Depois de mais dois anos de difícil tramitação e polêmica, o
Chile deixa a lista dos 18 países no mundo que proíbem qualquer tipo de aborto
O Tribunal Constitucional do Chile deu aval nesta
segunda-feira,21, ao aborto terapêutico, após rejeitar duas impugnações
apresentadas por partidos conservadores de direita contra esta lei que poderá
ser promulgada pela presidente Michelle Bachelet, sua principal impulsionadora.
O Tribunal (TC) rejeitou "ambos os requerimentos por
seis votos contra quatro em relação às três causas de interrupção da
gravidez": risco de vida para a mãe, inviabilidade do feto e estupro,
declarou Rodrigo Pica, secretário-geral, na entrevista coletiva após a decisão.
Depois de mais dois anos de difícil tramitação e polêmica, o
Chile deixa a lista dos 18 países no mundo que proíbem qualquer tipo de aborto,
entre eles El Salvador, Honduras e Nicarágua.
Bachelet, que fez uma constante e férrea defesa do projeto
que lançou em 2015, comemorou a decisão. "Nós, mulheres do Chile,
reconquistamos um direito básico que é poder decidir por nós mesmas em casos
extremos, particularmente casos que podem ser muito dolorosos".
Hoje ganharam as mulheres, acho que hoje mais uma vez ganhou
a democracia, hoje ganhou o Chile", concluiu a socialista da sede do
governo, La Moneda.
A Anistia Internacional foi outra das organizações que
manifestou seu apoio em frente ao TC.
A decisão favorável à interrupção da gravidez nesses três
casos levou dezenas de ativistas à porta do TC com gritos de agradecimento a
Bachelet por tornar realidade uma lei reivindicada durante anos .
O fim de um longo caminho Impulsionada pela presidente,
a socialista Michelle Bachelet, a lei tinha sido aprovada no início de agosto
pelo Congresso e conta com 70% de apoio popular, segundo as pesquisas.
A impugnação de grupos de direita levou ao máximo tribunal,
considerado por seu poder como uma terceira Câmara, a última batalha por uma
lei que pôs em pé de guerra grupos cristãos e conservadores do país ao
considerar que fragiliza o direito à vida daquele que está por nascer,
consagrado na Carta Magna.
A fase final do trâmite no Tribunal Constitucional foi
marcada pelo desfile de 135 organizações e personalidades que quiseram expor
argumentos favoráveis e contrários à lei.
Diante do tribunal, grupos a favor e contrários ao aborto
participaram de longas audiências e deliberações da alta corte, que na
sexta-feira adiou a aguardada decisão para prosseguir deliberando nesta
segunda-feira.
Os contrários ao aborto roubaram a cena com apresentações de
teatro e dança em que havia sempre um boneco. Pelo alto-falante, reproduziam os
batimentos cardíacos de um feto.
Em frente, a Miles, apoiada por dezenas de manifestantes que
carregavam fotos de fetos com deformidades.
Berços vazios esbarravam em bandeiras a favor da iniciativa.Marca reformista A lei de aborto faz parte de um pacote
de reformas sociais promovido por Bachelet em seu segundo mandato. Há dois anos
a socialista e médica conseguiu que o Congresso - de maioria governista, mas
com setores conservadores dentro de seu partido - aprovasse a união de casais
homossexuais.
Em alguns dias será introduzido um projeto para legalizar o
casamento homossexual, outro grande passo no país marcado pela ditadura de
Augusto Pinochet (1973-1990), que entre outras leis conservadoras conseguiu
criminalizar o aborto terapêutico, permitido durante décadas no Chile.
Fontes: Agencia-France-Presse /Correios Braziliense
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