Em votação, deputados
repudiaram publicação em que presidente diz a deputadas 'irem para casa'.
A Câmara dos Deputados dos Estados
Unidos votou nesta terça-feira (16) para condenar o presidente Donald
Trump por atacar racialmente quatro
deputadas democratas pertencentes a minorias, em uma votação simbólica
que visa constranger o presidente e seus colegas republicanos que ficaram com
ele nesta questão.
A medida, que formalmente repreendeu os comentários do presidente, foi aprovada em uma votação de maioria partidária de 240 a 187.
Quatro republicanos se juntaram
a todos os democratas na Câmara e um deputado independente para repreender o
presidente pela série
de tuítes que publicou no domingo, nos quais ele disse a um grupo de
deputadas para "irem para casa e ajudarem a consertar os lugares
completamente quebrados e infestados de crime de onde vieram".
A aprovação da condenação era
esperada, já que os democratas têm a maioria na Câmara. Porém, parlamentares do
Partido Republicano estavam sob os holofotes conforme tinham de escolher entre
votar contra o líder de seu partido, que tem um forte apoio dos mais
conservadores, ou defendê-lo das acusações.
A indignação diante do ataque
de Trump no Twitter roubou a atenção de todos os demais assuntos em Washington.
"Esses comentários da Casa
Branca são uma desgraça, nojentos, e são comentários racistas", disse a
presidente da Câmara, Nancy Pelosi, em sessão na Casa Legislativa.
Republicanos protestaram contra
os comentários de Pelosi dizendo que ela quebrou as regras de debate da Câmara,
o que levou a demoradas discussões entre os parlamentares.
Poucos deputados republicanos
se pronunciaram contra as publicações de Trump sobre as deputadas – Alexandria
Ocasio-Cortez, Ilhan Omar, Ayanna Pressley, e Rashida Tlaib – e suas críticas
foram abafadas.
A liderança republicana na
Câmara recomendou que seus membros votassem contra a resolução, que diz que a
Câmara "fortemente condena os comentários racistas do presidente Donald
Trump que legitimaram e aumentaram o medo e o ódio contra novos americanos e
'pessoas de cor'".
Trump tem um histórico do que
críticos apontam como a promoção de polêmicas ligadas a questões raciais.
O republicano liderou um
movimento que afirmava falsamente que o ex-presidente Barack
Obama não era nascido nos Estados Unidos e afirmou após um comício
liderado por supremacistas brancos em Charlottesville, na Virgínia, que havia
"pessoas
boas de ambos os lados" do incidente, que teve uma morte e dezenas
de feridos.
Na terça-feira, o líder
republicano do Senado, Mitch McConnell, disse a jornalistas que achava que
"todos deveriam atenuar seus discursos" para se focar em temas, mas
não chegou a condenar os comentários de Trump.
"O presidente não é um
racista e eu acho que o tom de tudo isso não é bom para o país, mas está vindo
de todos os diferentes pontos de vista ideológicos", disse McConnell.
Os ataques de Trump às quatro
deputadas progressistas – conhecidas como "o esquadrão" – têm sido
vistos como uma iniciativa para dividir os democratas, que conquistaram a
maioria na Câmara em 2018 e detêm o poder de frustrar sua agenda legislativa.
Mais cedo, Trump alertou no
Twitter para que os parlamentares republicanos não votassem contra ele.
"Aqueles tuítes NÃO foram racistas. Eu não tenho sequer um osso racista no
meu corpo!", escreveu.
"A chamada votação que
acontecerá é um jogo de enganação dos democratas. Republicanos não deveriam
mostrar 'fraqueza' e cair nessa armadilha", emendou Trump.
Em resposta, Ocasio-Cortez
publicou:
"Você está certo, sr.
presidente. Você não tem sequer um osso racista no seu corpo. Você tem uma
mente racista na sua cabeça, e um coração racista no seu peito."
Alexandria Ocasio-Cortez, Ilhan Omar, Rashida Tlaib e Ayanna
Pressley, todas cidadãs americanas que foram eleitas para a Câmara dos
Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados do Brasil), acusaram o
presidente de ser racista.
Em uma entrevista conjunta das quatro à imprensa americana,
Pressley afirmou que Trump não conseguirá calá-las e pediu que os americanos
"não mordam a isca" do que ela chamou de tentativa de desviar a
atenção da opinião pública de problemas internos. "Essa é a agenda dos
nacionalistas brancos", disse Omar.
Fonte: Theguardian
Nenhum comentário:
Postar um comentário