Por
Camila Beatriz* , Rebeca Borges*
Eventos na capital colocam em
pauta debates para promover empoderamento e espaço de discussões relacionados
ao Dia da Consciência Negra. Atividades que abraçam causas da mulher negras e
de negros LGBT aparecem em destaque nas programações, que variam entre
espetáculos teatrais, oficinas, rodas de debate, batalhas de rap e shows.
Vera Veronika participa de Conexões Urbanas com oficina de empoderamento |
Criada há 14 anos, a data foi
escolhida para homenagear Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, no dia de sua
morte. Os quilombos não foram esquecidos e fazem, inclusive, parte de discursos
de luta por direitos dos negros. É por isso que o diretório negro estudantil da
Universidade de Brasília (UnB) foi batizado com o mesmo nome. Em outubro de
2017, o Quilombo da UnB completou um ano de existência. Nesse período, o
diretório fomentou diversos debates sobre as causas raciais dentro e fora da
universidade, incluindo estudantes de outras instituições e até trabalhadores
terceirizados em seus eventos.
“Existe hoje uma confusão sobre o
que é ser negro, pardo e branco. Acho que isso é justamente o que tem batido na
nossa porta”, afirma Lua. Por isso, o Quilombo também realiza, nesta
quarta-feira, o debate Colorismo e Identidade Negra. O estudante explica que a
intenção do diretório é mostrar que as expressões de cultura negra têm origens,
mas que muitas vezes são apropriadas e protagonizadas por pessoas brancas.
“Precisamos do nosso espaço para expressar a nossa cultura”, completa.
“A gente está completamente
acostumado a ver a figura branca representada na mídia de um país em que a
maioria é preta.” A afirmação da atriz Fernanda Jacob ilustra a mesma pauta
levantada por Lua e pelo movimento negro: a representatividade. Ela atua no espetáculo
Pentes, parte da programação do Céu, primeiro festival nacional de teatro
universitário do Distrito Federal, e explica como a questão é abraçada na peça.
“Falamos sobre a fuga dos padrões eurocêntricos, que fazem com que, até hoje,
as pessoas vejam o cabelo crespo como algo exótico.”
Para Fernanda, é necessário
desenvolver o empoderamento na mulher negra, que sofre consequências do
machismo e, além dele, do racismo e da discriminação por classe social. A atriz
também observa a relevância da data: “Acho que a importância do Dia da
Consciência Negra é enfatizar mais ainda a falta dessa consciência racial. Ele
serve como um momento em que podemos nos desenvolver artisticamente nas
escolas, falar sobre negritude e sobre a nossa mãe África. Se a data não
existisse, provavelmente essas atividades não seriam feitas em nenhum dia”.
Causas feminegras
A atriz afirma que a luta contra
o racismo não pode ser colocada apenas nas costas do negro. “O branco também
deve assumir essa posição e comprar essa briga, senão nada muda.” Com debates
similares, o evento Conexões Urbanas ganha primeira edição pensando nas causas
feminina e negra. “É algo grandioso se você consegue somar forças para levantar
as duas bandeiras juntas”, afirma a idealizadora Débora Carvalho. Ela completa:
“A força para nos diminuir é tão grande que, se a gente não se empoderar, o
sistema consegue colocar a gente ainda mais para baixo sempre”
Segundo Débora, que é DJ na
capital há 18 anos, o maior objetivo do evento é capacitar mulheres. Ao
escolher as convidadas que sobem aos palcos, ela explica ter buscado quem
fizesse o público de negras se ver representado. O título de uma das atividades
do evento dá o recado: “Mulheres donas de si”. Ministrada pela rapper
brasiliense Vera Veronika, a atividade oferece oficina de empoderamento
feminino. Para Débora Carvalho, o objetivo do projeto é claro: “Queremos
mostrar uma perspectiva de futuro em um lugar social melhor, com visibilidade
para essas mulheres”.
*Estagiárias sob supervisão de
Igor Silveira
Confira eventos para celebrar o Dia da Consciência Negra no DF
» Debate: Colorismo e
Identidade Negra
No Instituto Central de Ciências
(Universidade de Brasília, campus Darcy Ribeiro, sala BT 620), quarta-feira, às
18h. Entrada franca. Verifique classificação indicativa.
» Batalha da Consciência Negra
No Instituto Central de Ciências
(Universidade de Brasília, campus Darcy Ribeiro, sala BT 620), quinta-feira, às
20h. Entrada franca. Verifique classificação indicativa.
» Conexões urbanas
No Estádio Nacional (Eixo
Monumental), quinta e sexta-feira, confira programação. Entrada franca mediante
doação de livros, brinquedos ou alimentos não perecíveis. Não recomendado para
menores de 16 anos.
No Instituto Cervantes (707/907
Sul, lt D), terça e quarta-feira, às 19h. Entrada franca. Verifique
classificação indicativa.
» Espetáculo Pentes e debate
Teatro e Consciência Negra
No Teatro Plínio Marcos da
Funarte (Eixo Monumental), segunda-feira, às 10h30, debate Teatro e Consciência
Negra; às 17h, espetáculo Pentes. Ingressos a R$ 10 (meia-entrada), R$ 20
(inteira). Classificação indicativa livre.
Fonte: correiobraziliense
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