Mudança em edital da Ancine
beneficia cineastas mulheres, negros e trans em
projetos de longas-metragens
A Agência Nacional do Cinema
(Ancine) modificou um dos seis editais para cinema e TV anunciados no dia 12 de
março, totalizando R$ 471 milhões.
As mudanças são no edital que destina R$ 100
milhões do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) à produção de projetos de
longas-metragens independentes de ficção, documentário ou animação na
modalidade seletiva.
Após ouvir pleito de
entidades e associações do setor audiovisual e analisar o diagnóstico sobre
gênero e raça neste mercado, o Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual
aprovou, semana passada, que ao menos 35% dos valores investidos nos projetos
selecionados deverão ser dirigidos por “mulheres ou mulheres
transexuais/travestis”.
Pelo menos 10% desses valores serão reservados a
“diretores(as) negros(as) (pretos e pardos) e indígenas”.
A questão de gênero no audiovisual foi tema de uma outra pesquisa divulgada dia 29 de março, pela Ancine.
Trata-se de um estudo inédito sobre os filmes exibidos nos canais de televisão por assinatura ao longo de 2017. O levantamento foi conduzido pelo Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA).
A versão retificada do edital,
incorporando as mudanças decididas na reunião do comitê, foi publicada nesta
segunda-feira.
Os percentuais são menores do que os que contemplaram mulheres,
índios e negros nos 11 editais para filmes, séries e jogos eletrônicos lançados
em fevereiro, também com recursos do FSA, mas operados pela Secretaria do
Audiovisual (SAV).
Segundo Christian de Castro, diretor-presidente da agência, o primeiro
passo para se pensar medidas de ampliação da representatividade de mulheres,
negros e indígenas no mercado audiovisual brasileiro.
A ideia da agência é que
o instrumento ajude a diversificar a produção audiovisual nacional, criando
produtos que reflitam a realidade da maioria da população brasileira.
Quesitos. Pesquisa
feita pela agência, em 2016, mostrou que nenhuma mulher negra dirigiu um filme
no Brasil naquele ano. E homens negros dirigiram 2,1% dos 142 filmes rodados no
país em 2016, quando 75,4% dos filmes lançados foram dirigidos por homens
brancos.
Ainda de acordo com Castro,
ficou decidida também uma alteração nos pesos dos quesitos de avaliação dos
projetos na chamada modalidade B, que contempla “longas-metragens de ficção,
documentário e animação com ênfase em projetos de perfil autoral e propósitos
artísticos evidentes” com R$ 40 milhões dos R$ 100 milhões garantidos pelo
mesmo edital.
A intenção é facilitar o acesso aos recursos do fundo por parte
de produtores iniciantes. A modalidade A, que concentra os outros R$ 60
milhões, está mais focada nos projetos considerados "mais maduros" em
termos de mercado por Castro.
“Tiramos o peso para desempenho
comercial na modalidade B e redimensionamos a pontuação para capacidade gerencial
e desempenho da produtora. Com isso valorizamos o trabalho do roteirista e
aumentamos a oportunidade para que produtoras pequenas e entrantes possam
competir com isonomia”, explica ele.
Fontes: Otempo/EBC/RP10/Folha
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