A frieza dos números de violência praticada contra as negras registrados nas delegacias de polícia do Rio de Janeiro não deixam dúvidas quanto ao perigo enfrentado por elas: 64% das mulheres assassinadas no Estado pertencem a esse grupo racial. A tragédia vai além. De acordo com o Dossiê Mulher, baseado em dados do Instituto de Segurança Pública, elas também sofreram 55% dos estupros anotados nos registros de ocorrência.
A realidade do universo enfrentado pelas negras no Estado foi apresentada dia (15) durante a audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Segundo a subsecretária estadual de Políticas para Mulheres, Adriana Mota, a violência cometida contra essa população é maior do que a verificada entre as brancas. "Se não identificamos quem são essas mulheres, não saberemos que políticas devem ser implementadas", disse ela.
Essas mulheres não são vítimas apenas da violência. Segundo uma pesquisa do economista Marcelo Paixão, coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais, a taxa de desemprego na Região Metropolitana em 2013 é de 8,7% entre as negras contra 4,9% das brancas. O estudo foi apresentado pela economista Elisa Monçores, da UFRJ.
"Esses dados são importantes para respaldarmos nossos discursos, identificarmos quem são essas mulheres e, principalmente, que políticas públicas devem ser implementadas para que o quadro seja revertido", comentou a presidente da comissão, deputada Inês Pandeló (PT).
Na audiência, Adriana Mota apontou um caminho: o do Plano de Igualdade Racial, voltado para a autonomia econômica das mulheres e seus salários. "Precisamos trazer esse plano para o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, para que se veja quais ações iremos acolher com prioridade, além de fiscalizar políticas já implementadas. Precisamos fazer a inserção dessas mulheres no mercado de trabalho".
Também participaram do evento o secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira; a secretária municipal de Políticas para Mulheres, Ana Rocha; e a deputada Rosângela Gomes (PRB).
Fonte : ALRJ
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