O protagonismo das mulheres negras e o alerta ao genocídio da juventude negra deram o tom da mobilização na XII Marcha da Consciência, que reuniu cerca de 5.000 pessoas.
Os militantes participaram da caminhada pela Av. Paulista e Rua da Consolação, encerrando a atividade com ato público em frente ao Teatro Municipal, no centro de São Paulo.
Na concentração, o vão livre do Masp deu espaço tanto às palavras de ordem, que, entre outros, cobraram o fim da militarização da polícia, como também às diversas expressões culturais do povo negro, com um grande círculo de capoeira, samba de roda e batucadas em meio às faixas e bandeiras.
Empoderamento e luta por direitos
Várias lideranças comemoraram a realização da Marcha das Mulheres Negras, com mais de 20 mil pessoas em Brasília no último dia 18 de novembro.
Saudando a articulação entre as diferentes gerações no movimento negro, Sara Siqueira, da Marcha Mundial de Mulheres, garante que o próximo período continuará pautado pelas mobilizações públicas.
“Nós, mulheres negras, somos as maiores vítimas da violência, do aborto. Seguiremos nas ruas enquanto continuarmos sendo exploradas, enquanto existir um sistema político que não nos representa e enquanto a sociedade não mudar, porque da maneira como está não estamos felizes”, ressaltou.
Rosana, dirigente da CUT/SP
A manutenção de direitos e a reafirmação da luta contra a discriminação racial são os desafios futuros destacados por Rosana Aparecida da Silva, secretária de Combate ao Racismo da CUT São Paulo.
Uma das preocupações da sindicalista é com a terceirização, já que os serviços mais terceirizados, de limpeza e segurança, empregam principalmente os afrodescendentes. Outra é a continuidade de programas que apoiam essa população, como o Bolsa Família, e visibilizar, de fato, os negros e negros, que são cerca de 52% dos habitantes do país.
“É ainda uma cultura difícil e precisamos conscientizar para que as pessoas entendam que esses programas são bens comuns, de todos. Quando o movimento negro faz a luta não é só pelo povo negro, se trata de uma luta de classes e pelo empoderamento de todos e todas”, diz a secretária cutista.
Contra os retrocessos e a sub-representação
A sub-representação no parlamento é o mais grave na opinião do deputado federal Vicentinho (PT-SP) por ser o último lugar onde o povo pode definir questões de forma mais direta.A invisibilidade dos negros e negras se reflete na representação dessa população no parlamento e em todas as esferas de governo. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) demonstram que, dos 513 deputados eleitos ano passado, 79,9% se declararam brancos, 15,7%, pardos e 4,29%, pretos, sem que nenhum se declarasse indígena ou amarelo.
“É preciso que se vote consciente. A presença dos negros nas estruturas de poder vai depender muito mais de nós, povo negro, do que de quem está no poder. Isso também vale para o movimento sindical e para qualquer instituição, em que a gente percebe que há uma diferença de representação racial muito grande”, afirma.
A fusão das secretarias de Direitos Humanos (SDH), de Políticas para Mulheres (SPM) e de Políticas Promoção da Igualdade Racial (Seppir) em um único ministério, medida tomada pelo governo federal no início de novembro, frustra os avanços conquistados pelo movimento negro, diz Sandra Mariano, da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen).
“Nós entendemos e acreditamos que as políticas de promoção de igualdade racial e as de politicas para as mulheres ainda permaneçam, porém, é lógico que o ritmo vai mudar. Mas acreditamos no compromisso do governo Dilma com os negros e as mulheres”, conclui a liderança.
Fonte: CUTSP
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