quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Salgueiro é criticada ao fazer tributo às mulheres negras guerreiras de forma esteriotipada

Por Mônica Aguiar 

Acadêmicos do Salgueiro fez um tributo às mulheres negras, cantando as "Senhoras do ventre do mundo" nesta madrugada de terça-feira (13), mas acabou em grandes contestações.

Em busca de seu décimo título, após nove anos sem vencer, a escola da Zona Norte buscou inspiração em um enredo que homenageou Xica da Silva, há 55 anos.

A bateria, com a fantasia Faraós Negros, veio com ritmistas com o rosto pintado de preto, procedimento conhecido como blackface (prática teatral popular no século 19 em que atores brancos pintavam o rosto de preto para representar personalidades negras, de forma  estereotipadas) questionados nas redes sociais .

Para muitos jornais que mantém os estereótipos racistas em seus editoriais, os protestos realizados são chamadas  “A polêmica”. Mas nada mais é que uma resposta  repúdio  de grande repercussão nas redes sociais, realizada por militantes do movimento negro e de mulheres negras, em sua maioria intelectuais, que apontam a incoerência de usar uma prática racista em um desfile que deveria trazer proeminência a mulher negra.

Os 3600 componentes das 34 alas representaram guerreiras, revolucionárias, mucamas, mães, artistas e escritoras negras, como Auta de Souza, Carolina de Jesus e Maria Firmina

A comissão de frente mostrou um ritual sagrado, com cinco yabás, entidades que representam fertilidade, e dez mulheres recebendo a "bênção da maternidade" e também foi criticada por usar blackface e por ser composta em sua maioria por homens com rostos pintados, mesmo representando as primeiras mulheres que deram origem à humanidade.

Apenas com tons de vermelho, o carro abre-alas levou o nome de "Éden Africano", simbolizando a Eva Africana e a África como base para todas as civilizações propondo exaltar mulheres negras que deixaram sua marca na história da humanidade e nem sempre são lembradas, as "Senhoras do ventre do mundo" do enredo. 

O vermelho, cor da escola, dominou todo desfile, com destaque para o terceiro carro, que parecia estar "pegando fogo".

O quarto carro convidou para uma viagem até o Pelourinho, em Salvador, em um passado distante. Entre postes e próximos de um chafariz, passistas sambaram vestidos de vendedores de frutas, de quitutes, de ervas e de especiarias.

O sexto e último carro apresentou uma versão negra da famosa Pietá de Michelangelo em uma crítica às mães brasileiras que perderam seus filhos com a violência urbana.



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