Por Mônica Aguiar
Não foi uma gafe como muitos estão afirmando. Um discurso politico vindo de um presidente da república, nada mais é que o reflexo da atual sociedade governante,
que tem apenas duas mulheres como Ministras . Na sua reforma ministerial, promoveu a extinção dos Ministérios das Mulheres e da Igualdade Racial, ambos foram absorvidos pelo Ministério da Justiça e da Cidadania .
Discurso de dez minutos, realizado em uma atividade institucional
do governo, que deveria ser para apontar propostas de combate às desigualdades
existentes, mas fez absoluta questão de reforçar e diminuir o papel da
mulher na sociedade “Bela, recatada e do Lar”.
Discurso conservador,
machista e moralista. Vergonhoso! Algo que não
acontecia desde o governo Geisel (1974-1979), precedido de reformas enviadas ao Congresso Nacional, que afetam diretamente a vida das mulheres, diminuindo ainda mais situação sócio econômica existente de cada uma.
O então Presidente, não conhece os dados gerais da situação
socioeconômica do povo que governa quando afirma que ”Homens e
mulheres são igualmente empregados.”
Afirmação que destoa
completamente das politicas e ações realizadas por Governos anteriores, bem
como do diálogo e manifestações históricas que tratam da igualdade entre homens e mulheres no mercado
de trabalho com a sociedade.
..."Essa disparidade entre os gêneros também pode ser observada na análise da renda da população. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a renda média nacional do brasileiro é de R$ 2.043, mas os homens continuam recebendo mais. Enquanto eles ganham, em média, R$ 2.251, elas recebem R$ 1.762 (diferença de R$ 489)...."
O então Presidente não conhece a densidade demográfica do Brasil onde :
As mulheres são a maioria da população brasileira, 98,419 milhões de homens (48,4% do total) e
104,772 milhões de mulheres (51,6%). Dados Pnad 2014, que entrevistou 362.627 pessoas, que
vivem em 151.291 residências de todas as unidades da federação.
No Sudeste, há quase 4 milhões de mulheres a
mais que homens. São 44,3 milhões de mulheres contra 41 milhões de homens
somando os quatro Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas
Gerais.
No Nordeste, são 27,1 milhões de homens e 29,1
milhões de mulheres — elas também são maioria com uma folga de 2 milhões. No
Sul, existe um equilíbrio: 14,1 milhões de homens e 14,9 milhões de mulheres.
No Norte, a balança também está equilibrada:
8,6 milhões de mulheres e 8,6 milhões de homens. Por fim, no Centro-Oeste, há
7,7 milhões de mulheres e 7,5 milhões de homens — uma leve diferença de 200 mil
mulheres a mais.
O presidente também declarou que "o número de mulheres
que comandam empresas" mesmo com os dados existentes de sub-representação em
cargos executivos de grandes empresas brasileiras e ocupam apenas 11% das 594
vagas do Congresso.
CRÍTICAS
o Presidente do Brasil recebeu várias críticas no Brasil, e nos principais meios de comunicação internacional.
O então presidente da
republica realizou um discurso tosco, preconceituoso, recheado de
incorreções e totalmente afastado da realidade brasileira, Michel Temer
foi vetor de manutenção e de propagação do machismo. (Leonardo Sakamoto)
O escritor Marcelo
Rubens Paiva, por sua vez, chamou Temer de "imbecil". "Que
imbecil esse Michel Temer. Quem faz supermercado é mulher? Na minha casa eu que
faço. Há muitos anos". Ele disse ainda que "está provado que Temer é
um vampiro que nasceu há 200 anos e pensa como se estivesse no século
18"."
O jornalista Josias de
Souza escreveu em seu blog que Temer "parece não enxergar a evolução ao
redor". "Seu discurso talvez fosse bem recebido pelas Amélias da
década de 1940, mulheres que não tinham 'a menor vaidade', cantadas por Mário
Lago e Ataulfo Alves. Ao transportar essa mulher com aroma de passado para
2017, Temer produziu uma hedionda anti-homenagem. Perdeu uma excelente
oportunidade de perder uma oportunidade."
O colunista da Folha de S.Paulo Bernardo Mello Franco escreveu que "desta vez não há como jogar a culpa no marqueteiro".
- Em um texto intitulado "Presidente brasileiro é criticado ao elogiar as habilidades das mulheres no supermercado", a CNN afirmou que Temer "despertou uma onda de raiva" após o discurso "com suas referências ao papel doméstico da mulher" e foi acusado de ser machista nas mídias sociais.
- No espanhol "El País", o título da reportagem sobre o tema foi "O presidente do Brasil reduz o papel da mulher à casa e ao supermercado".
- O "New York Times" também repercutiu o assunto, com um texto chamado "Brasileiro Temer irrita mulheres com elogio às suas habilidades no supermercado". Segundo o jornal, grupos de mulheres estão reagindo com raiva à fala do presidente. O texto lembra que Temer assumiu em maio com uma equipe toda masculina. "Agora, seu gabinete de 28 membros tem duas mulheres", diz.
- No Reino Unido, os jornais "Telegraph" e "Independent" escreveram sobre o discurso e suas reações. A reportagem do "Telegraph" lembra que Temer já é impopular no movimento feminista por seu papel no impeachment da primeira presidente mulher do Brasil, por ter abolido o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos e por ter assumido o poder com um gabinete inteiramente masculino.
- O "Independent" publicou um texto baseado em reportagem da agência Associated Press, que diz que "grupos de mulheres estão reagindo com raiva" ao discurso me que o presidente parabenizou as mulheres por "tomarem conta da casa, educarem as crianças e checarem preços no supermercado".
- O diário deu exemplos de críticas postadas nas redes sociais e citou que nas marchas em celebração do Dia das Mulheres também havia pessoas protestando contra o presidente empossado em agosto, no lugar de Dilma Rousseff.
Fontes: Terra / G1
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