Levantamento foi apresentado nesta quarta-feira (27) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) .
Por G1 RS
Embora sejam em média mais
escolarizadas, as mulheres seguem ganhando menos que os homens no Rio Grande do
Sul. No fim de 2018, a média salarial masculina era 36,8% maior do que a
feminina no estado.
O levantamento, feito com base
nos dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística
(IBGE), foi lançado nesta quarta-feira (27) pelo Departamento de Economia e
Estatística (DEE) do governo do estado, em Porto Alegre.
Conforme a pesquisa, são também
elas as mais afetadas pelo desemprego. No último trimestre de 2018, a
desocupação feminina no Rio Grande do Sul atingia 9,1%, enquanto a masculina
ficava em 6,1%. No Brasil, a situação se repete, mas os números sobem para
13,5% e 10,1%, respectivamente.
As mulheres representam 51,3%
da população do estado, mas não estão proporcionalmente representadas no
mercado de trabalho.
Mulheres negras
A dificuldade de inserção da
mulher é ainda mais acentuada quando essa trabalhadora é preta ou parda,
conforme mostram os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região
Metropolitana de Porto Alegre (PED-RMPA), disponíveis até 2017.
O fato de ser mulher e negra
implica na soma de desigualdades e faz com que essa empregada seja a que recebe
o menor salário, em média, entre todos os trabalhadores na Região Metropolitana
de Porto Alegre.
É uma segunda camada de
discriminação. A gente tem a discriminação de gênero, e a gente tem um
preconceito racial muito grande no Brasil também", explica a pesquisadora
Daiane Menezes.
Rendimento-hora médio real dos
ocupados, por sexo e raça/cor (RMPA)
ANO
|
HOMENS NEGROS
|
MULHERES NEGRAS
|
HOMENS NÃO NEGROS
|
MULHERES NÃO NEGRAS
|
2011
|
R$ 10,08
|
R$ 8,69
|
R$ 14,61
|
R$ 12,24
|
2012
|
R$ 10,71
|
R$ 8,76
|
R$ 14,97
|
R$ 12,40
|
2013
|
R$ 11,15
|
R$ 9,02
|
R$ 15,45
|
R$ 12,95
|
2014
|
R$ 11,01
|
R$ 9,74
|
R$ 15,44
|
R$ 13,11
|
2015
|
R$ 11,21
|
R$ 9,02
|
R$ 14,36
|
R$ 12,76
|
2016
|
R$ 9,51
|
R$ 8,51
|
R$ 12,87
|
R$ 11,23
|
2017
|
R$ 9,61
|
R$ 8,44
|
R$ 12,34
|
R$ 11,06
|
Fonte: Pesquisa Mensal de
Emprego - IBGE - - Convênio FEE, FGTAS, SEADE, DIEESE e apoio MTb/FAT
"Essas médias deixam
bastante evidentes hierarquias sociais historicamente cristalizadas no mercado
de trabalho, em que – neste caso, pela ótica dos rendimentos – os homens não
negros se encontram na posição mais favorável, seguidos das mulheres não negras,
dos homens negros e, na base dessa 'pirâmide', as mulheres negras",
destaca o estudo.
O ponto positivo perceptível
pela análise da série é que a diferença de rendimento demonstra tendência de
queda durante o período, ainda que com oscilações.
Tarefas domésticas
Outra forma de inserção que
merece destaque é o emprego doméstico, situação de 12,9% das mulheres ocupadas,
e que inexiste, estatisticamente, para os homens.
"Dentro dessa
entrevista [feita pelo IBGE], nenhum homem disse que era empregado
doméstico, na amostra não apareceu", afirma Menezes. A pesquisadora
ressalta que pode haver homens desempenhando o ofício, mas eles representam uma
fatia muito pequena para ser considerada no estudo.
As tarefas domésticas sem
remuneração e os cuidados de pessoas feitos em casa são majoritariamente
realizados por mulheres, que dedicam a essas atividades o dobro do tempo em
relação aos homens.
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