Senadora do PSL abriu a boca para ataque e recebeu
aula sobre povos
POR REDAÇÃO
A senadora Soraia Thronicke
(PSL/MS) poderia ter evitado O constrangimento de quinta-feira (11),
durante uma audiência publica sobre saúde indígena na Comissão de Direitos
Humanos e Legislação Participativa do Senado.
Ao abrir sua intervenção a
senadora já cometeu uma gafe, ao elogiar o governo de Jair Bolsonaro (PSL) por
respeitar as minorias, exemplificando: “Nós temos o Ministério da Mulher, coisa
que não tínhamos”. E daí em diante desfiou os argumentos para embasar o que
considera contradições das causas indígenas. Fez uma comparação entre a
“situação miserável” dos índios, que ocupam em torno de 13% do território
brasileiro, e “a área nossa, que é agricultável, de 7%”.
Levantou, em seguida, com ar
vitorioso, a indagação: “Tem dinheiro destinado, tem política pública
destinada, então porque eles [os índios] continuam miseráveis com 13%
do território nacional enquanto nós utilizamos 7%?” E completou, dirigindo-se a
quem estava presente, entre os quais a índia Sônia Guajajara: “Essa terra não é
de vocês! A terra é da União. Quem usa o índio? Porque o índio era para estar
muito bem. Então, a gente quer saber quem está fazendo isso com os índios”.
O troco veio demolidor da
palavra e dos conhecimentos de Sônia Guajajara, que encarou firmemente a
senadora e disparou: “Infelizmente não dá pra gente escutar aqui, parlamentar
chegar aqui e pregar a sua visão racista, alienada, preconceituosa contra nós e
ficar calada. Porque a sua fala, senadora, retrata muito bem o pensamento que
tem este setor ruralista que compõe a Câmara e o Senado, que quer a qualquer
custo flexibilizar a legislação ambiental para poder explorar os territórios”.
Sônia Guajajara conhece a
causa. Formada em Letras e Enfermagem, pós-graduada em Educação Especial, Sônia
nasceu na aldeia da tribo Guajajara/Tentehar, Terra Indígena Araribóia, no
sudoeste do Maranhão. É uma das líderes indígenas mais respeitadas do mundo e
com honrarias de vários institutos humanistas dentro e fora do
Brasil. Sabe, sobre o assunto, o que está falando. E Soraia teve que ouvir
mais da guajajara, olho no olho.
“A visão que você tem, de
terra, é muito diferente da que a gente tem. Não dá pra você olhar para nós,
povos indígenas, e pensar que a gente tem o mesmo entendimento de território
como o seu, que é de exploração, destruição, pensando em lucro, em dinheiro.
Para nós, o território é sagrado, precisamos dele para existir”, continuou
Sônia. Ela citou o olhar ruralista para os territórios indígenas,
classificando-os de terra improdutiva.
E fez o contraponto: “Chamamos isso de
vida. O mundo inteiro está preocupado com o aquecimento global, os efeitos
das mudanças climáticas. O mundo inteiro está pensando em formas de reduzir a
emissão de gás carbônico para que a gente tenha o equilíbrio do clima”.
MUNICIPALIZAÇÃO - Na
audiência, Sônia Guajajara, que é a coordenadora da Articulação dos Povos
Indígenas do Brasil, reivindicou a manutenção da Secretaria Especial de Saúde
Indígena (Sesai) e criticou a intenção de municipalizar o atendimento médico a
indígenas.
O secretário da Sesai, Marco
Antonio Toccolini, também presente no debate, afastou a possibilidade de
municipalização.
Sônia Guajajara denunciou o que
chamou de desmonte da política indigenista no governo do presidente Jair
Bolsonaro.
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