A mutilação genital em mulheres e meninas encontra cada vez mais resistência na sociedade, mesmo que ainda seja um procedimento largamente difundido em países da região. De acordo com o estudo Mutilação/Corte Genital Feminino: Uma Visão e Exploração Estatística das Dinâmicas de Mudança, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), um número cada vez maior de mulheres e meninas se opõe à mutilação.
Em países como Benin, Gana, Togo e Iraque, a grande maioria de mulheres ouvidas, entre 15 e 49 anos de idade, acredita que o procedimento deve acabar. Famílias passaram a apoiar as filhas, no intuito de não se submeterem à mutilação. Em países como o Quênia e a Tanzânia, mulheres de 45 a 49 anos têm aproximadamente três vezes mais chances de se submeter ao procedimento do que adolescentes de 15 a 19 anos. Fato que indica uma mudança de comportamento dessas comunidades nos últimos anos. No Benin, Iraque e na Nigéria, dentre outros países, o número de mutiladas caiu pela metade entre as adolescentes.
A tendência, no entanto, não é acompanhada em todos os países. Em seis das 29 nações consultadas, mais da metade das mulheres ouvidas ainda se posicionam a favor das mutilações genitais femininas. Mais de 70% das mulheres do Mali são a favor da prática. No Egito, onde cerca de 54% das mulheres são favoráveis às mutilações, 27,2 milhões já passaram pelo procedimento.
A mutilação ou o corte, de acordo com o estudo, está intimamente ligada a grupos étnicos, sugerindo certas normas sociais dessas comunidades, as religiosas. Mais de 50% das garotas e mulheres consultadas consideram as mutilações uma exigência religiosa. O estudo lembra que a remoção de partes da genitália feminina foi considerada uma violação aos direitos humanos em 1993, na Conferência Mundial de Direitos Humanos, em Viena.
Para a vice-presidenta executiva da Unicef, Geeta Rao Gupta, é preciso ouvir as vozes da população sobre o assunto. “A mutilação genital feminina é uma violação dos direitos das mulheres à saúde, ao bem-estar e à autodeterminação. O que está claro neste estudo é que a legislação sozinha não é o suficiente. O desafio agora é deixar meninas, mulheres, rapazes e homens falarem alto e claro e declararem que querem o abandono dessa prática nociva”.
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