APIÁRIO/DIVULGAÇÃO |
“Estamos muito felizes com a
seleção. Hoje em dia o panorama das produções se baseia em conexões em redes
internacionais, que começa no desenvolvimento e vai até a distribuição”,
observa Fernanda, que já está em Annecy para as rodadas de negócio ao lado de
animações da França, EUA, China, Dinamarca e Itália. O festival tem início hoje
e, nos últimos anos, teve participação destacada de filmes brasileiros (“Uma
História de Amor e Fúria” e “Menino e o Mundo”).
Em fase de desenvolvimento pela produtora mineira Apiário, a animação terá 80 minutos e acompanhará a história de Ana, uma mulher negra que, em busca de um apartamento, encontra Alice, que é idêntica a ela. Face a face, elas descobrirão o que significa se tornar quem são, enquanto descobrem novos caminhos em meio às memórias, linguagens e imagens de inúmeras cidades inventadas.
Em fase de desenvolvimento pela produtora mineira Apiário, a animação terá 80 minutos e acompanhará a história de Ana, uma mulher negra que, em busca de um apartamento, encontra Alice, que é idêntica a ela. Face a face, elas descobrirão o que significa se tornar quem são, enquanto descobrem novos caminhos em meio às memórias, linguagens e imagens de inúmeras cidades inventadas.
Reconhecimento
“É a história de uma mulher em jornada de reconhecimento, buscando conhecer a si mesma, quem é ela em relação aos outros e o espaço que ela ocupa”, registra Fernanda, que estreará na direção de uma animação.
“É a história de uma mulher em jornada de reconhecimento, buscando conhecer a si mesma, quem é ela em relação aos outros e o espaço que ela ocupa”, registra Fernanda, que estreará na direção de uma animação.
Antes, a mineira participou
como produtora do curta “Balanços e Milkshakes”, considerado, no ano passado,
um dos 100 melhores filmes brasileiros na história desta técnica, em votação da
Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine).
O fato de contar com duas
protagonistas negras não significa que o filme se debruçará sobre a temática,
como frisa Fernanda. “Para mim, como mulher negra, é fundamental possibilitar a
criação de histórias com protagonistas negras. Sem, necessariamente, querer
discutir questões de gênero e raça. Ao colocar personagens vivendo e
construindo suas próprias questões, estamos dando visibilidade a estas mulheres
negras”, assinala.
Belo Horizonte na tela
Outra curiosidade de “Ana, En
Passant” é a questão geográfica, com Belo Horizonte surgindo como um
“personagem” à parte na animação. “A gente verá a cidade como um polo cultural,
com a presença do Carnaval, que se tornou um dos mais destacados do país, e de
importância política. É inevitável que pontos emblemáticos, como a rua Sapucaí
e a Praça Sete, façam parte desta narrativa”, revela Fernanda.
Apesar de ser francesa, Ana tem
raízes no Brasil, terra natal da avó. “Após a morte dela, Anna virá a Belo
Horizonte para encontrar uma história que é dela também”, comenta a
realizadora, que misturará várias técnicas de animação no filme, entre elas a
rotoscopia, em que o modelo humano é filmado ou fotografado em sequência e o
desenho é feito com base nessa “captura”, a partir de um aparelho chamado
rotoscópio.
Outra mineira também de Belo
Horizonte, Adélia Sampaio, foi a primeira mulher negra a dirigir um
longa-metragem no Brasil. “Amor maldito” (1984). Baseado em fatos reais,
conta a história do amor entre duas jovens mulheres, a executiva Fernanda Maia
(Monique Lafond) e a ex-miss, filha de um pastor evangélico, Suely Oliveira
(Wilma Dias). Porém, Sueli se cansa do relacionamento e envolve-se com um
jornalista.
Durante toda a carreira, Adélia
vivenciou inúmeras situações de machismo e racismo dentro do set,
principalmente ao tentar dar mais visibilidade para profissionais negros.
Representatividade
A representatividade das
mulheres negras no cinema reflete esse preconceito até hoje. Uma pesquisa
recente realizada pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa
(GEMAA), com filmes de grande público (mais de 500 mil espectadores) no Brasil,
entre os anos de 1970 e 2016, indica que, na direção, apenas 2% eram mulheres. Isso
apenas mostra o tamanho da batalha de Adélia, cujo último trabalho é um
documentário de 2004 chamado AI5, o dia que não existiu, que
codirigiu com Paulo Markun.
Fontes: Hoje em Dia/ Geledes/ Catraca Livre...
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