quarta-feira, 4 de abril de 2018

Mudança no Edital para produção de filmes da ANCINE traz cotas de raça e gênero


Mudança em edital da Ancine beneficia cineastas mulheres, negros e trans em
 projetos de longas-metragens

A Agência Nacional do Cinema (Ancine) modificou um dos seis editais para cinema e TV anunciados no dia 12 de março, totalizando R$ 471 milhões. 
As mudanças são no edital que destina R$ 100 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) à produção de projetos de longas-metragens independentes de ficção, documentário ou animação na modalidade seletiva.

Após ouvir pleito de entidades e associações do setor audiovisual e analisar o diagnóstico sobre gênero e raça neste mercado, o Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual aprovou, semana passada, que ao menos 35% dos valores investidos nos projetos selecionados deverão ser dirigidos por “mulheres ou mulheres transexuais/travestis”. 

Pelo menos 10% desses valores serão reservados a “diretores(as) negros(as) (pretos e pardos) e indígenas”.

A questão de gênero no audiovisual foi tema de uma outra pesquisa divulgada dia 29 de março, pela Ancine. 
Trata-se de um estudo inédito sobre os filmes exibidos nos canais de televisão por assinatura ao longo de 2017.  O levantamento foi conduzido pelo Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA).

A versão retificada do edital, incorporando as mudanças decididas na reunião do comitê, foi publicada nesta segunda-feira. 
Os percentuais são menores do que os que contemplaram mulheres, índios e negros nos 11 editais para filmes, séries e jogos eletrônicos lançados em fevereiro, também com recursos do FSA, mas operados pela Secretaria do Audiovisual (SAV).

Segundo Christian de Castro, diretor-presidente da agência, o  primeiro passo para se pensar medidas de ampliação da representatividade de mulheres, negros e indígenas no mercado audiovisual brasileiro. 
A ideia da agência é que o instrumento ajude a diversificar a produção audiovisual nacional, criando produtos que reflitam a realidade da maioria da população brasileira.

Quesitos. Pesquisa feita pela agência, em 2016, mostrou que nenhuma mulher negra dirigiu um filme no Brasil naquele ano. E homens negros dirigiram 2,1% dos 142 filmes rodados no país em 2016, quando 75,4% dos filmes lançados foram dirigidos por homens brancos.

Ainda de acordo com Castro, ficou decidida também uma alteração nos pesos dos quesitos de avaliação dos projetos na chamada modalidade B, que contempla “longas-metragens de ficção, documentário e animação com ênfase em projetos de perfil autoral e propósitos artísticos evidentes” com R$ 40 milhões dos R$ 100 milhões garantidos pelo mesmo edital. 

A intenção é facilitar o acesso aos recursos do fundo por parte de produtores iniciantes. A modalidade A, que concentra os outros R$ 60 milhões, está mais focada nos projetos considerados "mais maduros" em termos de mercado por Castro.

“Tiramos o peso para desempenho comercial na modalidade B e redimensionamos a pontuação para capacidade gerencial e desempenho da produtora. Com isso valorizamos o trabalho do roteirista e aumentamos a oportunidade para que produtoras pequenas e entrantes possam competir com isonomia”, explica ele.

Fontes: Otempo/EBC/RP10/Folha

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