Mantém as desigualdades entre
negros e brancos. A mulher negra é a pessoa que tem a menor renda média no país
e quem tem menor acesso à saúde e educação.
As desigualdades entre a renda
das mulheres e homens cresceu nos últimos dois anos, tornando mais distante a equiparação de renda no
Brasil. Isso é o que também revela o relatório País estagnado: um retrato das desigualdades
brasileiras – 2018, divulgado nesta segunda-feira (26) pela
organização não governamental Oxfam Brasil, com base nos dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio Contínua de 2016 e 2017, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento mostra que, em
2016, as mulheres ganhavam em média cerca de 72% do que ganhavam homens no
Brasil, proporção que caiu para 70% em 2017, o primeiro recuo em 23 anos.
Em 2017, a renda média de
mulheres no Brasil era de R$ 1.798,72, enquanto a de homens era de R$ 2.578,15.
Os dois gêneros tiveram aumento médio geral de renda em relação a 2016, mas
enquanto o incremento entre os homens foi de 5,2%, entre as mulheres foi de
2,2%.
Entre os 10% mais ricos do
Brasil, a distância entre a renda de mulheres e homens é ainda maior. As mais
ricas ganharam em média 60% do que os mais ricos em 2017. Enquanto os homens
mais ricos tiveram quase 19% de aumento em seus rendimentos entre 2016 e 2017,
as mulheres mais ricas viram sua renda média crescer apenas 3,4%.
Tendência oposta foi observada
entre a metade mais pobre do país, onde verificou-se redução da renda,
especialmente entre as mulheres pobres, que perderam 3,7% de seus rendimentos.
Os homens pobres perderam 2% do seu rendimento em relação a 2016.
A disparidade de renda entre
grupos raciais também aumentou nos últimos dois anos. Em 2016, os negros
ganhavam R$ 1.458,16 em média, o que correspondia a 57% dos rendimentos médios
de brancos, que naquele ano foram de R$ 2.567,81. Em 2017, os rendimentos
médios de negros foram de R$ 1.545,30 frente a R$ 2.924,31 entre os brancos,
diminuindo o percentual para 53%.
As desigualdades de renda
também aumentaram nos últimos 2 anos entre grupos raciais no Brasil. População
negra continua sendo mais pobres no Brasil .
O relatório da Oxfam revela que
entre a metade mais pobre da população, os negros pobres ficaram ainda mais
pobres, com redução de renda média de 2,5%; enquanto os brancos tiveram
aumento na renda média de 3%. Em 2016, a média geral da renda da metade mais
pobre da população foi de R$ 749,31. Entre os brancos pobres, a média era R$
882,23, enquanto entre os negros pobres, R$ 634,66.
“Quem está na base da pirâmide
social no Brasil é a população negra e, em particular, a mulher negra. A mulher
negra é a pessoa que tem a menor renda média no país. A população branca, o
homem branco em particular, está no extremo oposto disso. Então, se a mulher
negra vai mal no Brasil, o Brasil está indo mal na área social, acho que esse é
um indicador principal que a gente tem que prestar atenção”, disse Rafael
Georges autor do estudo e coordenador de campanhas da Oxfam Brasil.
Em 2017, a renda média geral
dos mais pobres foi de R$ 804,35, e enquanto a renda média dos brancos mais
pobres subiu para R$ 965,19, a dos negros foi para R$ 658,14.
Entre os 10% mais ricos, a
renda média mensal dos brancos em 2017 foi de R$ 13.753,63, enquanto a média
dos negros foi R$ 6.186,01 por mês, o equivalente a 45%. Entre 2016 e 2017, os
negros que fazem parte dos 10% mais ricos tiveram aumento de renda de 8,1%,
enquanto os brancos incrementaram suas rendas em 17,35%.
Revogação do teto de gastos
O relatório também destaca a
necessidade de melhora nos gastos sociais. "Melhorias podem ser alcançadas
com um aumento da qualidade do gasto em geral (transparência, progressividade e
efetividade)", diz o texto.
Considerando os principais
gastos sociais – previdência, assistência, saúde e educação – o Brasil destinou
a eles, em 2016, 22,8% de seu PIB. Mais da metade desse valor - o que equivale
a 12,25% do total do PIB - foi para benefícios previdenciários, enquanto 1,55%
foi para assistência.
Segundo a Oxfam, é urgente a
revogação do teto de gastos, que considera um "limitador para a retomada
da redução de desigualdades estruturais no Brasil".
Na questão fiscal, o sistema
tributário "retroalimenta desigualdades de renda, raça e sexo", diz o
relatório. Por outro lado, a ONG destaca que algumas medidas legislativas
referentes à reforma tributária poderiam ter impacto expressivo e de curto
prazo na redução de desigualdades.
Seminário debate desigualdades
FOTO: Najara Araujo/Câmara dos Deputados |
O
seminário abordou, entre outras questões, as dificuldades que as mulheres
negras têm para acessar direitos básicos como saúde, educação, justiça e renda.
São 55,6 milhões de mulheres negras no Brasil, que chefiam 41,1% das famílias e
recebem, em média, 58,2% da renda das mulheres brancas. Em contrapartida, no
quadro diretivo das maiores empresas no Brasil, as negras são apenas 0,4% das
executivas – apenas duas em um total de 548 executivos e executivas. Os dados
apresentados no seminário foram extraídos do Retrato das Desigualdades de
Gênero e Raça de 2015.
Fontes: EBC /Bem paraná/Huffpost/Patríciagalvão
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