segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Exposição em São Paulo lembra trajetória da escritora Carolina de Jesus

Carolina Maria de Jesus
A escritora Carolina Maria de Jesu é tema de exposição em São Paulo 
Audálio Dantas
Caminhar pela trajetória da escritora, poetisa e sambista brasileira Carolina Maria de Jesus (1914-1977) é a proposta da exposição Carolina em Nós, idealizada pelo Bloco Afro Ilú Obá de Min, que vai até o dia 31 de janeiro no Museu Afro Brasil, na capital paulista. No lado externo do museu, ao ar livre e gratuitamente, os visitantes passeiam por um corredor que traz fotografias, textos, músicas e histórias de uma das primeiras escritoras negras do Brasil. Desde o ano passado, quando foi comemorado o centenário de nascimento da autora do livro O quarto de despejo: o diário de uma favelada, organizações e movimentos sociais, especialmente de cultura e de mulheres negras, fazem homenagens a Carolina.
A exposição traz ao público a  luta de uma mulher negra. O primeiro livro de Carolina, que reúne relatos do seu diário pessoal, foi traduzido para 13 idiomas. Além dessa obra, ela escreveu mais quatro livros e compôs peças de teatros e marchas carnavalescas.
Os visitantes vão encontrar na exposição duas peças do artista plástico Tiago Gualberto, em formato de livros gigantes que marcam dois períodos distintos da vida de Carolina: o lançamento do primeiro livro com os relatos da vida na favela e o segundo livro com as impressões da vida em uma casa de tijolos, o Casa de Alvenaria: diário de uma ex-favelada. “O que me chama atenção é como ela continua sendo uma representante fiel dessa imigração, que hoje já não é tão forte, como foi na década de 50, que culminou na criação das favelas ou nessas condições periféricas que a gente continua vendo”, disseRoberto Okinaka, curador da exposição .
Ester Dias, coordenadora do projeto Carolina em Nós, pelo Ilu Obá de Min, explica que, além de uma homenagem à escritora, a exposição marca os dez anos do grupo. “A Carolina é um ícone, um símbolo de resistência. Não nos surpreende ela ter sido escritora, musicista, poetisa e filósofa, com o pouco que ela tinha. Na mulher negra, isso é muito constante. Você precisa se reinventar do nada e tirar grandes tesouros. Isso não deveria surpreender”, acrescenta.
O Ilu é um bloco composto exclusivamente por mulheres negras e surgiu a partir da discussão sobre a participação feminina no ato de tocar o tambor. No Candomblé, por exemplo, as mulheres não têm permissão para tocar. A inspiração do grupo veio, portanto, de outras tradições africanas, como os rituais nigerianos. A monitoria da exposição é feita por integrantes do bloco. “Elas tiveram uma imersão no museu e estão apaixonadas, porque aprenderam muitas coisas sobre um universo atualizado do mundo negro”, destacou Ester.
Fonte: EBC

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