por Mônica Aguiar
As mulheres conseguiram marcar de forma global, nesta quinta(08), com centenas de manifestações o Dia Internacional de luta das Mulheres.
A mobilização especialmente relevante foi na Espanha, onde
milhões de mulheres aderiram a uma greve geral, em protesto histórico, sem
precedente no país e em todo mundo.
Na América Latina, a Argentina foi, mais
uma vez, o país com a maior mobilização.
No Brasil, apesar da chuva, houve manifestações nas 27 capitais, com grandes
mobilizações.
Houve manifestações
importantes na Turquia e, no Iraque, 300 mulheres correram pelas ruas
de Mossul na primeira maratona celebrada na cidade libertada do Estado
Islâmico há oito meses.
Na Arábia Saudita, um grupo de mulheres saiu
correndo pelas ruas, uma das liberdades adquiridas com a política de abertura
do novo príncipe herdeiro, Mohamed Bin Salman.
Centenas marcharam em Cabul,
capital do Afeganistão, algo impensável sob o regime talibã. Neste 8 de março, o mundo parou para
enxergá-las e ouvi-las. E esse é um caminho sem volta.
Turquia- A
violência contra as mulheres e o abuso
sexual foram o foco de uma manifestação convocada por feministas em Istambul, a
maior cidade da Turquia, desafiando as proibições impostas pelo estado de
emergência em vigor.
Cerca de 50 mulheres compareceram à manifestação ao
meio-dia (horário local) no bairro de Besiktas, junto ao Estreito de Bósforo,
com cartazes com lemas feministas e contra a violência.
As organizações
feministas convocaram protestos, nesta quinta-feira, em 14 cidades da Turquia,
todos em desafio às normas do estado de emergência, em vigor desde 2016 e que
proíbe todo tipo de marchas e manifestações.
O grupo denunciou que 409 mulheres
foram assassinadas por homens durante 2017, enquanto que, apenas em fevereiro,
já foram registradas 47 mortes violentas.
O manifesto lido em Besiktas
denunciou que muitos assassinos recebem redução de sentença por "boa conduta" durante o julgamento
e lamentou o fato de o governo fazer críticas à lei sobre a violência machista,
aprovada em 2012.
Em
vários países latino-americanos, como Brasil, Argentina, Guatemala e Uruguai,
ocorreram manifestações contra a violência machista.
Na região, vários casos de
assassinatos brutais fizeram com que milhares de mulheres saíssem às ruas nos
últimos meses, marcando uma nova consciência, especialmente graças as redes
sociais.
Espanha |
Espanha - A mobilização das mulheres na Espanha repercutiu
no mundo todo. Calculam 5 milhões de mulheres, em uma jornada em que todos os
participantes qualificaram como histórica, o movimento feminista obteve uma
mobilização sem precedente, com centenas de concentrações em todo o país, uma
greve geral, paralisações parciais com mais de cinco milhões de trabalhadores e
manifestações maciças.
No final da tarde, grandes protestos tomaram o centro
das principais cidades do país. “Paramos para mudar o mundo”, ouviu-se em
Barcelona, durante uma passeata que reuniu mais de 200.000 pessoas, segundo a
polícia.
Um número similar se reuniu na capital, Madri, onde o protesto teve o
apoio dos principais partidos políticos, exceto o Partido Popular
(centro-direita) no Governo.
“Não estamos sozinhas, faltam às assassinadas”,
dizia um dos cartazes da manifestação de Sevilha, em que participaram 120.000
pessoas.
Também foram convocadas manifestações em mais de
40 cidades da Espanha, entre elas Barcelona, Alicante, Valencia, Granada e
Bilbao.
São Paulo |
Brasil - O
protesto maior juntou milhares de pessoas na Avenida Paulista de São Paulo sob
slogans como “Mulheres sem medo de lutar”. Com palavras de ordem e faixas não
só contra o machismo e o feminicidio, mas também contra o Governo Temer e
a falida reforma da Previdência. “Temer sai, aposentadoria fica”, diziam várias
das faixas dos manifestantes.
No Rio, uma forte chuva não impediu o protesto no
centro da cidade, também com críticas ao Governo Temer. A policia da capital
fluminense aproveitou o 8 de março para deflagrar a Operação Alvorada Feminina,
na que foram presos, segundo o jornal O Globo, 39 suspeitos de atos
de violência contra a mulher.
Belo Horizonte/MG |
Em Belo Horizonte, várias manifestações ocorreram. A porta da Assembleia Legislativa de Minas Gerais foi palco da Assembleia estadual pelo SIND UTE, com indicativo imediato de greve. As manifestações ocorreram em várias praças da região central de BH, saíram
em caminhada sentido Praça Sete no centro da cidade, reunindo assim milhares de
mulheres.
BH/MG |
A manifestação de Porto Alegre incluiu intervenção onde várias militantes deitaram na
rua para denunciar os 13 assassinatos de mulheres que ocorrem em média a cada
dia no Brasil.
Brasília |
Em Brasilia estima que cerca de 5 mil pessoas, maioria mulheres, participou do ato, organizado por mais de 60 entidades ligadas à luta feminina.
Argentina- A luta
feminista se transformou em um assunto-chave na Argentina. E por isso o país
foi palco da maior mobilização pelo Dia da Mulher na América Latina, com
manifestações muito importantes, especialmente em Buenos Aires, onde milhares
de mulheres de todas as idades, mas principalmente jovens e adolescentes,
pararam o centro da cidade.
A reivindicação por igualdade entre homens e
mulheres dominou por completo a jornada.
A ex-presidente e referência da oposição
Cristina Kirchner destacou a “grande mudança cultural” que está acontecendo em
um país tradicionalmente machista.
Até no mundo do futebol, em principio tão
alheio à luta feminista, alguns dirigentes, jogadores e treinadores
protagonizaram um vídeo defendendo a igualdade e destacando dados especialmente
duros da realidade do machismo argentino, em especial o fato de que, apesar da
luta, ainda em 2018 a cada 30 horas uma mulher é morta por seu companheiro.
Venezuela - Na
praça Brión de Chacaíto em Caracas, as organizações de mulheres integradas na
chamada Rede Laranja denunciaram a situação de seus direitos em meio à grave
crise política, econômica e social que vive a Venezuela.
O ato defendeu as
mães e esposas dos detentos políticos, os mortos em protestos e as mulheres que
também estão na prisão e que foram vítimas da repressão do Governo.
“Em um país que está indo para trás, os
direitos das mulheres só podem deteriorar-se”, aponta a psicóloga social e
criminologista Magaly Huggins, membro do Observatório de Direitos Humanos das
Mulheres.
México- mulheres de todas as idades estudantes, sindicalistas, ativistas,
empregadas domésticas e até aposentadas participou da passeata feminista na Cidade do México “Não
queremos flores, queremos direitos”, como principais reivindicações o fim da
disparidade salarial — apesar de 53,4% das pessoas com títulos
universitários serem mulheres, os homens ganham quase 17% a mais — e da
violência de gênero.
As mexicanas exigem ser livres e não corajosas em país
onde usar o transporte público é tarefa de risco e diariamente ocorrem sete
assassinatos de mulheres, dois deles pelo fato de ser mulher. Só em 2016 foram
registrados 2.746 feminicídios no país, segundo a ONU Mulheres.
Estados Unidos - A
comemoração do Dia Internacional da Mulher ocorreram com objetivo para que mais mulheres se
candidatem a cargos públicos nas eleições de novembro, impulso adquirido pelo movimento feminista nos
últimos meses. O coletivo de mulheres
ativistas e intelectuais, lideradas por
nomes como Angela Davis, Nancy Fraser e Rosa Clemente, publicaram um manifesto
sobre a paralisação.
Algumas das passeatas aconteceram em Nova York, San
Francisco e Atlanta. Washington, muitas escolheram ir trabalhar, mas usando
roupas vermelhas em apoio ao movimento.
Alexandria, na Virgínia, A chamada à greve
no trabalho e em casa teve grande aderência tanto que a cidade foi forçada, por
exemplo, a fechar todas as suas escolas.
França - As
mobilizações na França estavam programadas a uma hora exata: as 15h40. Essa é a
hora em que, segundo os cálculos das organizações realizadoras, as mulheres
deixam de receber durante a jornada de trabalho, de acordo com as cifras sobre
a diferença salarial entre homens e mulheres.
Se a jornada começa às 9h e
terminar às 17h, as mulheres trabalhariam grátis a última hora e meia da
jornada. Às 15h40, em diferentes pontos do país, foi convocado um afastamento
do trabalho e várias manifestações.
A sessão parlamentar da Assembleia Nacional
parou por alguns minutos e em Prefeituras e órgão públicos chefes e
funcionários fizeram concentrações.
Paris- A concentração foi na praça da República.
Na
noite anterior, a Torre Eiffel foi iluminada com o lema ‘Agora agimos’. “A luta
pelos direitos das mulheres é todos os dias”.
A Aliança das Mulheres para a Democracia e as
Edições para Mulheres lançaram um apelo para dedicar o Oito de Março à
romancista turca Asli Erdogan, que enfrenta uma sentença de prisão perpétua. Proibida de sair do país enquanto aguarda a terceira audiência de seu
julgamento por pertencer a uma “organização terrorista” por causa de seus
escritos em um jornal pró-curdo, a romancista completou 50 anos nesta
quarta-feira.
Roma - Nas ruas ramos e guirlandas de mimosa triunfaram em
frente ao palácio presidencial: estes botões amarelos foram escolhidos pelas
mulheres italianas em 1946 como um símbolo do dia 8 de março.
Australiana de Melbourne- As manifestantes escolheram substituir os bonecos de neve tradicionais
em dez semáforos por personagens femininas.
Daca - Sobreviventes de ataques com ácido desfilaram numa
passarela durante um desfile de moda, numa iniciativa para denunciar a
discriminação enfrentada pelas vítimas dessas agressões nesta sociedade
conservadora.
Conferências, cursos,
iniciativas para empoderar as mulheres no ramo tecnológico, leituras de
declarações públicas de algumas organizações são alguns dos eventos que
aconteceram nos países africanos.
Conferências, cursos, iniciativas para empoderar as mulheres no ramo tecnológico, leituras de declarações públicas de algumas organizações são alguns dos eventos que aconteceram nos países africanos.
Nairóbi
-
(Quênia) vários atos ocorreram: A
conferência organizada pela Unesco para empoderar as mulheres através do uso de
Tecnologias da Informação e o lançamento de um movimento internacional contra a
mutilação genital no Senegal, que revelou que mais de 200 milhões de mulheres
em toda África sofreram com esta prática.
A organização Big Sisters lembrou
também que 6 mil meninas são mutiladas a cada dia no mundo e que 30 milhões
estão expostas à prática - segundo dados do Unicef. A organização exigiu a
adoção de leis para proibir tais práticas em todos os países africanos antes do
ano 2020.
Nigéria- um
novo sequestro do Boko Haram de 110 meninas de um instituto de ensino médio de
Dapchi, ao nordeste do país, ganhou atenção.
Angola
-
As mulheres angolanas, reuniram milhares de outras mulheres em diversas
atividades transformando a data em uma jornada de reflexões.
Na província
de Benguela: no um grande encontro com o lema “Mulheres
unidas rumo ao empoderamento”, reúne mulheres provenientes dos
10 municípios na semana do dia Internacional das mulhreres.
Na província do
Cunene: As jornadas do 56º aniversário da Organização da Mulher Angolana (OMA)
transcorreram até 31 de março, englobam palestras, encontros comunitários,
missa em memória das militantes falecidas, campanhas de limpeza, de
sensibilização contra o analfabetismo e sinistralidade rodoviária, visita à
maternidade, entre outras atividades.
Guiné-Bissau- Centenas de jovens guineenses pedem ao parlamento criminalização
do assédio sexual.
As mulheres na Guiné-Bissau representam cerca de 50% dos 1,7
milhões de habitantes.
A presidente da Rede Nacional de Jovens Mulheres Líderes
da Guiné-Bissau discursou na marcha de
mulheres, que decorreu em Bissau para assinalar o Dia Internacional da Mulher.
As manifestações se intensificam na medida que as mulheres tem menos direitos garantidos .
Índia - Centenas de mulheres indianas saíram às ruas no Dia Internacional da Mulher para pedir
igualdade de direitos e o fim das agressões sexuais, um problema muitas vezes
silenciado no país por razões culturais ou de estigma social.
Cerca de 2 mil
manifestantes formaram uma rede humana ao redor da região central de Connaught
Agrada, em Nova Délhi, convocadas pelo movimento Rape Roko, uma iniciativa
lançada pela Comissão para a Mulher de Delhi (DCW) em janeiro para
conscientizar sobre este tipo de crimes.
No local, mulheres de diferentes
idades e condições sociais gritaram palavras de ordem contra a desigualdade e
os ataques sexuais ao coletivo feminino. Os cartazes exibiam mensagens como “O
meu corpo não é um espaço público” e "Não me digas como me vestir, aprenda
a não abusar".
Segundo números da Agência Nacional de Registro de
Crimes da Índia, em 2016 ocorreram no país 38.947 estupros (2.167 deles em
grupo), dos quais só em Nova Délhi foram denunciados 4.935 (1.996 coletivos).
China - A
celebração do Dia da Mulher uma jornada com um tom eminentemente comercial em
que as organizações oficiais como a Federação de Mulheres de Toda a China
defenderam os avanços da mulher na sociedade durante os últimos anos, mas
esqueceram que sua representação na alta cúpula do Partido Comunista ou nos
conselhos administrativos das empresas é irrisória.
Alguns movimentos contra o
assédio sexual no mundo acadêmico, alentados pelo #MeToo norte-americano, foram
tolerados nos últimos meses, mas levados à mínima expressão pela censura das
autoridades. Houve passeatas em Hong Kong e Taiwan para pedir igualdade
salarial e o fim do assédio sexual.
Coreia do Sul- Centenas
de sul-coreanas realizaram uma passeata pelo centro de Seul aos gritos de
"Me Too" (Eu também, em inglês) em referência à campanha que começou
em Hollywood e vive o auge no país, onde o número de vítimas que denunciaram
abusos sexuais disparou desde janeiro.
No protesto, que tomou a praça de
Gwanghwamun, também foram exibidos cartazes a favor do movimento chamado
"With You" (Com você, em inglês), que surgiu na Coreia do Sul ao
calor do "Me too".
Números do Ministério de Igualdade de Gênero e
Família da Coreia do Sul de 2016 mostram que 80% das cidadãs já sofreram
assédio sexual no trabalho, mas que apenas 10% das afetadas denunciam por medo
de represálias ou pela sensação de que nada mudaria.
Paquistão - Centenas
de mulheres protestaram em diversas cidades paquistanesas para
reivindicar direitos
e pedir "independência" dos homens, embora a baixa assistência em
algumas das manifestações tenha evidenciado a falta de empurrão do movimento
feminista no país. "O que quer uma mulher? Independência", gritavam
200 mulheres em Islamabad, de adolescentes a idosas, junto a outros slogans
como "liberdade" e "os assassinatos por honra são
inaceitáveis", em referência aos homicídios cometidos por parentes por uma
suposta afronta moral que tiram a vida de aproximadamente 500 mulheres ao ano
no país.
Mulheres marcham com cartazes em que se lê "Parem de matar mulheres" |
Representantes de diferentes partidos e organizações, as participantes
realizaram uma pequena passeata na capital, com bandeiras e a presença de
alguns homens que as apoiavam.
No país muçulmano e conservador, as mulheres
sofrem uma forte discriminação no ambiente de trabalho, onde sua participação é
de 22%.
Um recente relatório da Organização Internacional do Trabalho revelou
que o Paquistão está entre os países que oferecem menos oportunidades de
trabalho às mulheres e oportunidades de participação econômica, junto com
Arábia Saudita, Iêmen, Irã e Síria.
Moscou- Um
grupo de feministas foi detido depois de protestar em frente ao Kremlin para
exigir mais direitos para as mulheres na Rússia, onde o Dia
Internacional da Mulher está mais associado à feminilidade do que à
luta pela igualdade de gêneros. Também é costume oferecer flores para as mães,
esposas, amigas e colegas.
“O feminismo é a nossa ideia nacional”,
declarava uma faixa segurada por duas militantes que subiram na varanda de uma
das torres do Kremlin.
Kiev - Cerca de 1.000 pessoas também marcharam pedindo um retorno
às origens feministas do dia das mulheres, que permanece, desde os tempos
soviéticos, sendo uma das principais comemorações na maioria das ex-repúblicas
soviéticas.
Mulheres participam de manifestação para celebrar o Dia Internacional da Mulher em Melbourne (Austrália) |
Centenas de mulheres participam em uma corrida para celebrar o Dia da Mulher em Minsk (Bielorrússia). |
Com informação de Marc Bassets (Paris), Carlos E. Cué (Buenos Aires), Jacobo García (Cidade do México), Xavier Fontdeglòria (Pequim) e Sandro Pozzi(Nova York). EFE/huffpostbrasil/EBC/UOL/Elpais/ Fotos: Internet/ Elpais
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