Ativistas que combatem o preconceito racial chamaram de "absurdo" texto publicado ontem no site de uma maternidade com dicas para mães que querem alisar os cabelos crespos da filhas. A postagem foi apagada após críticas nas redes sociais.
Por causa da polêmica, o hospital Santa Joana, localizado no Paraíso, zona sul de São Paulo, retirou a mensagem do ar no fim da tarde e declarou, em nota, que não "foi sua intenção ofender qualquer pessoa". O texto, com o título "Minha filha tem o cabelo muito crespo. A partir de qual idade posso alisá-lo?", tinha a foto de uma menina negra e estava em um espaço com orientações para os pais.
Um dos trechos afirmava que "algumas mães recorrem a essas alternativas [técnicas de alisamento] para deixarem as crianças mais bonitas". O blog alertava para riscos de produtos químicos e afirmava que "o formol não pode ser usado de jeito nenhum".
Para Douglas Belchior, 34, coordenador da ONG UNEafro, de combate à discriminação dos negros, a publicação "ajuda a alimentar a exigência de uma beleza que não é a brasileira".
Segundo a maternidade, "a maioria dos assuntos publicados surgem de dúvidas e questionamentos recebidos". O conteúdo é escrito por uma empresa terceirizada.
"O hospital perdeu a oportunidade de usar essa pergunta para esclarecer, e não para reafirmar preconceitos", disse Luciete Silva, 40, coordenadora do movimento negro Círculo Palmarino.
Reprodução/Hmsj.com.br/blog
Site do Hospital e Maternidade Santa Joana dá dicas de como alisar o cabelo de crianças
Na opinião dela, o blog poderia ensinar às mães como pentear os cabelos sem machucar a cabeça da criança e como cuidar dos fios.
Segundo a ativista --que tem os cabelos crespos, "com muito orgulho"--, é "surpreendente e doentia" a preocupação de um pai ou mãe em modificar as características físicas da filha pequena.
A maternidade também informou na nota que o texto era "puramente informativo", para "orientar as mães no que diz respeito à utilização de produtos químicos em crianças, de acordo com as normas da Anvisa".
Após a repercussão, as referências ao texto também foram excluídas dos perfis da instituição em redes sociais.
Para Douglas Belchior, 34, coordenador da ONG UNEafro, de combate à discriminação dos negros, a publicação "ajuda a alimentar a exigência de uma beleza que não é a brasileira".
"O hospital perdeu a oportunidade de usar essa pergunta para esclarecer, e não para reafirmar preconceitos", disse Luciete Silva, 40, coordenadora do movimento negro Círculo Palmarino.
Na opinião dela, o blog poderia ensinar às mães como pentear os cabelos sem machucar a cabeça da criança e como cuidar dos fios.
Fontes : Folha São Paulo / Agência Patricia Galvão
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