Dos 35 cargos que serão colocados em disputa na eleição deste ano, no Amazonas, apenas três são ocupados atualmente por mulheres, o que corresponde a uma representação feminina de 8,5%. Estão em jogo 24 postos de deputado estadual, oito de deputado federal, uma cadeira no Senado, a vaga de governador e a de vice-governador. Em enquete realizada por A CRÍTICA, todas as mulheres ouvidas concordaram que elas devem lutar para ampliar seu espaço na política. Para a funcionária pública Nonata Mestrinho, 50, o papel da mulher no desenvolvimento da sociedade é muito importante. Logo, a presença de mulheres em cargos políticos é essencial.
“Na política, a mulher tem uma visão mais ampla do que os homens, pois além de ter a responsabilidade de cuidar de uma família, do marido, dos filhos, ela também tem a completa capacidade de ter um bom desempenho ocupando qualquer cargo político, seja como vereadora, deputada, e quem sabe governadora”, declarou Nonata.
“Querendo ou não, por representar uma minoria nos cargos políticos, a mulher acaba saindo na defesa de causas sociais, agindo bem mais com o coração, lançando o olhar da sensibilidade diante dos problemas que a sociedade enfrenta”, complementou Nonata.
A policial civil Leusdélia Cavalcante, 58, declarou que a mulher deve ocupar com mais frequência cargos políticos, porque já demonstrou que pode se sair melhor do que os homens no desenvolvimento de ações e projetos durante uma legislatura. “Não é por ser mulher, não, mas realmente avalio como mais positivo o trabalho de mulheres na carreira política. Infelizmente, esse ainda é um universo machista, o que obriga aquelas candidatas que conseguem se eleger a automaticamente se esforçar e se afirmar diariamente. Seja na Câmara Municipal, seja na Assembléia. A mulher se elege, mas além disso vai precisar de uma firmeza constante”, avaliou a policial.
A estudante Raimara Botelho Alencar, 16, votará este ano pela primeira vez. Ela avalia como essencial a participação e envolvimento das mulheres nas disputas de cargos eletivos. “Somos maioria no Estado, e isso não é à toa. Como mulher, sei que temos muitas funções no dia a dia, mas iss não nos impede de encarar a política, que hoje é dominada por homens”, disse a estudante.
A autônoma Brenda de Souza, 19, afirmou que as mulheres, apesar de poucas, não deixam nada a desejar a frente de cargos públicos. “A mulher é capaz de desenvolver qualquer função. Hoje, vejo poucas mulheres em cargos políticos, mas as poucas que tem ainda percebo o trabalho que é desenvolvido. Enquanto isso, muitos homens se elegem, mas começa e termina o mandato e ninguém ouve falar no cara. É voto jogado no lixo”, comentou Brenda.
É preciso cobrar os partidos
A presidente da Comissão da Mulher, das Famílias e do Idoso da Assembléia Legislativa do Estado (ALE-AM), deputada Conceição Sampaio (PP), destacou que a política sempre foi vista como uma atividade muito masculina.
“As mulheres precisam cobrar dos partidos políticos que lhes sejam dadas as mesmas oportunidades que dão aos homens”, afirmou Conceição.
A ALE-AM possui 24 vagas. Mas apenas duas mulheres conseguiram uma cadeira de deputada em 2010: Conceição Sampaio e Vera Lucia (PTB). A presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal de Manaus (CMM), vereadora Therezinha Ruiz (DEM), afirmou que torce pelo aumento do número de mulheres interessadas nas disputas eleitorais.
“Fico feliz quando vejo uma mulher que decide enfrentar a carreira política, entretanto, além do querer, ainda esbarramos na falta de apoio dos partidos políticos, que não tratam de forma igualitária homens e mulheres”, pontuou a vereadora, uma das seis mulheres a conquistar uma das 41 vagas da CMM.
Candidaturas no interior
O número de mulheres candidatas a vereadoras na eleição de 2012, nos 61 municípios do interior do Amazonas, correspondeu a apenas 32% no número total de candidaturas, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Das 1.799 candidatas, apenas 75 foram eleitas. No mesmo ano, 3.836 homens se lançaram candidatos a vereador no interior. Os partidos políticos que lançaram o maior número de candidaturas femininas foram: PT, PMDB e PC do B.
O Partido dos Trabalhadores lançou 155 candidatas, e elegeu 8 delas. O Partido do Movimento Democrático Brasileiro apresentou 144 candidatas e elegeu 4. E o terceiro partido, o Partido Comunista do Brasil, teve 127 mulheres na disputa, e 4 conquistaram uma vaga no parlamento. Para o cargo de prefeito (a), das 209 candidaturas lançadas no interior em 2012, apenas 20 eram de mulheres. O PSD e o PMDB foram os partidos que mais apostaram na representação feminina. O primeiro lançou seis na disputa e elegeu duas. O segundo elegeu duas das três que apoiou.
Em números
1.117.678 É o número de mulheres aptas a votar no Estado do Amazonas. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), atualizados até janeiro deste ano. Segundo o tribunal, as mulheres representam mais de 50% do eleitorado amazonense.
Fonte: acritica.uol
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