contra o machismo e o feminicidio, mas também contra o Governo Temer e a falida reforma da Previdência. “Temer sai, aposentadoria fica”, diziam várias das faixas dos manifestantes. 

No Rio, uma forte chuva não impediu o protesto no centro da cidade, também com críticas ao Governo Temer. A policia da capital fluminense aproveitou o 8 de março para deflagrar a Operação Alvorada Feminina, na que foram presos, segundo o jornal O Globo, 39 suspeitos de atos de violência contra a mulher. 

Belo Horizonte/MG
Em Belo Horizonte, várias manifestações ocorreram. A porta da  Assembleia Legislativa de Minas Gerais foi palco da Assembleia estadual pelo SIND UTE, com indicativo imediato de greve. As manifestações ocorreram em várias praças da região central de BH, saíram em caminhada sentido Praça Sete no centro da cidade, reunindo assim milhares de mulheres. 
BH/MG
A manifestação de Porto Alegre incluiu  intervenção onde várias militantes deitaram na rua para denunciar os 13 assassinatos de mulheres que ocorrem em média a cada dia no Brasil. 


Brasília

Em Brasilia estima que cerca de 5 mil pessoas, maioria mulheres, participou do ato, organizado por mais de 60 entidades ligadas à luta feminina. 

Argentina- A luta feminista se transformou em um assunto-chave na Argentina. E por isso o país foi palco da maior mobilização pelo Dia da Mulher na América Latina, com manifestações muito importantes, especialmente em Buenos Aires, onde milhares de mulheres de todas as idades, mas principalmente jovens e adolescentes, pararam o centro da cidade. 
A reivindicação por igualdade entre homens e mulheres dominou por completo a jornada.  
A ex-presidente e referência da oposição Cristina Kirchner destacou a “grande mudança cultural” que está acontecendo em um país tradicionalmente machista. 
Até no mundo do futebol, em principio tão alheio à luta feminista, alguns dirigentes, jogadores e treinadores protagonizaram um vídeo defendendo a igualdade e destacando dados especialmente duros da realidade do machismo argentino, em especial o fato de que, apesar da luta, ainda em 2018 a cada 30 horas uma mulher é morta por seu companheiro.

Venezuela - Na praça Brión de Chacaíto em Caracas, as organizações de mulheres integradas na chamada Rede Laranja denunciaram a situação de seus direitos em meio à grave crise política, econômica e social que vive a Venezuela. 
O ato defendeu as mães e esposas dos detentos políticos, os mortos em protestos e as mulheres que também estão na prisão e que foram vítimas da repressão do Governo. 
“Em um país que está indo para trás, os direitos das mulheres só podem deteriorar-se”, aponta a psicóloga social e criminologista Magaly Huggins, membro do Observatório de Direitos Humanos das Mulheres.

México- mulheres de todas as idades  estudantes, sindicalistas, ativistas, empregadas domésticas e até aposentadas participou da  passeata feminista na Cidade do México “Não queremos flores, queremos direitos”, como principais reivindicações o fim da disparidade salarial — apesar de 53,4% das pessoas com títulos universitários serem mulheres, os homens ganham quase 17% a mais — e da violência de gênero. 
As mexicanas exigem ser livres e não corajosas em país onde usar o transporte público é tarefa de risco e diariamente ocorrem sete assassinatos de mulheres, dois deles pelo fato de ser mulher. Só em 2016 foram registrados 2.746 feminicídios no país, segundo a ONU Mulheres.

Estados Unidos - A comemoração do Dia Internacional da Mulher ocorreram  com objetivo para que mais mulheres se candidatem a cargos públicos nas eleições de novembro,  impulso adquirido pelo movimento feminista nos últimos meses.  O coletivo de mulheres ativistas e intelectuais, lideradas  por nomes como Angela Davis, Nancy Fraser e Rosa Clemente, publicaram um manifesto sobre a paralisação.  
Algumas das passeatas aconteceram em Nova York, San Francisco e Atlanta. Washington, muitas escolheram ir trabalhar, mas usando roupas vermelhas em apoio ao movimento.  
Alexandria, na Virgínia, A chamada à greve no trabalho e em casa teve grande aderência tanto que a cidade foi forçada, por exemplo, a fechar todas as suas escolas.

França - As mobilizações na França estavam programadas a uma hora exata: as 15h40. Essa é a hora em que, segundo os cálculos das organizações realizadoras, as mulheres deixam de receber durante a jornada de trabalho, de acordo com as cifras sobre a diferença salarial entre homens e mulheres. 
Se a jornada começa às 9h e terminar às 17h, as mulheres trabalhariam grátis a última hora e meia da jornada. Às 15h40, em diferentes pontos do país, foi convocado um afastamento do trabalho e várias manifestações. 
A sessão parlamentar da Assembleia Nacional parou por alguns minutos e em Prefeituras e órgão públicos chefes e funcionários fizeram concentrações.

Paris- A concentração foi na praça da República. 
Na noite anterior, a Torre Eiffel foi iluminada com o lema ‘Agora agimos’. “A luta pelos direitos das mulheres é todos os dias”.  
A Aliança das Mulheres para a Democracia e as Edições para Mulheres lançaram um apelo para dedicar o Oito de Março à romancista turca Asli Erdogan, que enfrenta uma sentença de prisão perpétua. Proibida de sair do país enquanto aguarda a terceira audiência de seu julgamento por pertencer a uma “organização terrorista” por causa de seus escritos em um jornal pró-curdo, a romancista completou 50 anos nesta quarta-feira.

Roma - Nas ruas ramos e guirlandas de mimosa triunfaram em frente ao palácio presidencial: estes botões amarelos foram escolhidos pelas mulheres italianas em 1946 como um símbolo do dia 8 de março.

Australiana de Melbourne- As manifestantes escolheram substituir os bonecos de neve tradicionais em dez semáforos por personagens femininas.

Daca - Sobreviventes de ataques com ácido desfilaram numa passarela durante um desfile de moda, numa iniciativa para denunciar a discriminação enfrentada pelas vítimas dessas agressões nesta sociedade conservadora.
Conferências, cursos, iniciativas para empoderar as mulheres no ramo tecnológico, leituras de declarações públicas de algumas organizações são alguns dos eventos que aconteceram nos países africanos.

Conferências, cursos, iniciativas para empoderar as mulheres no ramo tecnológico, leituras de declarações públicas de algumas organizações são alguns dos eventos que aconteceram nos países africanos.

Nairóbi - (Quênia) vários  atos ocorreram: A conferência organizada pela Unesco para empoderar as mulheres através do uso de Tecnologias da Informação e o lançamento de um movimento internacional contra a mutilação genital no Senegal, que revelou que mais de 200 milhões de mulheres em toda África sofreram com esta prática.
A organização Big Sisters lembrou também que 6 mil meninas são mutiladas a cada dia no mundo e que 30 milhões estão expostas à prática - segundo dados do Unicef. A organização exigiu a adoção de leis para proibir tais práticas em todos os países africanos antes do ano 2020.

Nigéria- um novo sequestro do Boko Haram de 110 meninas de um instituto de ensino médio de Dapchi, ao nordeste do país, ganhou atenção.

Angola - As mulheres angolanas, reuniram milhares de outras mulheres em diversas atividades transformando a data em uma  jornada de reflexões. 
Na província de Benguela:  no um grande encontro com o lema “Mulheres unidas rumo ao empoderamento”,  reúne  mulheres provenientes dos 10 municípios na semana do dia Internacional das mulhreres. 
Na província do Cunene: As jornadas do 56º aniversário da Organização da Mulher Angolana (OMA) transcorreram até 31 de março, englobam palestras, encontros comunitários, missa em memória das militantes falecidas, campanhas de limpeza, de sensibilização contra o analfabetismo e sinistralidade rodoviária, visita à maternidade, entre outras atividades.

Guiné-Bissau- Centenas de jovens guineenses pedem ao parlamento criminalização do assédio sexual. 
As mulheres na Guiné-Bissau representam cerca de 50% dos 1,7 milhões de habitantes.
A presidente da Rede Nacional de Jovens Mulheres Líderes da Guiné-Bissau discursou  na marcha de mulheres, que decorreu em Bissau para assinalar o Dia Internacional da Mulher.

As manifestações se intensificam na medida que as mulheres tem menos direitos garantidos .

Índia - Centenas de mulheres indianas saíram às ruas no Dia Internacional da Mulher para pedir igualdade de direitos e o fim das agressões sexuais, um problema muitas vezes silenciado no país por razões culturais ou de estigma social. 
Cerca de 2 mil manifestantes formaram uma rede humana ao redor da região central de Connaught Agrada, em Nova Délhi, convocadas pelo movimento Rape Roko, uma iniciativa lançada pela Comissão para a Mulher de Delhi (DCW) em janeiro para conscientizar sobre este tipo de crimes. 
No local, mulheres de diferentes idades e condições sociais gritaram palavras de ordem contra a desigualdade e os ataques sexuais ao coletivo feminino. Os cartazes exibiam mensagens como “O meu corpo não é um espaço público” e "Não me digas como me vestir, aprenda a não abusar".
 Segundo números da Agência Nacional de Registro de Crimes da Índia, em 2016 ocorreram no país 38.947 estupros (2.167 deles em grupo), dos quais só em Nova Délhi foram denunciados 4.935 (1.996 coletivos).

China - A celebração do Dia da Mulher uma jornada com um tom eminentemente comercial em que as organizações oficiais como a Federação de Mulheres de Toda a China defenderam os avanços da mulher na sociedade durante os últimos anos, mas esqueceram que sua representação na alta cúpula do Partido Comunista ou nos conselhos administrativos das empresas é irrisória. 
Alguns movimentos contra o assédio sexual no mundo acadêmico, alentados pelo #MeToo norte-americano, foram tolerados nos últimos meses, mas levados à mínima expressão pela censura das autoridades. Houve passeatas em Hong Kong e Taiwan para pedir igualdade salarial e o fim do assédio sexual.

Coreia do Sul-  Centenas de sul-coreanas realizaram uma passeata pelo centro de Seul aos gritos de "Me Too" (Eu também, em inglês) em referência à campanha que começou em Hollywood e vive o auge no país, onde o número de vítimas que denunciaram abusos sexuais disparou desde janeiro. 
No protesto, que tomou a praça de Gwanghwamun, também foram exibidos cartazes a favor do movimento chamado "With You" (Com você, em inglês), que surgiu na Coreia do Sul ao calor do "Me too". 
Números do Ministério de Igualdade de Gênero e Família da Coreia do Sul de 2016 mostram que 80% das cidadãs já sofreram assédio sexual no trabalho, mas que apenas 10% das afetadas denunciam por medo de represálias ou pela sensação de que nada mudaria.

Paquistão - Centenas de mulheres protestaram em diversas cidades paquistanesas para
Mulheres marcham com cartazes em que
 se lê "Parem de matar mulheres" 
reivindicar direitos e pedir "independência" dos homens, embora a baixa assistência em algumas das manifestações tenha evidenciado a falta de empurrão do movimento feminista no país. "O que quer uma mulher? Independência", gritavam 200 mulheres em Islamabad, de adolescentes a idosas, junto a outros slogans como "liberdade" e "os assassinatos por honra são inaceitáveis", em referência aos homicídios cometidos por parentes por uma suposta afronta moral que tiram a vida de aproximadamente 500 mulheres ao ano no país. 
Representantes de diferentes partidos e organizações, as participantes realizaram uma pequena passeata na capital, com bandeiras e a presença de alguns homens que as apoiavam. 
No país muçulmano e conservador, as mulheres sofrem uma forte discriminação no ambiente de trabalho, onde sua participação é de 22%. 
Um recente relatório da Organização Internacional do Trabalho revelou que o Paquistão está entre os países que oferecem menos oportunidades de trabalho às mulheres e oportunidades de participação econômica, junto com Arábia Saudita, Iêmen, Irã e Síria.

Moscou- Um grupo de feministas foi detido depois de protestar em frente ao Kremlin para exigir mais direitos para as mulheres na Rússia, onde o Dia Internacional da Mulher está mais associado à feminilidade do que à luta pela igualdade de gêneros. Também é costume oferecer flores para as mães, esposas, amigas e colegas.
 “O feminismo é a nossa ideia nacional”, declarava uma faixa segurada por duas militantes que subiram na varanda de uma das torres do Kremlin.

Kiev - Cerca de 1.000 pessoas também marcharam pedindo um retorno às origens feministas do dia das mulheres, que permanece, desde os tempos soviéticos, sendo uma das principais comemorações na maioria das ex-repúblicas soviéticas.

Mulheres participam de manifestação para celebrar o
Dia Internacional da Mulher em Melbourne (Austrália)

Centenas de mulheres participam em uma corrida para
celebrar o Dia da Mulher em Minsk (Bielorrússia).











Com informação de Marc Bassets (Paris), Carlos E. Cué (Buenos Aires), Jacobo García (Cidade do México), Xavier Fontdeglòria (Pequim) e Sandro Pozzi(Nova York).  EFE/huffpostbrasil/EBC/UOL/Elpais/ Fotos: Internet/ Elpais

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