Nações Unidas, Nova York – Em 2011, quase duas mil comunidades de toda África abandonaram a mutilação ou corte genital feminino. Assim, chegou a oito mil o número total de comunidades que renunciaram a essa prática nos últimos anos, segundo levantamento recentemente feito pelo UNFPA, Fundo de População das Nações Unidas, e UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a Infância.
“Essas constatações encorajadoras mostram que as normas sociais e as práticas culturais estão mudando, e as comunidades estão se unindo com o objetivo de proteger os direitos das meninas e das mulheres”, disse Dr. Babatunde Osotimehin, Diretor Executivo do UNFPA no Dia Internacional da Tolerância Zero com a Mutilação Genital Feminina, 6 de fevereiro.
“Fazemos um chamado à comunidade mundial para que se some a nós nesta iniciativa de importância crítica. Juntos, podemos colocar fim à mutilação ou corte genital feminino no lapso de uma geração e ajudar milhões de meninas e mulheres a ter vidas mais saudáveis e plenas e alcançar seu potencial".
O novo relatório, Key Results and Highlights 2011 (Principais resultados e destaques de 2011), foi lançado pelo Programa Conjunto UNFPA-UNICEF para acelerar o abandono da prática de mutilação ou corte genital feminino. Esta iniciativa, estabelecida em 2008, tem o propósito de colocar fim à uma prática com graves efeitos para a saúde, imediatos e a longo prazo, que viola os direitos humanos das mulheres e das meninas.
A cada ano, cerca de três milhões de meninas e mulheres – ou cerca de oito mil meninas por dia – enfrentam o risco da mutilação ou corte genital. Segundo uma estimativa, entre 130 e 140 milhões de meninas e mulheres têm sido vítimas desta prática, principalmente na África e em alguns países da Ásia e Oriente Médio.
Os novos dados indicam que, com o apoio do UNFPA e UNICEF, as ações contra a mutilação ou corte genital feminino tiveram resultados satisfatórios em 2011. Em todo o continente africano foram oferecidas mais de 18 mil sessões de educação comunitária, cerca de três mil líderes religiosos declararam publicamente que é necessário eliminar este ritual e mais de três mil artigos em jornais trataram do tema.
Como resultado, durante 2011, cerca de duas mil comunidades declararam ter abandonado a prática. Os atos que celebraram tais declarações contaram com a presença de funcionários do governo, representantes muçulmanos, líderes católicos e protestantes, líderes tradicionais de aldeias e clãs, e milhares de outras pessoas em diversos países, entre eles Burkina Faso, Djibuti, Etiópia, Gâmbia, Senegal, Quênia e Somália. O Parlamento do Quênia aprovou uma lei que proíbe a mutilação/corte genital feminino; 13 estados do Sudão comprometeram-se com iniciativas para abandonar a prática; e no Egito mais de 3,6 mil famílias com meninas se expressaram contra tal prática. Além disso, os líderes religiosos da Mauritânia, Senegal, Mali, Guiné, Guiné-Bissau, Gâmbia e Egito promulgaram uma fatwa (pronunciamento legal) contra a mutilação genital na África Ocidental.
O Programa Conjunto UNFPA-UNICEF contra a Mutilação ou Corte Genital Feminino estimula a mudança usando uma abordagem com sensibilidade cultural e enfoque nos direitos humanos, que promove o abandono coletivo desta prática. O Programa abrange a participação de todos os grupos comunitários, entre eles líderes tradicionais e religiosos, mulheres, homens e as próprias meninas em si, para discutir os danos causados pela prática e destacar que esta não é um requisito religioso. O Programa também apoia leis e políticas contra a prática.
Foto: ex-modelo Warris Dirie nasceu na Somália - Estadão
Fonte: UNFPA
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