segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

A realidade do assédio no mercado de comunicação para as mulheres


Uma pesquisa realizada pelo Grupo de Planejamento em parceria com o Instituto Qualibest durante o mês de outubro de 2017 aferiu que 90% das mulheres e 76% dos homens que trabalham nesta área já experimentaram algum tipo de assédio, seja moral ou sexual.
O estudo “Hostilidade, silêncio e omissão: o retrato do assédio no mercado de comunicação de São Paulo” obteve respostas e avaliações de 1.400 profissionais de agências, produtoras e veículos de imprensa da capital e região metropolitana do estado.
Em relação a outras áreas, a diferença é grande: o mercado de trabalho em geral possui um índice de 52% de profissionais já assediados, segundo uma pesquisa do site Vagas.com.
A percepção de que há assédio na categoria é generalizada: quase 100% dos profissionais consultados concordam com a afirmação. Enquanto 89% das mulheres afirmam que o assédio moral é frequente, 85% dos homens se veem na mesma situação. Já o assédio sexual é recorrente para 67% das mulheres e 52% dos homens.
O levantamento ainda apontou que o assédio é um problema estrutural, parte de um ciclo em diferentes níveis hierárquicos: 22% dos estagiários e assistentes apontaram assédio por parte de presidentes e sócios das empresas, enquanto diretores — com cargos intermediários e de contato imediato com as equipes — afirmam em sua maioria (83%) ter sido assediados pelos seus superiores, enquanto também são citados como agressores por 63% do restante dos profissionais ouvidos.
Assédio Sexual
A questão do assédio sexual atinge, principalmente, as mulheres. Uma a cada duas (51%) já passou por uma situação do gênero no trabalho, sendo que 39% dos casos envolveram contato físico. Entre as profissionais da área de criação, 64% já foram assediadas sexualmente.
Os homens são os principais agressores sexuais; não importa o gênero do profissional agredido. 9% dos homens afirmam ter sofrido assédio sexual, mas, deles, 72% foram assediados por outros homens.
A violência tem impacto direto na saúde dos profissionais: 62% das mulheres ouvidas e 51% dos homens afirmam ter sofrido algum sintoma por causa de assédio moral. Os mais comuns foram: crises de choro; ansiedade; sentimento de inutilidade; depressão; abuso de bebida alcoólica; diminuição de libido e ideação suicida.
Ainda de acordo com a pesquisa, a cultura da hostilidade é alimentada pela relação com clientes, que perpetuam o assédio moral e são responsáveis por um terço das histórias relatadas. Prazos impossíveis, pressão intensa, extensão indevida do horário de trabalho estão entre as situações mais frequentes.
Os departamentos de Recursos Humanos das empresas são vistos como ineficientes pelos entrevistados e raramente são procurados para resolver os casos. 12% das mulheres e 8% dos homens que sofreram assédio moral afirmaram que procuraram esta alternativa. Estes números caem para 3% e 7% em casos de assédio sexual. 87% de todos os ouvidos afirmaram ainda nunca ter recebido orientações de seus empregadores sobre como lidar com assédio e apenas 5% encontraram nas companhias um canal direto para denúncia.
Fonte: Ag. Patrícia Galvão

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