quarta-feira, 18 de julho de 2018

As Mulheres são maioria entre quem pretende votar nulo ou em branco


Sem a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleições, o índice de voto branco ou nulo chega a 31% . Em 2014, a taxa nessa mesma época do período eleitoral era de 16%.

O eleitorado feminino é hoje o responsável pela maioria dos votos declarados em pesquisas de intenção de voto para presidente da República em brancos e nulos.  Segundo pesquisa do Ibope a pedido do Estado, seis em cada dez eleitores dispostos a não votar nos pré-candidatos apresentados são mulheres na faixa etária dos 35 aos 44 anos, desiludidas com os recorrentes escândalos de corrupção envolvendo a classe política e preocupada com o rumo da economia.

O mesmo  predomínio feminina é observado no grupo dos eleitores indecisos. Em ambos os casos, a participação de mulheres é superior se comparada ao número de votos que detêm no País.

O detalhamento da última pesquisa CNI/Ibope para presidente mostra que, enquanto elas representam 52% do eleitorado nacional, são 58% na fatia dos que votam branco ou nulo e 55% entre os que não se decidiram.

A indignação feminina diante da corrupção e as incertezas relacionadas à recuperação da economia brasileira, especialmente o alto índice de desemprego somado ao risco da inflação, explicam o fenômeno, segundo pesquisas qualitativas feitas pelo Ibope.

Especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo ainda apontam mais dois motivos, o sentimento de que os atuais políticos não representam as mulheres - em 2014, elas preencheram apenas 10% das vagas na Câmara dos Deputados - e a indefinição em torno de quem será ou não candidato em outubro.

A vendedora Denise de Melo, 35 anos, faz parte dessa estatística. Ela diz que vai anular o voto porque não sente empatia por qualquer dos pré-candidatos. "A gente pesquisa, pesquisa, mas não encontra ninguém que possa nos representar com dignidade", afirma. Para ela, o que mais influencia na sua vontade de não votar são "os casos de corrupção que aparecem a todo momento.

O porcentual de eleitores dispostos a anular o voto é o que mais chama a atenção. No cenário sem a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,  o índice de eleitores que  declaram voto em branco ou nulo chega a 31%, contando mulheres e homens. Em 2014, de acordo com o Ibope, a taxa nessa mesma época do período eleitoral era de 16%.

Entre os eleitores que se dizem indecisos, ou seja, respondem não saber em quem votar na eleição de outubro, o porcentual se mantém em 8%.

Para a cientista política Vera Chaia, da PUC-SP, o não voto não significa necessariamente desinteresse. "A mulher critica, reivindica e participa mais hoje. Há muito mais cobrança, movimentos contra assédio, a favor da equiparação de salários e isso faz com que as mulheres tenham mais poder de decisão. Esse número de votos brancos e nulos é uma crítica ao atual momento da política e aos candidatos que não representam isso”.

O resultado das pesquisas qualitativas do Ibope confirma essa percepção. Segundo o instituto, as mulheres deixam para decidir nos últimos dias da campanha, quase na véspera da eleição, justamente porque são mais críticas, avalia a CEO do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari Nunes.

A cientista política Lara Mesquita, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, considera que o início oficial da campanha, a partir de 16 de agosto, deve marcar uma inflexão no discurso dos pré-candidatos à Presidência - até agora sem preocupação específica de resgatar a confiança do eleitor que declara voto nulo ou em branco nessas eleições. "Esse discurso deve aparecer nas propagandas de TV. Daí, será preciso falar com todos com todos os perfis de eleitor", disse ela.

Fonte: UOL/ Folhade Londrina/ O Estado de S. Paulo/mídeamax/.
Foto:Folha de Londrina

Um comentário:

Lina Efigenia disse...

Obg pela matéria.
Se não votamos e não nos colocamos "lá", como ficam as nossas questões?
Bjim Lina

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