quarta-feira, 28 de novembro de 2018

AUMENTA DIFERENÇA SALARIAL ENTRE MULHERES E HOMENS


Mantém as desigualdades entre negros e brancos. A mulher negra é a pessoa que tem a menor renda média no país e quem tem menor acesso à saúde e educação.

As desigualdades entre a renda das mulheres e homens cresceu nos últimos dois anos, tornando  mais distante a equiparação de renda no Brasil. Isso é o que também revela o relatório País estagnado: um retrato das desigualdades brasileiras – 2018, divulgado nesta segunda-feira (26) pela organização não governamental Oxfam Brasil, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua de 2016 e 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento mostra que, em 2016, as mulheres ganhavam em média cerca de 72% do que ganhavam homens no Brasil, proporção que caiu para 70% em 2017, o primeiro recuo em 23 anos.

Em 2017, a renda média de mulheres no Brasil era de R$ 1.798,72, enquanto a de homens era de R$ 2.578,15. Os dois gêneros tiveram aumento médio geral de renda em relação a 2016, mas enquanto o incremento entre os homens foi de 5,2%, entre as mulheres foi de 2,2%.

Entre os 10% mais ricos do Brasil, a distância entre a renda de mulheres e homens é ainda maior. As mais ricas ganharam em média 60% do que os mais ricos em 2017. Enquanto os homens mais ricos tiveram quase 19% de aumento em seus rendimentos entre 2016 e 2017, as mulheres mais ricas viram sua renda média crescer apenas 3,4%.

Tendência oposta foi observada entre a metade mais pobre do país, onde verificou-se redução da renda, especialmente entre as mulheres pobres, que perderam 3,7% de seus rendimentos. Os homens pobres perderam 2% do seu rendimento em relação a 2016.

A disparidade de renda entre grupos raciais também aumentou nos últimos dois anos. Em 2016, os negros ganhavam R$ 1.458,16 em média, o que correspondia a 57% dos rendimentos médios de brancos, que naquele ano foram de R$ 2.567,81. Em 2017, os rendimentos médios de negros foram de R$ 1.545,30 frente a R$ 2.924,31 entre os brancos, diminuindo o percentual para 53%.

  As desigualdades de renda também aumentaram nos últimos 2 anos entre grupos raciais no Brasil. População negra continua sendo mais pobres no Brasil . 


O relatório da Oxfam revela que entre a metade mais pobre da população, os negros pobres ficaram ainda mais pobres, com redução de renda média de 2,5%;  enquanto os brancos tiveram aumento na renda média de 3%. Em 2016, a média geral da renda da metade mais pobre da população foi de R$ 749,31. Entre os brancos pobres, a média era R$ 882,23, enquanto entre os negros pobres, R$ 634,66.

“Quem está na base da pirâmide social no Brasil é a população negra e, em particular, a mulher negra. A mulher negra é a pessoa que tem a menor renda média no país. A população branca, o homem branco em particular, está no extremo oposto disso. Então, se a mulher negra vai mal no Brasil, o Brasil está indo mal na área social, acho que esse é um indicador principal que a gente tem que prestar atenção”, disse Rafael Georges autor do estudo e coordenador de campanhas da Oxfam Brasil.

Em 2017, a renda média geral dos mais pobres foi de R$ 804,35, e enquanto a renda média dos brancos mais pobres subiu para R$ 965,19, a dos negros foi para R$ 658,14.
Entre os 10% mais ricos, a renda média mensal dos brancos em 2017 foi de R$ 13.753,63, enquanto a média dos negros foi R$ 6.186,01 por mês, o equivalente a 45%. Entre 2016 e 2017, os negros que fazem parte dos 10% mais ricos tiveram aumento de renda de 8,1%, enquanto os brancos incrementaram suas rendas em 17,35%.

 Revogação do teto de gastos

O relatório também destaca a necessidade de melhora nos gastos sociais. "Melhorias podem ser alcançadas com um aumento da qualidade do gasto em geral (transparência, progressividade e efetividade)", diz o texto.
Considerando os principais gastos sociais – previdência, assistência, saúde e educação – o Brasil destinou a eles, em 2016, 22,8% de seu PIB. Mais da metade desse valor - o que equivale a 12,25% do total do PIB - foi para benefícios previdenciários, enquanto 1,55% foi para assistência.
Segundo a Oxfam, é urgente a revogação do teto de gastos, que considera um "limitador para a retomada da redução de desigualdades estruturais no Brasil".
Na questão fiscal, o sistema tributário "retroalimenta desigualdades de renda, raça e sexo", diz o relatório. Por outro lado, a ONG destaca que algumas medidas legislativas referentes à reforma tributária poderiam ter impacto expressivo e de curto prazo na redução de desigualdades.

Seminário debate desigualdades 

FOTO: Najara Araujo/Câmara dos Deputados
 No Seminário convocado pela deputada federal Benedita da Silva-PT,  “Mulheres Negras Movem o Brasil: visibilidade e oportunidade”. O  evento ocorreu na Câmara dos Deputados, para lembrar o Dia da Consciência Negra .

O seminário abordou, entre outras questões, as dificuldades que as mulheres negras têm para acessar direitos básicos como saúde, educação, justiça e renda. São 55,6 milhões de mulheres negras no Brasil, que chefiam 41,1% das famílias e recebem, em média, 58,2% da renda das mulheres brancas. Em contrapartida, no quadro diretivo das maiores empresas no Brasil, as negras são apenas 0,4% das executivas – apenas duas em um total de 548 executivos e executivas. Os dados apresentados no seminário foram extraídos do Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça de 2015.
Fontes: EBC /Bem paraná/Huffpost/Patríciagalvão

(Agência Brasil, 26/11/2018 – acesse no site de origem)

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