Texto / Lucas Veloso
A 13ª edição do
Anuário da Violência, divulgada nesta terça-feira, 10, pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública, o (FBSP), apontou que a maioria das ocorrências policiais
terminadas em morte ocorreram no período da madrugada, cerca de 40%.
De acordo com os
números, além da madrugada, se as ocorrências da noite forem consideradas
também, 64,9% das mortes provocadas pelas polícias brasileiras acontecem entre
às 18h e 05h59min
Para Renato, o
racismo no Brasil explica porque os números atestam a maior violência com os
negros. “A questão racial faz com que a gente naturalize a vigilância de
jovens, nas periferias, voltando da escola, e não olhe para uma classe média
cometendo delitos, envolvidos com drogas e armas, mas dentro de suas casas”.
Daniel Cerqueira, do
Fórum de Segurança Pública, observa que os dados reforçam o viés racial da
violência no Brasil e denuncia o racismo estrutural no Brasil. “O país é
extremamente racista. A polícia, como organização da sociedade, vai refletir o
racismo nas abordagens, é isso que acontece”. O especialista ainda cita uma
expressão comum entre os militares ‘preto parado é suspeito e preto correndo é
bandido’.
Os estudiosos lembram
do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial, do ano
passado. O documento apontou que a chance de um jovem negro ser vítima de
homicídio no Brasil é, em média, 2,5 vezes superior à de um jovem branco. ”Eu
não descartaria a hipótese de racismo para qualificar os dados”, define Daniel.
A polícia ideal
Sâmira Bueno,
diretora executiva do FBSP, acredita que a ascensão da extrema direita no mundo
provocou o ‘combate a um inimigo’.
“Na Inglaterra e nos
EUA, temos a guerra contra os imigrantes, por exemplo. De algum modo, a policia
do Brasil, tem feito esse papel de ‘combater o inimigo’, que basicamente é a
população negra e periférica”, critica. “A gente vê como o jovem negro tem sido
demonizado como algo a ser combatido pelo Estado”, prossegue.
Neste sentido, Renato
Sérgio defende que uma polícia ideal é baseada no planejamento, com protocolos
de ações e confiança das pessoas.
“A instituição
precisa estar próxima da população. Isso é um desafio no mundo todo, mas o
‘controle’ pode ser mais igual entre as pessoas, garantindo direitos e
cidadania às pessoas, ao contrário de medo e pavor”.
Segundo Daniel, é
importante uma mobilização da sociedade para tratar das questões apontadas no
Anuário. “Existe uma questão que podemos elaborar como racismo institucional.
Precisamos aprofundar esse resultado”, indica o pesquisador.
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