A luta das mulheres negras mineiras tem sido ininterrupta ao longo da história de existência de nosso estado e de nosso país.
Somos nós as maiores vítimas da profunda desigualdade racial
no estado, é sobre nós, que recai todo o peso da herança colonial em que o
sistema patriarcal apoia-se solidamente com a herança do sistema escravista.
A interseccionalidade do racismo, sexismo, das desigualdades econômicas e regionais vem produzindo em nossas vidas um quadro de destituição, injustiça e de exclusão.
Com a convicção que o racismo introduz uma rigidez ao
exercício da nossa cidadania, no desenvolvimento econômico, lançando
dificuldades nas intervenções e diálogos com o movimento de mulheres negras,
reafirmamos que qualquer avanço apontado para nós mulheres negras, em quaisquer
estâncias deste país, seja governamental ou não, deve a nossa luta realizada
por nossa própria conta e risco, a fim de alcançar oportunidades e incluir no
exercício de nossa cidadania, o acesso ao que nos foi subtraído: - os direitos
fundamentais e os bens sociais.
Várias denúncias de desigualdades sofridas foram realizadas e
de maneira ininterrupta, desde a primeira existência do Fórum Estadual de
Mulheres Negras, aos órgãos competentes deste Estado nas Minas Gerais.
Sendo, exigimos que neste momento da atual conjuntura
administrativa governamental, reconheçam de fato as nossas especificidades, promovendo
através de políticas de Estado, reparatória, o aniquilamento da imensa dívida
contraída por este Estado, com as
mulheres negras mineiras em todos os sistemas econômicos da história, na
política e vida social.
Entendemos que as ações federativas em exercício, representam
um avanço no processo de construção de uma democracia substantiva, garante
significativamente várias demandas do movimento negro junto ao Estado
brasileiro, mas não devemos esquecer que esta Nação é (co) responsável pelos
séculos de escravismo e manutenção de mecanismos de subalternização da
população negra – inclusive por meio do racismo institucionalizado que é o entravo na vida das
mulheres negras.
É a partir deste cenário que nós, Mulheres Negras Mineiras,
manifestamos nossa apreensão face ao quadro de desigualdades que somos ainda
atingidas e submetidas no Estado de Minas Gerais em todas as áreas.
Nós Fórum Estadual de Mulheres Negras entendemos que para
cumprir com todos os protocolos, todas as decisões, tratados, legislações
específicas, acordos, todos os planos de ação das conferências que o país e que
Minas Gerais subscreveu para promover a equidade de gênero, de raça e respeitar
os direitos humanos das mulheres, ressalta que somente com as políticas
públicas especificas e direcionadas aos setores até aqui excluídos nos mulheres
negras, será de fato concretizado a democracia.
Exigimos que os compromissos apontados por nós, em defesa os
direitos das mulheres negras em suas diferentes idades, credos, orientações
sexuais e religiões sejam cumpridos em
Mina Gerais.
Comparecemos aqui solicitando:
IGUALDADE
- A instituição de Lei que obriga em todos os municípios de Minas Gerais a ter nos Conselho da Mulher e Conselho de Promoção da Igualdade Racial , bem como Conselho Estadual da Mulher e Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial de no mínimo 30% de mulheres negras, considerando sua composição total, cumprindo com o disposto aprovado na IIIª Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial.
- Cotas em serviços públicos e prestação de serviços em cargos de nível superior;
- Elaboração do Estatuto da Igualdade Racial de Minas Gerais;
- Criação da Casa de Cultura da Mulher Negra de Minas Gerais.
31 DE JULHO DE 2015 - FÓRUM ESTADUAL DE
MULHERES NEGRAS MINAS GERAIS
Nenhum comentário:
Postar um comentário