quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Advogada Negra é Vítima de Racismo Dentro de um Fórum


A OAB planeja um ato de desagravo à advogada 
na próxima segunda feira (17)

por Brasil de Fato 

Adv. Valeria Santos
A Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ) vai acionar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e entrar com ações cível e penal contra a juíza e a Polícia Militar por conta da prisão de uma advogada negra no exercício de sua função na última segunda-feira (10).

A advogada Valéria Santos foi algemada e conduzida para a delegacia durante uma audiência no 3º Juizado Especial Cível de Duque de Caxias, na baixada fluminense, após discordância com a juíza sobre acesso ao processo da cliente. Em vídeos que flagram a discussão, a advogada pede a presença da OAB para arbitrar a questão e como se recusa a sair da sala até a chegada de um representante da Ordem é presa pelos policiais. Um vídeo mostra a advogada algemada no chão cercada pelos agentes.

Valéria chegou a ser levada para a 59ª Delegacia de Polícia e só foi liberada após a chegada de um representante da OAB. O presidente da Comissão Estadual de Defesa de Prerrogativas da OAB Rio de Janeiro, Luciano Bandeira, afirma que não houve qualquer equívoco na conduta da advogada e que a prisão foi inadmissível.

“É o momento em que o advogado toma o conhecimento de todos os fatos que compõem o processo para fazer a defesa da sua cliente. Ela estava certíssima. Há uma série de equívocos, essa prisão é absurda, ilegal, ofende a advocacia, a cidadania e a democracia em nosso país. E além disso, o procedimento foi truculento, arbitrário e em desacordo à legislação do Supremo Tribunal Federal”, destaca.

Em um dos vídeos, Valéria afirma que é mulher, negra, advogada e reforça que tem o direito de trabalhar. 

Bruno Candido Sankofá, presidente da Comissão de Equidade Racial, Intolerância Religiosa e formas correlatas da OAB Nilópolis, onde a advogada é inscrita, reforça o aspecto racista da conduta. Segundo ele, a violência sofrida pela advogada é um exemplo extremo do racismo institucional.

“Esses casos acontecem frequentemente, seja na interceptação do segurança quando o advogado negro vai ingressar no Fórum, seja na tratativa em que é exercida em relação aos outros poderes, outras classes na magistratura, ou no Ministério Público. Essa violência é bem antes do indivíduo se tornar advogado, mas fazendo esse recorte, o próprio estagiário de Direito já sofre essa violência”, afirma. 

A OAB planeja um ato de desagravo à advogada na próxima segunda feira (17) em frente ao 3º Juizado Especial Cível de Duque de Caxias e afirmou que ainda estuda outras ações judiciais sobre o caso. 

Em nota, o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) disse que a juíza leiga que atuava na audiência em questão solicitou a presença dos policiais para conter uma advogada que não havia acatado orientações da magistrada.

 por Mônica Aguiar 

Centenas de manifestações estão sendo publicadas nas redes sociais denunciando mais este  caso de racismo e de impedido do exercício da profissão de um  profissional negro no Brasil. 
Atitudes racistas que colocam grupos negros  segregados por sua raça ou cor, limitando seu direito constitucional de cidadão de ir e vir .

No Jornal Jota, Irapuã Santana, afirma "Um caso estarrecedor de racismo e violação às prerrogativas institucionais da OAB ". 

A OAB publicou "Nota oficial sobre o grave atentado às prerrogativas profissionais durante audiência em Duque de Caxias - RJ  .

O Brasil de Fato traz matéria chamando atenção para racismo institucional " Advogada negra é vítima de racismo institucional em fórum de Duque de Caxias (RJ)".

A revista MarieClare traz matéria sobre o protesto de famosas "Mulheres famosas mostram sua indignação com a prisão de Valéria dos Santos .  ......inúmeras mulheres partiram em defesa de Valéria nas redes sociais, incluindo famosas como Leandra Leal, Iza, Giovanna Ewbank, Fernanda Paes Leme, Carol Duarte, Cris Vianna, Gloria Pires, Camila Pitanga, Letícia Spiller, Nathalia Dill, Sophie Charlotte e várias outras que estão inconformadas com a maneira como Valéria fora tratada.

Dentre centenas de manifestações a da   jovem Luísa, com 20 anos e no  sexto período de Direito, publicada no grupo de Whatsapp Mulher Negra, por sua mãe Consolação,   mãe negra e militante  .....” Mas pra quem diz que o racismo não existe,  tá aí minha dor de mãe.”

"Não adianta. São vários projetos dentro e fora da faculdade que eu faço. 
Vivo ligada no 220. Me cobro de maneira a chegar a prejudicar minha saúde para que eu possa encher um currículo que servirá para deixarem de focar na minha cor quando forem me contratar e focarem nas minhas qualidades profissionais.
Porém, percebi que sou ingênua. 
Não adianta. Nada disso adianta. 
No final, somos resumidos a nossa cor. Tratados como animais. Arrastados em fóruns. Vistos como réus do crime de querer ocupar os locais que são nossos por direito.
O que aconteceu  com a advogada Valéria Santos me afeta em inúmeros aspectos. 
Percebo que quando não nos matam no momento em que alcançamos lugares públicos, como Marielle Franco, somos menosprezadas, humilhadas e pisadas no intuito de nos fazer desistir do que tanto lutamos para conquistar.
Estou dolorida. 
Prometi para mim mesma que ia pegar mais leve com o tanto de responsabilidade que eu assumo, mas como vou parar? 
Como?
A sociedade é racista, machista, lgbtfóbica. 
Tudo o que eu conquistar parece que é pouco.
Só queria que me deixassem respirar. 
Que deixassem as pessoas da minha cor viverem.
Desejo muita luz para você, Dra.Valéria Santos. 
A dor é minha também.
Nós só queremos paz."  
De Luísa Helena


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