As lutas das mulheres negras são tema de roda de conversa do Fórum de Mulheres Filhas da Luta, em Mogi das Cruzes (Foto: Márvila Araújo/ Divulgação) |
Fórum de Mulheres Filhas da Luta realiza roda de conversa no Casarão da Mariquinha, a partir das 20h desta quinta-feira (23).
Em Mogi das Cruzes, 33,27% das
mulheres se declararam negras ou pardas durante o Censo 2010.
Por Jamile Santana, G1 Mogi das Cruzes e Suzano
Fórum de Mulheres Filhas da Luta
realiza nesta quinta-feira (23) a roda de conversa "Mulheres negras:
identidade, lutas e resistência". O evento gratuito e aberto a homens e
mulheres começa às 19h30, no Casarão da Mariquinha, na área central de Mogi das
Cruzes. Não é necessário fazer inscrição antecipada.
O objetivo é falar sobre cultura,
violência e identidade racial. De acordo com dados do Censo Demográfico 2010,
feito pelo Instituto Brasileiro de Geeografia e Estatística (IBGE), 33,27% das
mulheres de Mogi
das Cuzes se declararam negras ou pardas.
A programação prevê uma roda de
conversa, conduzida pelas coordenadoras do Fórum, Mari Mendes e Emilena
Fernanda, trabalhadora da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de
Mogi das Cruzes. A artista plástica Linoca Souza também expõe seu trabalho com
a temática "mulher negra".
Além da população em geral,
movimentos sociais e sindicatos também foram convidados a participar da roda de
conversa. A Apeoesp, o coletivo Impacto Feminista e o Fórum Mogiano LGBT também
devem participar.
"Achamos que a luta
feminista precisa pautar as especificidades da mulher negra. Resgatar nossa
história, falar das nossas demandas, reconhecer nossa identidade, que ao longo
da história tentam apagar, inviabilizar. É visível o plano dos governos de
atacar nossos direitos de conjunto, porém o povo negro, em especial as mulheres
estão na linha de frente do ataque. Somos nós as primeiras a perder direitos, a
sofrer com o retrocesso, a sucumbir com esses ataques todos. São as mães que
sofrem com o encarceramento em massa, com as chacinas, com o desemprego e com a
precarização do serviços públicos. Queremos conversar para entender o porquê
dessa realidade brutal, como resistir. Que luta estamos travando", disse
Mari Mendes, que além de coordenar o fórum feminista, também é uma mulher
negra.
Representatividade
De acordo com o Censo Demográfico
2010 realizado pelo IBGE, dos 387.779 habitantes de Mogi das Cruzes na época,
23.453 (6%), se declararam negros. Deste total, 47% são mulheres. Ainda de
acordo com o levantamento, 11.251se declararam negras e 54.947 pardas. Juntas,
elas representam 33,27% do total de mulheres da cidade.
Vania Pereira da Silva, coordenadora da Apeoesp em Mogi das Cruzes (Foto: Vania Pereira da Silva/ Arquivo Pessoal) |
A coordenadora da Apeoesp em Mogi
das Cruzes, Vânia Pereira da Silva, é uma das poucas mulheres negras em função
influente na sociedade na cidade. Para emponderar mulheres negras, ela tem
feito palestras em escolas públicas estaduais para tratar de reconhecimento
racial, racismo e cultura.
"Esse tipo de discussão
nunca deve acabar, porque nós mulheres negras, normalmente somos oprimidas duas
vezes: por sermos mulheres e por sermos mulheres negras. Num contexto social,
onde duas mulheres são de periferia; uma loira e outra negra. Quando surge a
oportunidade de trabalhar em uma loja em shopping, por exemplo, quem você acha
que contratam? A branca, a loira. É um racismo velado e uma cultura que já está
enraizada na nossa sociedade. Encontrar uma mulher negra ocupando um cargo
importante no poder público ou privado, é procurar agulha num palheiro."
Fonte:G1
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