segunda-feira, 31 de julho de 2017

Marcha das Mulheres Negras reúne centenas de pessoas em Copacabana - Rio

Por Mônica Aguiar
Centenas de pessoas, de 
diversas partes do Brasil,
 acompanharam neste 
domingo (30), a Marcha
 das Mulheres Negras

Com objetivo chamar a atenção para o racismo, as desigualdades, discriminações, em prol do dia 25 de julho - Dia de luta das Mulheres Negras, a orla de Copacabana, foi palco da III Caminhada das mulheres negras que atuam em diversos seguimentos. 
Defendendo igualdade de acesso na educação com qualidade, saúde, trabalho, cobrando a falta de implementação das políticas públicas para as mulheres negras do Rio e no Brasil, bem como a perda das políticas e ações afirmativas desenvolvidas pelas SEPPIR - Ministério de Promoção da Igualdade Racial, extinto no atual governo Temer. 

A data 25 de julho, como  Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, se tornou oficial no calendário do Estado  por um esforço e luta das mulheres negras,  e  os dez anos de instituição da Lei 5071/2007, deixa  visível que esta conquista não se refletiu em políticas públicas.

A mesma situação ocorre no País, com a Lei nº 12.987/2014, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Nestes três (3) anos de existência da Lei, com a troca de governos, agravou muito a situação socioeconômica das mulheres negras, pela falta de investimento político e humano, o fim das ações de combate ao racismo que eram referências mundiais, a situação econômica, política e administrativa que se encontra o país que produz 14 milhões de desempregados onde a maioria são mulheres negras.

Esta agenda tornou também palco de protestos contra as reformas aprovadas pelo congresso do atual governo brasileiro. 

O evento foi convocado pelo Fórum de Mulheres Negras do Estado do Rio de Janeiro. A concentração teve início às 10h, na altura do Posto 4, e terminou ás  17h na praia do Leme, com a realização de uma feira de mulheres negras empreendedoras  e roda de samba do grupo O Samba Brilha. 

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado, entre 2005 e 2015, o porcentual de negros e negras universitários, saltou de 5,5% para 12,8%. No entanto, esse o crescimento positivo não é igual quando a análise é a ocupação de vagas no mercado formal de trabalho. Mesmo mais graduados, os negros continuam com baixa representatividade nas empresas.

Nas organizações, a desigualdade entre brancos e negros aparece de forma gritante. Segundo dados de uma pesquisa do Instituto Ethos, realizada no último ano, pessoas negras ocupam apenas 6,3% de cargos na gerência e 4,7% no quadro executivo, embora representem mais da metade da população brasileira.

Neste contexto, a presença de mulheres negras, em comparação aos homens, é ainda mais desfavorável: elas preenchem apenas 1,6% das posições na gerência e 0,4% no quadro executivo. A situação só se inverte nas vagas de início de carreira ou com baixa exigência de profissional, como em nível de aprendizes (57,5%) e trainees (58,2%).

Outro desafio das mulheres negras é a disparidade salarial. Com os dados atualizados em outubro de 2016 pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pesquisados pelo Instituto Locomotiva em todo o país, revela que a renda média para um homem branco com curso superior alcança R$ 6.590, caindo para R$ 3.915 para a mulher branca na mesma condição. Já um homem negro com ensino superior ganha, em média, R$ 4.730, contra R$ 2.870 de uma mulher negra também com escolaridade superior.  Isso representaria uma injeção de R$ 461 bilhões na economia brasileira. Essa equiparação envolveria a ampliação dos salários das mulheres, sem que os dos homens fossem diminuídos, revela presidente do Instituto na entrevista de março de 2017 para Agência Brasil.

 “A gente está aqui para fazer, pela terceira vez, denúncia contra o racismo e o sexíssimo, que colocam as mulheres negras na base da pirâmide do mercado de trabalho. A gente está aqui para mexer com esta pirâmide. A gente está aqui para dizer ao capitalismo e ao machismo que, as mulheres negras têm lugar nessa sociedade, historicamente, desde que o primeiro navio negreiro aportou aqui”, disse a presidente do Centro de Tradições Afro-Brasileiras (Cetrab), Dolores Lima.

"Queremos mais respeito, mais dignidade. Nossa luta é pela igualdade, pelo respeito às mulheres negras. A cada 24 horas, 13 mulheres negras são assassinadas neste País", disse Eliana Custódio.

Exigimos medidas concretas para garantir melhorias sustentáveis e promover nossa qualidade de vida. Essas mudanças são fundamentais para o futuro das mulheres negras e toda a sociedade brasileira - disse Clátia Vieira. 





Um comentário:

Marlye disse...

Parabéns para todas mulheres negras, as que foram e aquelas que não puderam ir, mas estavam sendo representadas.

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