“Ela não é nem da ordem do patético nem do choramingo.
A Negritude resulta de uma atitude proativa e combativa do espírito. Ela é um despertar; despertar de dignidade.
Ela é uma rejeição; rejeição da opressão.
Ela é luta, isto é, luta contra a desigualdade.
[...] revolta contra aquilo que eu chamaria de reducionismo europeu.
[...] A Negritude foi tudo isso: busca de nossa identidade, afirmação do nosso direito à diferença, aviso dado a todos do reconhecimento desse direito e do respeito à nossa personalidade coletiva.
[...] Mas, em verdade, a questão hoje em dia não é a Negritude. A questão é o racismo; é o recrudescimento do racismo no mundo inteiro; são os focos de racismo que se reacendem aqui e acolá. [...] Esta é a questão. É isso que deve nos preocupar.
[...] Para nós a escolha está feita.
Nós somos daqueles que se recusam a esquecer.
Nós somos daqueles que recusam a amnésia mesmo que seja como uma saída.
[...] Nós somos simplesmente do partido da dignidade e do partido da fidelidade. Eu diria, então: semear, sim; arrancar, não.”
Aimé Césaire, 1987.
A Negritude situa-se no terreno de um movimento de idéias e práticas que, assumindo a noção de raça, para desmitificá-la, visa derrotar o racismo. A Negritude é a exigência ontológica do Ser-Humano que fora transformado em “negro-animal”, “negro-vegetal”, “negro-coisa”, “negro-sujeira”, “negro-fealdade”, “negro-sem-história” e, naturalmente, “negro-sem-porvir”.
Carlos Moore, 2010.
CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre a Negritude. Belo Horizonte: Nandyala Editora, 2010. (Organização: Carlos Moore)
100 ANOS - Aimé Césaire.jpg
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