quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Mulher negra: identidade, lutas e resistência' tema de roda de conversa em Mogi das Cruzes

As lutas das mulheres negras são tema de roda de conversa do
Fórum de Mulheres Filhas da Luta, em Mogi das Cruzes
 (Foto: Márvila Araújo/ Divulgação)

Fórum de Mulheres Filhas da Luta realiza roda de conversa no Casarão da Mariquinha, a partir das 20h desta quinta-feira (23). 
Em Mogi das Cruzes, 33,27% das mulheres se declararam negras ou pardas durante o Censo 2010.
Por Jamile Santana, G1 Mogi das Cruzes e Suzano
Fórum de Mulheres Filhas da Luta realiza nesta quinta-feira (23) a roda de conversa "Mulheres negras: identidade, lutas e resistência". O evento gratuito e aberto a homens e mulheres começa às 19h30, no Casarão da Mariquinha, na área central de Mogi das Cruzes. Não é necessário fazer inscrição antecipada.
O objetivo é falar sobre cultura, violência e identidade racial. De acordo com dados do Censo Demográfico 2010, feito pelo Instituto Brasileiro de Geeografia e Estatística (IBGE), 33,27% das mulheres de Mogi das Cuzes se declararam negras ou pardas.
A programação prevê uma roda de conversa, conduzida pelas coordenadoras do Fórum, Mari Mendes e Emilena Fernanda, trabalhadora da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Mogi das Cruzes. A artista plástica Linoca Souza também expõe seu trabalho com a temática "mulher negra".
Além da população em geral, movimentos sociais e sindicatos também foram convidados a participar da roda de conversa. A Apeoesp, o coletivo Impacto Feminista e o Fórum Mogiano LGBT também devem participar.
"Achamos que a luta feminista precisa pautar as especificidades da mulher negra. Resgatar nossa história, falar das nossas demandas, reconhecer nossa identidade, que ao longo da história tentam apagar, inviabilizar. É visível o plano dos governos de atacar nossos direitos de conjunto, porém o povo negro, em especial as mulheres estão na linha de frente do ataque. Somos nós as primeiras a perder direitos, a sofrer com o retrocesso, a sucumbir com esses ataques todos. São as mães que sofrem com o encarceramento em massa, com as chacinas, com o desemprego e com a precarização do serviços públicos. Queremos conversar para entender o porquê dessa realidade brutal, como resistir. Que luta estamos travando", disse Mari Mendes, que além de coordenar o fórum feminista, também é uma mulher negra.
Representatividade
De acordo com o Censo Demográfico 2010 realizado pelo IBGE, dos 387.779 habitantes de Mogi das Cruzes na época, 23.453 (6%), se declararam negros. Deste total, 47% são mulheres. Ainda de acordo com o levantamento, 11.251se declararam negras e 54.947 pardas. Juntas, elas representam 33,27% do total de mulheres da cidade.
Vania Pereira da Silva, coordenadora da Apeoesp em Mogi
das Cruzes (Foto: Vania Pereira da Silva/ Arquivo Pessoal)
A coordenadora da Apeoesp em Mogi das Cruzes, Vânia Pereira da Silva, é uma das poucas mulheres negras em função influente na sociedade na cidade. Para emponderar mulheres negras, ela tem feito palestras em escolas públicas estaduais para tratar de reconhecimento racial, racismo e cultura.
"Esse tipo de discussão nunca deve acabar, porque nós mulheres negras, normalmente somos oprimidas duas vezes: por sermos mulheres e por sermos mulheres negras. Num contexto social, onde duas mulheres são de periferia; uma loira e outra negra. Quando surge a oportunidade de trabalhar em uma loja em shopping, por exemplo, quem você acha que contratam? A branca, a loira. É um racismo velado e uma cultura que já está enraizada na nossa sociedade. Encontrar uma mulher negra ocupando um cargo importante no poder público ou privado, é procurar agulha num palheiro."
Fonte:G1

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