Formação atual da banda tem como destaque o vocalista Leo Lobo e três backing vocals
Recém-publicado no YouTube e já com pouco mais de 1,8 mil visualizações, o clipe de Nego véi, nova música do Berimbrown, tem dupla função. Além de aperitivo para o próximo disco, ajuda o público a saber que, apesar da breve parada, o grupo está de volta à ativa. Ainda sob o comando de seu fundador, o Mestre Negoativo, a banda reparece com nova formação. Saem os metais e entram três backing vocals e um vocalista, Leo Lobo.
“O Berimbrown surgiu de um projeto sociocultural que começou em 1991, no Bairro Maria Goretti, em BH. Desde o ano retrasado, senti que precisávamos atualizar o som e dar chance para outros jovens que estão no anonimato. Quisemos buscar outros jovens para uma nova proposta, um novo ciclo do grupo. A proposta é fazer um link entre comunidades quilombolas e o século 21 e abrir a banda para esses valores desconhecidos. Surgimos dessa realidade e não podemos nos esquecer dela”, diz Negoativo.
Nego véi foi gravado em formato diferente do habitual, intitulado “DOCclipe”: além de tomadas do grupo tocando, registra imagens das comunidades quilombolas de Quartel de Indaiá, Macaquinho e Bangua, que resistem em localidades próximas a Diamantina, no interior mineiro. “Antigamente, a pedra preciosa nesses lugares era o diamante, hoje, a pedra é o crack, que já chegou por lá, infelizmente. Entendo isso como um câncer”, avalia.
Frações Nego véi é o segundo clipe que lançam para divulgar a nova leva de composições, sendo Qual é sua tribo? (lançado em fevereiro) o primeiro. As duas canções estarão no próximo álbum do Berimbrown, que terá 12 faixas e se chamará Lamparina. “A ideia é lançar um clipe a cada dois meses. A música Globalização, do baixista Ronilson Silva, será a próxima, no fim de junho, quando a Fifa estiver bombando, enchendo os bolsos”, adianta.
Ele pretendem manter a estratégia de fracionar o lançamento do trabalho em clipes divulgados na internet. “Sabendo usar a internet, dá para trabalhar com mais liberdade e eficiência do que lançando um álbum cheio de uma vez só. E as ferramentas para isso são gratuitas”, justifica. No momento, o grupo está ensaiando, pois a partir de 20 de junho começará a viajar para mostrar o show. Belo Horizonte será o primeiro ponto da turnê.
Presença feminina
É a primeira vez que vozes femininas se juntam à banda. “As mulheres são muito presentes e têm papel fundamental nas comunidades quilombolas. Começa por aí. Elas têm timbre, bailado, tudo diferente dos homens”, conta o fundador. A inspiração, comenta, veio das matriarcas quilombolas dona Miúda (de Quartel de Indaiá), dona Maria Macarrão (de Macaquinho) e Maria Diberto (de Bangua).
Já em relação ao novo vocalista, que ocupa posto pelo qual passaram Alexandre Cardoso, Tom Nascimento e Berico, Negoativo sente muita segurança. “Eles sempre acreditaram na arte e vieram de comunidades. O Leo, que está fazendo jornalismo, tem voz bonita, postura, pé no chão e consciência política e social. Que seja artista, mas que tenha o compromisso social”, defende Negoativo.
Fonte, texto e foto: UAI
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