segunda-feira, 20 de novembro de 2017

CARTA PROTESTO DO GRUPO “AFROLAJE”- Não amordacem a nossa cultura!

A Associação Cultural AFROLAJE há 05 anos tem valorizado a cultura afro-brasileira, promovendo roda cultural com JONGO, CAPOEIRA ANGOLA, SAMBA de RODA e outras manifestações afins, todo último domingo de cada mês, na Praça Agripino Grieco, no Méier. Estamos na praça pois acreditamos que a cultura popular brasileira deva estar acessível a todos e o Méier é um bairro rodeado de comunidades carentes, cujos moradores não possuem recursos para acessar bens culturais pagos. Por isso nossa roda é gratuita!

Além disso, o Méier é o bairro onde o Afrolaje nasceu e fincou as suas raízes nesses 05 últimos anos. Aqui ampliamos nossos laços afetivos agregando e compartilhando momentos com pessoas e grupos das mais variadas vertentes culturais, sociais e econômicas. 

Apesar de toda a nossa trajetória, neste mês de novembro, mês de comemoração da “Consciência Negra”, estamos sendo impedido de realizar a nossa tradicional Roda de Jongo, por conta da nova política burocrática adotada pela prefeitura. Neste mês também prevíamos a participação de mestres quilombolas e do “Coletivo Cinegrada”, que nos proporcionaria um cine debate sobre racismo. 

No lugar do Jongo e do debate sobre racismo, a praça vai receber um evento de Rock. Isso em pleno mês da “Consciência Negra”. Lembrando que outros irmãos de atividades também estão passando pela mesma dificuldade. Importa esclarecer que apoiamos todos os tipos de manifestações culturais e este protesto não é contra o Rock ou roqueiros, mas sim contra o cancelamento da tradicional roda de jongo que acontece mensalmente na praça Agripino Grieco nos últimos 5 anos. 

Após diálogo com a prefeitura, foi sugerido deslocarmos a roda para a “Praça do Trem”, no Engenho de Dentro, sob a promessa de fornecimento de ponto de luz e banheiro químico para a realização do nosso evento. Porém, mais uma vez a prefeitura mostrou o seu descaso com a cultura afro brasileira! Além de não cumprirem o combinado, outro evento foi marcado também na “Praça do Trem” para o mesmo dia e horário em que a prefeitura havia nos concedido o espaço.

 Infelizmente, os fatos demarcam o desprezo da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro com a cultura afro-brasileira. Tal descaso se dá num contexto de intensificação da intolerância religiosa, cultural e política com o povo preto, que tem visto as suas formas de viver, crer e se alegrar desprezadas e até mesmo criminalizadas. Agora o que fazer?


AGREGAR E RESISTIR!

Rio de Janeiro, 18 de novembro de 2017.


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