sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Modelo Thando Hopa Sul-africana é Albina Conta como Superou os Preconceitos


Reprodução
Desfilando as roupas de um conhecido estilista da África do Sul, a advogada e modelo sul-africana Thando Hopa, que é albina, é hoje uma referência para crianças vivendo com albinismo no país. Em depoimento, ela conta como superou o preconceito e discriminação sofridos na infância e "decidiu", um dia: "Vou ser estonteantemente linda".

“Desde muito pequena, meus pais se esforçaram para que eu não me sentisse diferente. Mas, infelizmente, quando fui à escola e fui apresentada à sociedade, crianças, em particular, agiam diferente em relação a mim. Me xingavam, não queriam tocar em mim”


Ainda criança, Thando ouviu diversas barbaridades — entre elas, que era “filha do Diabo” — e passou a se isolar cada vez mais de outras pessoas. Tentou parar de frequentar a escola, mas foi impedida por seus pais. Os dois, então, passaram a ter papeis fundamentais para que ela se aceitasse e conseguisse driblar o preconceito alheio.

"Nunca, jamais, imaginei desfilar em uma passarela. Eu queria ser advogada, achava que o mundo da moda era superficial e que só mulheres pouco inteligentes faziam esse tipo de atividade. Não queria ser associada a esse estilo de vida. Mas é muito fácil formar opiniões a respeito de uma carreira sobre a qual você não sabe absolutamente nada".

Thando então, resolveu deixar de lado qualquer julgamento alheio e passou a viver sua vida. Cresceu profissionalmente e conseguiu explorar sua beleza a ponto de se tornar modelo. 

Hoje, com carreira consolidada, virou referência contra o preconceito. Afirma que a atividade oferece uma plataforma para o trabalho de conscientização da população.


"Nosso slogan é A different shade of normal (em tradução livre, um tom diferente de normal). Ele permite que falemos sobre outras questões associadas ao albinismo. Coisas como [problemas de] pele e o nistagmo (movimentos oscilatórios e rotatóriosdos olhos) que afeta a maioria das pessoas com albinismo, e que me atrasou muito nos estudos".
Hopa conta que o retorno que recebe do público é muito positivo. Como o comentário a seguir, que ouviu de uma mãe: 
"Quando estou assistindo TV com minha filha pequena, digo a ela: 'Olha aquela moça, você está vendo só? Você pode ser como ela'."
"Me contam que me tornei uma referência positiva para seus filhos e que eu sou para eles uma prova de que podem superar suas circunstâncias", diz a modelo.
O albinismo – transtorno genético caracterizado por falta do pigmento melanina na pele, cabelos e olhos – é relativamente raro na maior parte do mundo. 
Estatisticamente, entre uma em 17 mil e uma em 20 mil pessoas são albinas. No entanto, índices do transtorno em algumas regiões africanas são bem mais altos. Segundo estimativas, uma em cada 4 mil pessoas na África do Sul seria albina e, na Nigéria, o índice seria de um albino em cada 5 mil habitantes. 
Na Tanzânia, porém, a incidência do transtorno seria bem mais alta. Segundo estudo publicado em 2006 pela revista científica BMC, uma em cada 1.400 pessoas no país seria albina. O cálculo foi feito com base em dados incompletos mas, se for correto, haveria na Tanzânia uma população de mais de 40 milhões de pessoas, cerca de 30 mil albinos.
Especialistas suspeitam que maiores índices de albinismo estejam associados a uma maior incidência de casamentos consanguíneos em uma população. 
Em vários países africanos, pessoas albinas tendem a ser discriminadas pela sociedade e até por suas próprias famílias. 
Casos de infanticídio de bebês albinos são comuns e muitas famílias deixam de enviar filhos albinos à escola por acreditarem que suas chances de conseguir emprego são mínimas. 
Na Tanzânia, onde muitos acreditam que partes de corpos de albinos tragam poder e sorte, pessoas com albinismo são mortas e seus corpos usados em rituais supersticiosos.
Fonte e  trechos  entrevista BBC

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