Por Mônica Aguiar
Acadêmicos do Salgueiro fez um
tributo às mulheres negras, cantando as "Senhoras do ventre do mundo"
nesta madrugada de terça-feira (13), mas acabou em grandes contestações.
Em busca de seu décimo título,
após nove anos sem vencer, a escola da Zona Norte buscou inspiração em um
enredo que homenageou Xica da Silva, há 55 anos.
A bateria, com a fantasia
Faraós Negros, veio com ritmistas com o rosto pintado de preto, procedimento
conhecido como blackface (prática teatral popular no século 19 em que atores
brancos pintavam o rosto de preto para representar personalidades negras, de
forma estereotipadas) questionados nas
redes sociais .
Para muitos jornais que mantém
os estereótipos racistas em seus editoriais, os protestos realizados são chamadas
“A polêmica”. Mas nada mais é que uma
resposta repúdio de grande repercussão nas redes sociais, realizada
por militantes do movimento negro e de mulheres negras, em sua maioria intelectuais,
que apontam a incoerência de usar uma prática racista em um desfile que deveria trazer proeminência a mulher negra.
Os 3600 componentes das 34 alas
representaram guerreiras, revolucionárias, mucamas, mães, artistas e escritoras
negras, como Auta de Souza, Carolina de Jesus e Maria Firmina
A comissão de frente mostrou um
ritual sagrado, com cinco yabás, entidades que representam fertilidade, e dez
mulheres recebendo a "bênção da maternidade" e também foi criticada
por usar blackface e por ser composta em sua maioria por homens com rostos pintados, mesmo
representando as primeiras mulheres que deram origem à humanidade.
Apenas com tons de vermelho, o
carro abre-alas levou o nome de "Éden Africano", simbolizando a Eva
Africana e a África como base para todas as civilizações propondo exaltar
mulheres negras que deixaram sua marca na história da humanidade e nem sempre
são lembradas, as "Senhoras do ventre do mundo" do enredo.
O
vermelho, cor da escola, dominou todo desfile, com destaque para o terceiro
carro, que parecia estar "pegando fogo".
O quarto carro convidou para
uma viagem até o Pelourinho, em Salvador, em um passado distante. Entre postes
e próximos de um chafariz, passistas sambaram vestidos de vendedores de frutas,
de quitutes, de ervas e de especiarias.
O sexto e último carro apresentou uma versão negra da famosa Pietá de Michelangelo em uma crítica às mães brasileiras que perderam seus filhos com a violência urbana.
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