quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Retrospectiva - Mulheres negras efetuam menos exames de câncer de mama e colo de útero no Sul

Matéria publicada em : 27/01/12
Por : Renata Moehlecke



Em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, pesquisadores das universidades federais do Rio Grande do Sul e de Pelotas investigaram o acesso de mulheres negras e brancas a exames de detecção precoce de câncer de mama e colo de útero. Para a pesquisa, foram entrevistadas 2.030 mulheres, de 20 a 60 anos, moradoras das cidades de Pelotas e São Leopoldo (Rio Grande do Sul). “A probabilidade das mulheres não realizarem os testes citopatológico e de mama foi significativamente maior nas negras”, destacam os estudiosos. “Uma análise estratificada da realização de exames de câncer de mama, independente de idade e de escolaridade, apontou que mulheres negras fazem menos exames, mesmo as de classes econômicas A, B ou C”.

As mulheres negras com menos de 40 anos também relataram fazer menos exames ou realizá-los tarde

Das mulheres consultadas no estudo, 16,1% eram negras e 83,9% eram brancas. Com relação a testes para verificar a ocorrência de câncer de mama no último ano, 53,5% do total de mulheres afirmaram terem efetuado o exame. No entanto, apenas 43,4% das mulheres negras afirmaram terem realizado o teste, enquanto 55,3% das mulheres brancas o fizeram.
Além disso, os resultados do estudo ainda indicaram que a probabilidade de mulheres negras não terem realizado exames para detecção de câncer de colo de útero foi duas vezes maior que em mulheres brancas. As mulheres negras com menos de 40 anos também relataram fazer menos exames ou começar a realizá-los muito tarde, reafirmando a noção de que mulheres mais velhas têm mais dificuldades de marcar consultas ginecológicas.
“Apesar de o debate sobre raça/cor ter sido intenso nos últimos dez anos, apenas recentemente as abordagens sobre o tema tem sido aplicadas em estudos e pesquisas na área da saúde”, afirmam os pesquisadores. “Os resultados desse estudo chamam atenção para a necessidade de implementação de políticas focadas em desigualdades raciais e socioeconômicas e na promoção da melhora ao acesso a serviço de saúde, com qualidade e igualdade, para os segmentos mais vulneráveis da população”.

Agência Fiocruz Notícias 


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