Para órgão federal, conteúdos discriminam crenças que têm origem africana
Diante do que considera mensagens que promovem discriminação e intolerância em relação a religiões de origem africana, o Ministério Público Federal enviou recomendação ao Google do Brasil para que retire do ar, no prazo de dez dias, 17 vídeos do YouTube. Para o MPF, o material traz "indissociável ligação do mal, do demônio com as manifestações religiosas de matriz africana. Os conteúdos disseminados na rede têm o inegável propósito de ofender, atacar e discriminar essas religiões". Os vídeos, que ontem ainda estavam no ar, exibem pastores e fiéis de crença evangélica diante de testemunhos de "ex-macumbeiros", "ex-mães de santo" e "ex-pais de santo".
Há títulos como "Bispo Macedo entrevista o ex-pai de santo que o desafiou", "Jovem ex-pai de santo manifesta um demônio na hora da reconciliação" e "Pomba gira rainha e Oxóssi Mutalambô na Igreja Universal".
Caso o site não respeite a recomendação, o MPF poderá entrar com uma ação na Justiça, com pedido de liminar, para obrigar o Google a retirar os vídeos do ar. Procurado pelo GLOBO, o Google do Brasil informou já ter conhecimento da recomendação, mas que não se manifestaria sobre o caso.
A investigação ficou a cargo da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, após uma denúncia da Associação Nacional de Mídia Afro. "Para dar vazão a pregações, seus autores e divulgadores descambam para a demonização de símbolos, ritos e liturgias de outras religiões, vinculando- as, distorcidamente, a problemas de saúde, vícios, crimes praticados, atacando frontalmente a consciência religiosa de milhões de pessoas", disse o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Jaime Mitropoulos, que assina a recomendação.
Fonte:(O Globo)
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