Ato ocorreu em homenagem a Margarida Maria Alves, ícone da luta pelo direito à terra assassinada, há 30 anos, sem que os culpados fossem punidos pela justiça. Primeiro dos 54 ônibus, prometidos pela presidenta Dilma Rousseff na Marcha das Margaridas, foi entregue em Alagoa Grande (PB), cidade natal da líder camponesa
“É melhor morrer na luta do que morrer de fome”. Frase consagrada da ativista Margarida Maria Alves, que a imortaliza e impulsiona a luta de milhões de trabalhadoras rurais brasileiras por direitos, estava fixada em grande painel do palco instalado na Praça Central de Alagoa Grande, na Paraíba, ao lado do sindicato fundado por ela.
Dividindo o espaço da rua principal do município, estava a primeira das 54 Unidades Móveis para Mulheres em Situação de Violência no Campo e na Floresta - reivindicação da Marcha das Margaridas, em 2011, em audiência com a presidenta da República, Dilma Rousseff. Na época, as camponesas cobravam políticas públicas e ações do governo federal para interiorização da Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, a fim de mais mulheres terem acesso e proteção da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006).
Os veículos custaram R$ 30 milhões e foram recém-adquiridos pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) por meio de licitação. Todos os estados e o Distrito Federal receberão duas unidades móveis, para circularem nas áreas rurais e apoiarem a prestação de serviços de atendimento, acolhimento e orientação às mulheres em situação de violência. A gestão de logística e o itinerário de circulação são de responsabilidade dos governos estaduais e de municípios-polo, tendo monitoramento da SPM e do Fórum Nacional de Enfrentamento à Violência no Campo e na Floresta.
Companheira de luta de Margarida Maria Alves e de Penha Nascimento para reconhecimento dos direitos das trabalhadoras rurais na Paraíba, a ministra Eleonora Menicucci, da SPM, assinou termo de doação e fez a entrega das chaves ao governador Ricardo Coutinho (PSB-PB).
“A luta contra a violência não é uma luta de um partido só. É uma luta que tem que ser republicana, tem que ser de todos, pelo fim da impunidade dos agressores. É lamentável que 30 anos depois os assassinos de Margarida Maria Alves ainda não foram punidos. E nós temos certeza que um crime bárbaro como aquele pode prescrever juridicamente, mas não prescreve moralmente”, afirmou Menicucci.
Estiveram presentes no evento o filho único de Margarida, José Arimateia Alves; a família de Penha Nascimento, representada por suas filhas, filhos e netas; e boa parte da população de pouco mais de 28 mil habitantes.
“A escolha da Paraíba e de Alagoa Grande é por causa da Margarida e da Penha. Nós devemos as duas, como disse a Gilberta [Soares, secretária da Mulher e da Diversidade Humana da Paraíba], mais da metade da nossa energia. A mobilização das mulheres do campo e da floresta em torno das unidades móveis do campo e da floresta, reivindicadas para a presidenta Dilma, foi das mais sábias. Só as mulheres sabem o que é sofrer a tortura da violência doméstica e do estupro”, disse a ministra Eleonora.
Atendimento humanizado - A ministra da SPM registrou a adesão da Paraíba ao ‘Mulher, Viver sem Violência’ que visa “cobrir o Brasil inteiro com políticas públicas para o enfrentamento à violência”. E comunicou: “para os municípios-polos vamos descentralizar recursos para o fortalecimento dos serviços. Nenhum serviço pode perder as mulheres. Quando olhamos para a vida real das mulheres do Brasil, é tolerância abaixo de zero com a violência de gênero”, acrescentou.
Fonte:SPM
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