Grupos de mulheres sírias disseram nesta segunda-feira que querem que
o mediador internacional Lakhdar Brahimi permita que tenham um papel
nas negociações de paz que devem começar na próxima semana.
Elas disseram que as mulheres deveriam fazer parte de pelo menos 30
por cento de todas as equipes de negociação na conferência Genebra 2,
que discutirá meios para acabar com a guerra da Síria a partir de 22 de
janeiro, na Suíça.
Suas reivindicações incluem garantir que qualquer eventual
Constituição deve garantir igualdade de cidadania ao povo sírio "em toda
a sua diversidade e filiações" e garantir a igualdade de homens e
mulheres, penalizando todas as formas de discriminação e violência
contra as mulheres.
Quatro representantes do grupo de mulheres sírias vão se reunir na
terça-feira com Brahimi para discutir sobre como colocar em prática as
exigências, sendo que já fizeram uma consulta com ele, disse a
diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka.
"Sua mensagem foi de que, se estas demandas são das mulheres sírias e
são coerentes e concordam, ele irá levá-las adiante", disse a
diretora-executiva à Reuters.
As quatro mulheres foram escolhidas entre outras 47 mulheres que
elaboraram as demandas em uma reunião de três dias em Genebra, um grupo
que incluía representantes das mulheres sírias dentro e fora do país.
"Acho que podemos dizer que representamos a maioria, dentro e fora do
país", disse Sabah Alhallak, uma das quatro.
Ela disse que grupos de mulheres têm trabalhado nos princípios de uma
nova Constituição desde 2011, tendo em vista os problemas surgidos em
outras revoluções da "Primavera Árabe".
"As mulheres estavam olhando para o que aconteceu na Tunísia, no
Egito e na Líbia, e houve um monte de lições para nos preparar e ver o
que estava vindo em nossa direção."
Rafif Jouejati, uma das quatro representantes e porta-voz dos comitês
de coordenação local da Síria, disse que se Genebra 2 fracassar, grupos
de mulheres vão fazer pressão pela paz em Genebra 3, 4 ou 5. "Somos advogadas, engenheiras e professoras, somos donas de casa e
enfermeiras e outras profissionais da área médica, que são 50 por cento
da sociedade", disse ela.
"Se Genebra 2 não funcionar, vamos empurrar os homens que estão fazendo guerra para fazer a paz."
(Reportagem de Tom Miles)
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