A revista M do
jornal Le Monde trouxe em sua edição de junho, o perfil de Victoria
Kawesa. Aos 41 anos, ela é apresentada como sendo a “primeira negra a dirigir
um partido político na Europa”.
A reportagem da revista M conta a trajetória
de Victoria, que foi eleita em 26 de março para dirigir o Iniciativa Feminista,
um pequeno partido político da Suécia.
Crescendo em um país que se diz
igualitário e tolerante, “Victoria Kawesa denuncia os abusos patriarcais e racistas da sociedade sueca”, conta o texto. A jovem,
cuja família vem de Uganda, relata que sentiu preconceito logo que entrou na
escola primária, quando outros alunos cuspiram no seu rosto e seus livros foram
jogados no lixo.
Adulta, ela continua sendo
vítima de ataques, até que deixa o emprego e decide se dedicar à militância da
causa negra, o que a tornou conhecida no país. Ao ser eleita, recebeu muitos
cumprimentos, mas também muitas ameaças, relata o texto.
“Os brancos fazem como se a cor
da pele não tivesse importância, mas negam o fato de que a pele branca tem um
papel importante na obtenção de privilégios na sociedade”, explica nas páginas
da revista. Para confirmar seus argumentos, ela lembra que na Suécia somente
três em cada dez homens negros tem um emprego que corresponde ao seu diploma.
Victoria também prepara uma
tese sobre o tema do “black feminism”, corrente vinda dos Estados Unidos e que
ela afirma ser inexistente na Suécia. “A geração de minha mãe estava ocupada
fazendo faxina e não tinha tempo para se organizar”, argumenta, dizendo que
pretende mudar as coisas no país.
Cerca de 180 mil negros vivem
na Suécia
O texto também ressalta que 40%
dos 180 mil negros que vivem no país nasceram na Suécia. “Eles são vítimas de
um quarto dos crimes de ódio”, analisa a reportagem.
A revista explica que além das
causas feminista e antirracismo, o partido acrescentou uma dimensão pacifista
em seus combates. A medida é uma resposta à estratégia adotada atualmente pela
Suécia, que tem aumentado sua potência militar para enfrentar a ameaça russa.
O partido Iniciativa Feminista
foi criado em 2005 e quase conseguiu entrar no Parlamento em 2014. Mesmo assim,
faz parte de conselhos municipais – o equivalente da Câmara de vereadores – em
treze cidades, inclusive na capital Estocolmo. Agora, a legenda espera
conquistar novos lugares nas eleições previstas para 2018.
Fontes e foto: Lemonde/Asvozesdomundo
Nenhum comentário:
Postar um comentário