Pesquisa da companhia de recrutamento Catho indicou que 53% das profissionais que têm filhos deixam o mercado de trabalho para se dedicar à criança. Destas, 18,6% não voltam ao mercado de trabalho.
Um quarto das profissionais (25,8%) leva entre um a dois anos para retomar a vida corporativa. "O que percebemos é que mulheres de classe social mais baixa colocam na ponta de lápis os custos para criação dos filhos, e algumas preferem ficar em casa a pagar uma babá", afirma a diretora de recursos humanos da Catho, Telma Souza.
Segundo ela, as mulheres de classe alta também acabam deixando o mercado de trabalho, mas por outros motivos. "Elas demoram mais para ter filhos e encaram a maternidade como algo muito importante, então querem se dedicar a isso com toda energia", diz.
Já as profissionais de classe média tendem a conciliar a carreira e a maternidade. "Elas às vezes saem do mercado, mas voltam mais rápido", afirma.
De acordo com Telma, a demora para retornar ao mercado deve-se a duas coisas: o tempo de recolocação e a idade das crianças. "A maior parte das mulheres se condiciona a ficar com o filho até o primeiro ano, que é quando a criança começa a ter mais autossuficiência. Quando ela volta, além do tempo de recolocação ser maior do que o dos homens, assume o ônus de retornar com salários mais baixos do que os anteriores", explica.Segundo a pesquisa, o tempo de recolocação das mulheres é de cerca de seis meses, enquanto os homens demoram cerca de cinco para conseguir um novo emprego.
O levantamento ouviu 53,6 mil profissionais de 1.677 cidades do país, entre fevereiro e março deste ano.
MULHERES NA LIDERANÇA
As mulheres brasileiras aumentaram sua participação em cargos de liderança nas empresas, mas ainda ocupam menos essas altas posições. Elas representam 45% da força de trabalho do país, mas ocupam apenas 7,9% dos cargos de diretoria, 7,7% dos postos em conselhos de administração e 3,5% das posições presidente-executivo.
Em cargos de gerente, houve crescimento de 72% na participação feminina entre 2002 e 2013 --ainda assim, as mulheres representam apenas 38,25% do total. Nos postos de coordenação, a participação feminina aumentou 61%.
As áreas de destaque na participação feminina são: recursos humanos, educação, administração, relações públicas e medicina.
ESTUDO
A pesquisa mostrou que as mulheres têm, em média, um ano a mais de estudos em comparação ao sexo masculino -- 9,2 contra 8,2 anos, respectivamente.
50,8% das mulheres que responderam a pesquisa têm formação completa no curso superior, enquanto apenas 47,1% dos homens tem graduação completa. Elas também saem na frente na pós-graduação, com 14,6% contra 12,4% do gênero masculino.
Já na fluência de línguas estrangeiras, os homens estão na frente. 33,1% dos homens falam inglês fluente, enquanto 28,1% das mulheres tem a mesma facilidade. No espanhol, são 15,2% dos homens frente a 12,7% das mulheres.
TRABALHO X VIDA PESSOAL
A preocupação com a família faz com que as mulheres sejam mais conservadoras na hora de aceitar mudanças na sua vida profissional.
Enquanto apenas 7,2% dos homens não aceitariam mudar de estado sob nenhuma condição, 15,7% das mulheres negariam a proposta. O mesmo acontece quanto às mudanças de país: 24% das entrevistadas não aceitariam a realocação de jeito nenhum, enquanto apenas 14% dos entrevistados declinariam a troca.
A diferença também é grande em relação a cargos que só permitam passar os finais de semana em casa. Enquanto 80,6% dos homens aceitariam o posto, apenas 68,4% das mulheres fariam o mesmo.
Fonte: A Folha
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