Por Mônica Aguiar
São mais de 1.500 lideranças entre 11o povos que estão compondo a primeira Marcha das Mulheres Indígenas , presentes em Brasília.
As indígenas protestam contra a municipalização da saúde
indígena e pedem saída de Silvia Waiãpi, que está a frente da Secretaria de
Saúde Indígena.
Cerca de 300 mulheres indígenas ocuparam ontem, segunda-feira (12) o prédio da Funasa
(Fundação Nacional de Saúde) em Brasília, em protesto contra medidas do Governo
Federal para indígenas no Brasil.
Seguranças tentaram impedir a manifestação, mas mulheres romperam com o bloqueio
estalado e ocuparam o prédio onde também
funciona a SESAI (Secretaria de Saúde Indígena).
Célia Xakriabá, representante da Apib (Associação dos
Povos Indígenas) e uma das coordenadoras da Marcha, disse que aguardava uma
reunião com o Ministério da Saúde e caso
não acontecesse, elas permaneceriam no local.
Celia também explicou que o objetivo da
reunião era dialogar sobre as demandas
do movimento com a chafe da SESAI (Secretaria de
Saúde Indígena), Silvia Waiãpi indígena e militar, mas que diante a negativa da chefe da secretaria , ocuparam a secretaria e exigiram a
presença do ministro da saúde, Luiz
Mandetta para que fosse ouvida as reivindicações.
O movimento de mulheres indígenas afirma que, as medidas do governo federal visa retira serviços oferecidos pelo Sistema
Unificado de Saúde (SUS), incluindo a Política Nacional de Atenção à Saúde Indígena,
além da tentativa de mudar os papeis da demarcação de terras e FUNAI.
SERGIO LIMA VIA GETTY IMAGES |
No início de agosto, o governo publicou uma medida provisória que cria o
programa “Médicos pelo Brasil”, em substituição ao programa “Mais
Médicos”, lançado em 2013.
Conforme
declaração das indígenas presentes no ato,
com a retirada do “Mais Médicos” o número de doenças e doentes estão crescem diariamente entre os indígenas e principalmente entre mulheres e crianças indígenas provocando várias mortes.
Existe uma avaliação que a municipalização
da saúde resulte no desmantelamento do sistema e na pulverização do atendimento
de saúde dos índios, com prejuízo para essas populações.
A MP do Governo federal, estar previsto que indígenas sejam atendidos em centros de saúde urbanos, junto aos demais cidadãos.
No extinto programa "Mais Médico", criado pela Ex, Presidenta Dilma Rouseff, em 2013, o
atendimento era nas próprias aldeias com treinamento específico de
profissionais.
Com a extinção do programa, lideranças afirmam que, isso é algo que pode elevar o número de
mortes e doenças.
“Estamos fazendo uma frente em defesa da
saúde indígena e contra essa proposta ameaçadora da municipalização da saúde;
fazemos frente ao direito a ocupar o território pensando em nosso modo de vida,
de viver, de fazer gestão, pensando também no nosso direito à educação”, pontua Xakriabá ao HuffPost.
As Mulheres Indígenas estão reunidas em Brasília desde o último dia 9 para um fórum e uma marcha de
“resistência”.
Com o tema central “Território: nosso corpo, nosso espírito”; o
evento segue até o próximo dia 14, quando indígenas se juntarão à Marcha das Margaridas,
também em Brasília.
Cerca de 448 mil mulheres indígenas vivem no
Brasil, entre 305 povos espalhados pelo território nacional, segundo dados de
2010 do IBGE.
A organização informa que cerca de 1.500
mulheres de 110 aldeias do Brasil participam da I Marcha das Mulheres
Indígenas no País.
“A gente acredita que tem um papel muito
importante na defesa do nosso território. E o que é esse território? É tudo que
cabe aos nossos povos, é a nossa cultura. E hoje se torna mais necessário de
mostrar que nós, mulheres, estamos nesses territórios que estão ameaçados”,
afirma Maura Arapiun, 23, membro do Conselho Indígena dos Rios
Tapajós e
Arapiuns ao HuffPost Brasil.
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