Por Monica Aguiar
O Brasil é
um grande produtor de atos institucionais que sustentam as desigualdades, explícitas
na atual conjuntura política e econômica. As mazelas raciais se revelam expondo
o nível de relação desumanizada, preconceituosa, discriminatória, intolerante e violenta em todos os âmbitos .
Durante toda linha
histórica de formação da sociedade brasileira, os negros e as negras foram
destituídos(as) do aceso aos bens sociais e fundamentais, forçados
a integrar-se no processo de aculturação euro-ocidental. Ressaltando-se
o caráter miscigenador da sociedade brasileira: um povo mestiço, misturado,
tolerante. Desde que não resgatasse a origem do povo negro,
africano.
O mito da democracia
racial institucionalizado existente no Brasil, provavelmente ainda é um dos
mais poderosos mecanismos ideológicos de dominação já produzidos no mundo.
A assertiva delatada repetida
vezes por militantes do movimento negro, de mulheres negras, sobre genocídios, desigualdades sociorracial, mesmo com
toda resistência existente, em recentes períodos
da conjuntura política brasileira, setores da sociedade e órgãos governamentais
se movimentaram de alguma forma para
debater e desnudar as tão faladas sequelas e assimetria do
racismo brasileiro.
Mas o racismo nesta atual
conjuntura política esta muito presente. Altíssimos índices de desemprego que atinge
diretamente o povo negro e as mulheres negras. As desigualdades nas relações salariais predominante
entre os trabalhadores e principalmente as trabalhadoras negras, reforçadas por
condutas institucional que desqualifica o papel das mulheres no mercado de
trabalho e principalmente no desenvolvimento econômico do pais, reforçando prática
da negação da identidade étnica, fomentada pelo desmantelamento de conquistas obtidas pelo
povo negro.
Somos nós, o principal alvo
na reta desta atual linha da historia. Mesmo
com os nossos paralelos de resistências e luta, que iniciaram todo o processo
de exercício pleno da cidadania e afirmação da nossa identidade étnica
racial negra, a valorização e inclusão da nossa mão de obra, o resgate da verdadeira
história e reintegração das nossas terras, somos alvo direto nesta conjuntura
política.
Entretanto, o Estado atual, vem
demostrando diariamente com suas intervenções no Congresso e Senado, aversão as conquistas
obtidas pelo povo negro. Tais conquistas obtidas, ameaça este poder estabelecido
que por sua vez, apresenta muita competência
em sufocar as resistências de caráter coletivo.
Neste quadro de perdas das
conquistas, as mulheres negras, exército
de grandes lideranças, que sofrem com ataques diuturnamente racistas, invisibilizados
e naturalizados nos meios de comunicação arcaicos que sustentam esta atual estrutura
política, tem se apresentado distinta, traduzindo
pautas históricas em ação política
anti-racista. Protogonistas de um novo formato de combater o racismo e
todas as suas formas de preconceitos e discriminações existentes.
Várias
datas marcam a historia de nossa resistência, e abominação ao
racismo. Uma delas instituída em 1960, de 21 de Março, pela ONU. A razão? Em memória do Massacre de
Shaperville, ocorrido na cidade de Joanesburgo, na África do Sul. Onde 20.000
negros que protestavam pacificamente, contra a Lei do Passe, que os obrigava a portar
cartões de identificação, especificando os locais por onde eles podiam
circular. O exército atirou sobre a multidão e o saldo da violência foram 69
mortos e 186 feridos.
Sendo, 21 de
Março - Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação
Racial. Tem apenas 57 anos, a instituição desta data.
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