quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Estudo revela que Brasil não atinge o pleno emprego

Estudo do Ipea diz ainda que é preciso investir em pesquisas mensais sobre mercado de trabalho
Na quinta-feira, 16, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresentou em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro o Comunicado nº 135, Considerações sobre o pleno emprego no Brasil, que investiga a dinâmica do mercado de trabalho no Brasil para verificar se a economia brasileira encontra-se atualmente em pleno emprego.
O comunicado destacou principalmente as especificidades de uma economia marcada por uma heterogeneidade produtiva, situação peculiar que difere dos países desenvolvidos, nos quais o mercado de trabalho é mais homogêneo. No Brasil há elevado contingente de pessoas que alterna inserção com inatividade no mercado de trabalho.
O trabalho trouxe ainda considerações sobre as diferenças regionais no mercado de trabalho e ainda fatos novos que têm afetado esses movimentos de atividade e inatividade, assim como a participação expressiva do emprego doméstico e o crescimento do número de empregos com salário baixo, principalmente na construção civil.
Uma equipe de especialistas apresentou o Comunicado. O coordenador do Grupo de Análise e Previsões (GAP) do Ipea, Roberto Messenberg, acha que é preciso investir. “O pleno emprego é uma construção social. O mercado de trabalho é um resultado do desempenho da macroeconomia. O governo pode cooptar o setor privado a investir e romper pontos de estrangulamento na economia, na infraestrutura, transporte e energia, alavancando a produtividade do sistema e de um desenvolvimento econômico sustentável”, disse.
O professor Fernando Mattos, da Universidade Federal Fluminense (UFF), que participou da elaboração do Comunicado, observou que falta uma estatística de abrangência nacional para medir o desemprego no país. “Temos apenas pesquisas nas regiões metropolitanas e sobre emprego formal. Existem diferenças de região, entre setores da economia e um alto grau de informalidade no mercado”, disse.
O pleno emprego é uma situação onde todos teriam uma colocação no mercado de trabalho e com remuneração que o empregado considere justa para o seu trabalho. A definição é da Técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Maria Andreia Parente. Mas, segundo ela, “não é pleno emprego o que temos hoje no Brasil: mercado informal grande, pessoas com subocupação e rendimentos médios baixos que não condizem com uma situação de pleno emprego”.


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