terça-feira, 11 de agosto de 2015

Mulheres Negras Ainda são Minoria na Política nos Estados Unidos

Por Leandra Felipe 

Cinquenta anos depois da conquista do voto pelos negros norte-americanos, celebrados na última semana, as mulheres negras ainda são minoria na política dos Estados Unidos. Elas representam somente 3,4% dos deputados e senadores eleitos no Congresso norte-americano e somente dois estados têm governadoras negras. Os números fazem parte de um estudo realizado pela Fundação Higher Heights, uma organização não governamental (ONG) que atua em defesa dos direitos das mulheres negras.

Segundo o estudo, o motivo da pequena participação de negras na política do país é que elas enfrentam mais obstáculos e mais preconceito na disputa de cargos eletivos. Embora as mulheres negras representem 8,1% do eleitorado norte-americano e 7,4% da população do país, somente 18 ocupam vagas no Câmara de Deputados. Não há, porém, nenhuma senadora negra na atual legislatura. Nos estados, há 253 negras eleitas para cargos legislativos. Vinte e cinco são prefeitas em cidades com população acima de 30 mil habitantes, mas apenas quatro estão entre os que comandam as 100 maiores cidades norte-americanas.

Ainda assim, diz a  cofundadora da Fundação Higher Heights, Glynda C. Carr, a participação das mulheres vem crescendo, e agora há um pouco mais de espaço para lutar por mais representação. As eleições legislativas do ano passado por exemplo, tiveram a marca “histórica” de mais de 100 candidatas negras.
“O aumento das mulheres pretas candidatas e oficiais eleitas é história recente, com boa parte dos ganhos ocorridos ao longo das últimos quatro décadas”, disse Glynda à Agência Brasil.
Sobre as barreiras enfrentadas pelas mulheres negras na política, o relatório diz que são profundas e que há mais negros do que negras em atividade em cargos executivos e legislativos. "A discriminação contra a mulher é ainda mais forte quando se trata da mulher negra", afirma Glynda. Há estados, por exemplo, que nunca elegeram uma mulher negra para nenhum cargo legislativo ou executivo. “Há oito estados que não têm nenhuma representante negra na política”, diz. Os estados com maior representatividade da mulher negra são a Georgia e Maryland, curiosamente dois estados em que a luta pelos direitos civis foi intensa. Glynda diz que as mulheres negras recebem menos incentivos para “envolver-se” em causas políticas. “Negras são mais desencorajadas a correr atrás ou ser mais ativas politicamente que homens negros e mulheres brancas. E a maioria das representantes negras está em distritos menos abastados, que são menos propensos a fazer parte de uma rede de recursos ou de ter acesso à captação de recursos financeiros para a política”, explica.
A assessora parlamentar Jacqueline Leathers, que trabalha questões de gênero no Senado da Georgia, disse à Agência Brasil que uma questão-chave para aumentar a participação das mulheres negras na política norte-americana é proporcionar-lhes ferramentas de empoderamento. “Devemos seguir batalhando por igualdade de condições no trabalho, igualdade de acesso à escola e igualdade de condições nas bases partidárias para que as mulheres que aspiram a ser líderes”.  
Fonte : EBC

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