Conforme Pesquisa do IBGE, apenas 19,9% das cidades
brasileiras tinham órgão exclusivo para gestão de políticas voltadas às
mulheres.
Após 12 anos da promulgação da Lei Maria da Penha, apenas 2,4% dos
municípios do país ofertam casas-abrigo para vítimas de violência.
Nos Estados, das 25 gestoras, 15 são brancas, sete são pardas e três pretas.
Pesquisa foi divulgada no dia (25/09), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que o Brasil retrocedeu na gestão de políticas para mulheres.
Em cinco anos, caiu de 27,5% para 19,9% o percentual de municípios que
possuíam um órgão executivo voltado exclusivamente para as mulheres, retornando
ao patamar observado em 2009, que era de 18,7%.
De acordo com o IBGE, essa redução está diretamente
relacionada a transformações na administração pública que começaram em 2015,
orientadas pelo corte do gastos e por princípios de eficiência.
“Nesse rol de transformações, foram extintas ou fundidas
algumas estruturas estatais que culminaram na subsunção das pastas responsáveis
pelas políticas para mulheres, igualdade racial, direitos humanos e juventude
no âmbito da estrutura do Ministério da Justiça e/ou da Secretaria Geral da
Presidência da República”, destacou.
Falta de investimento causa redução
Um dos efeitos imediatos dessas transformações, ressaltou o
instituto, foi o corte de verbas.
Levantamento do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que, já em 2015, “a execução orçamentária da
Secretaria de Políticas para as Mulheres sequer alcançou 30% do orçamento
autorizado”.
Tais mudanças afetaram as estruturas municipais de gestão da
política para mulheres de forma desigual, de acordo com o porte da cidade. Foi
registrado aumento do número de organismo executivo entre municípios com mais
de 500 mil habitantes. “Todas as demais classes de tamanho da população
apresentaram redução no número de municípios com estrutura de
gestão da política para mulheres”, ressaltou o IBGE.
Em 2013, 27,5% dos municípios tinham algum tipo de estrutura
com essa finalidade. No ano passado, esse percentual caiu para 19,9%. Os dados
apontam que houve um retrocesso de nove anos
A redução destes organismos foi mais acentuada em cidades com
até 10 mil habitantes. A queda entre eles foi de 47% de 2013 para 2018. “Ainda
é importante ressaltar que, dos 70% dos municípios brasileiros com população
até 20.000 habitantes, somente 11,% possuíam organismo executivo de política
para mulheres em 2018, um número 43,7% menor do que o
observado em 2013”, destacou.
Estados
Em contrapartida à redução do número de municípios com
organismo executivo voltado exclusivamente de política para mulheres. A pesquisa aponta para um aumento nos Estados no número de Planos de Políticas para Mulheres .
Em 2013, 12 estados haviam implementado o Plano, em 2018 chegou a 15 – um aumento de 25%, porém os órgãos responsáveis por executar políticas para mulheres nos estados estão, predominantemente, subordinados a outra secretaria.
Em 2013, 12 estados haviam implementado o Plano, em 2018 chegou a 15 – um aumento de 25%, porém os órgãos responsáveis por executar políticas para mulheres nos estados estão, predominantemente, subordinados a outra secretaria.
De
acordo com o levantamento do IBGE, essas estruturas estão, na maioria das
vezes, subordinadas à pasta que é responsável pelos direitos humanos.
Das 25 gestoras, 15 são brancas, sete são pardas e três
pretas.
Já entre os municípios houve, no mesmo período, aumento de 9%
o número de municípios que desenvolviam programa, projeto ou ação na área de
políticas para as mulheres em cooperação ou convênio com outras instituições.
“A maior parte desses convênios e acordos de cooperação na
área de políticas para mulheres foram firmados com outros municípios (79,6%),
prática que se intensificou em comparação a 2013 (69,8%). Este percentual
também é relevante nas parcerias firmadas com os governos estaduais (37,5%),
contudo, no tocante às parcerias com o governo federal (17,8%), verifica-se uma
redução em relação a 2013, quando este valor era 30,8%”, destacou o IBGE.
Casas-abrigo
O IBGE chamou a atenção para o descumprimento da Lei Maria da
Penha, que estabeleceu a necessidade de se criar espaços para abrigo e
acolhimento de mulheres vítimas de violência doméstica e sexual no país,
batizados de casas-abrigo.
Segundo o levantamento, apenas 2,4% dos
municípios brasileiros contavam com essa estrutura em 2018.
“A situação se torna mais preocupante quando se verifica que,
em 2013, este percentual era 2,5%, ou seja, não houve nenhum avanço desde
então”, destacou o IBGE.
Nas casas-abrigo existentes, como principal atividade realizada
foi o atendimento psicológico individual, presente em 74,5% destes locais.
Em
seguida, aparece o atendimento social acompanhado por assistente social que
insira a mulher em programas sociais, e o atendimento na área de saúde ou
encaminhamento da mulher para o serviço de saúde da rede pública – 69,3% das
casas-abrigo os ofereceram.
Em contrapartida, apenas 19% dessas casas ofereciam o serviço
de creche, “importante instrumento de emancipação feminina”, conforme enfatiza pesquisa.
Os dados traz o perfil dos
municípios e estados do país em 2018. Divulgada também dia (25) pelo IBGE, reúne informações sobre
temas variados como recursos humanos, gestão, educação, cultura, saúde,
assistência social, segurança alimentar, trabalho, política para mulheres,
migração e enfrentamento ao sub-registro de nascimento.
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