Sem a participação do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleições, o índice de voto branco ou
nulo chega a 31% . Em 2014, a taxa nessa mesma época do período eleitoral era
de 16%.
O eleitorado feminino é hoje o
responsável pela maioria dos votos declarados em pesquisas de intenção de voto
para presidente da República em brancos e nulos. Segundo pesquisa do Ibope a pedido do Estado, seis
em cada dez eleitores dispostos a não votar nos pré-candidatos apresentados são
mulheres na faixa etária dos 35 aos 44 anos, desiludidas com os recorrentes
escândalos de corrupção envolvendo a classe política e preocupada com o rumo da
economia.
O mesmo predomínio feminina é observado no grupo dos
eleitores indecisos. Em ambos os casos, a participação de mulheres é superior
se comparada ao número de votos que detêm no País.
O detalhamento da última
pesquisa CNI/Ibope para presidente mostra que, enquanto elas representam 52% do
eleitorado nacional, são 58% na fatia dos que votam branco ou nulo e 55% entre
os que não se decidiram.
A indignação feminina diante da
corrupção e as incertezas relacionadas à recuperação da economia brasileira,
especialmente o alto índice de desemprego somado ao risco da inflação, explicam
o fenômeno, segundo
pesquisas qualitativas feitas pelo Ibope.
Especialistas ouvidos pelo
jornal O Estado de S. Paulo ainda apontam mais dois motivos, o sentimento de
que os atuais políticos não representam as mulheres - em 2014, elas preencheram
apenas 10% das vagas na Câmara dos Deputados - e a indefinição em torno de quem
será ou não candidato em outubro.
A vendedora Denise de Melo, 35
anos, faz parte dessa estatística. Ela diz que vai anular o voto porque não
sente empatia por qualquer dos pré-candidatos. "A gente pesquisa, pesquisa, mas não
encontra ninguém que possa nos representar com dignidade", afirma. Para
ela, o que mais influencia na sua vontade de não votar são "os casos de
corrupção que aparecem a todo momento.
O porcentual de eleitores
dispostos a anular o voto é o que mais chama a atenção. No cenário sem a
participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o índice de eleitores que declaram voto em branco ou nulo chega a 31%,
contando mulheres e homens. Em 2014, de acordo com o Ibope, a taxa nessa mesma
época do período eleitoral era de 16%.
Entre os eleitores que se dizem
indecisos, ou seja, respondem não saber em quem votar na eleição de outubro, o
porcentual se mantém em 8%.
Para a cientista política Vera
Chaia, da PUC-SP, o não voto não significa necessariamente desinteresse. "A
mulher critica, reivindica e participa mais hoje. Há muito mais cobrança,
movimentos contra assédio, a favor da equiparação de salários e isso faz com
que as mulheres tenham mais poder de decisão. Esse número de votos brancos e nulos é uma
crítica ao atual momento da política e aos candidatos que não representam isso”.
O resultado das pesquisas
qualitativas do Ibope confirma essa percepção. Segundo o instituto, as mulheres
deixam para decidir nos últimos dias da campanha, quase na véspera da eleição,
justamente porque são mais críticas, avalia a CEO do Ibope Inteligência, Márcia
Cavallari Nunes.
A cientista política Lara
Mesquita, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, considera que o início
oficial da campanha, a partir de 16 de agosto, deve marcar uma inflexão no
discurso dos pré-candidatos à Presidência - até agora sem preocupação
específica de resgatar a confiança do eleitor que declara voto nulo ou em
branco nessas eleições. "Esse discurso deve aparecer nas propagandas de
TV. Daí, será preciso falar com todos com todos os perfis de eleitor",
disse ela.
Fonte: UOL/ Folhade Londrina/ O
Estado de S. Paulo/mídeamax/.
Foto:Folha de Londrina
Um comentário:
Obg pela matéria.
Se não votamos e não nos colocamos "lá", como ficam as nossas questões?
Bjim Lina
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