Cerca de 70 mil meninas e jovens com idades entre os dez e os 19 morrem todos os anos por
complicações durante a gravidez e o parto, indica um relatório das Nações Unidas que apela uma mudança de políticas e mentalidades.
O relatório, do Fundo de População das Nações Unidas, divulgado terça-feira, revela que, nos países em desenvolvimento, cerca de 7,3 milhões de meninas menores de idade dão à luz todos os anos, a maioria das quais na África subsaariana e no sul da Ásia, com uma em cada dez raparigas do Bangladesh, Chade, Guiné, Mali, Moçambiquee Níger a revelarem terem um filho antes dos 15 anos.
O fundo alerta que este é um "enorme problema global" que exige atenção e defende que os governos e grupos civis devem perceber que as meninas em causa não são as únicas responsáveis, lembrando o papel da pobreza, da baixa escolaridade, da falta de aconselhamento sobre métodos contraceptivos, da prática do casamento infantil e da violência sexual.
"Muitas vezes a sociedade culpa apenas a rapariga por engravidar", afirmou o membro do fundo Babatunde Osotimehin, durante a apresentação em Londres do relatório "Maternidade na Infância".
Acrescentou que, na realidade, "a gravidez na adolescência não é o resultado de uma escolha deliberada, mas de uma falta de escolhas e fruto de circunstâncias que fogem ao controlo da jovem".
O responsável defendeu ainda ser necessário refletir e exigir "alterações nas políticas e normas familiares e de governos que muitas vezes não deixam outra alternativa que não seja seguir o caminho de uma gravidez precoce".
De acordo com vários inquéritos, 19 por cento das mulheres entre os 20 e os 24 anos dos países em desenvolvimento tiveram o seu primeiro filho antes dos 18 anos, o que equivale a 36,4 milhões de mulheres, segundo dados de 2010.
Destas, cerca de 17,4 milhões são oriundas do sul da Ásia, 10,1 milhões da África subsaariana e 4,5 milhões na América Latina e Caraíbas, revela o fundo das Nações Unidas.
Segundo o estudo, estas jovens correm maiores riscos de morte materna ou de fístula obstétrica. Muitas das menores ficam incontinentes e enfrentam um futuro difícil ao serem pressionadas a abandonar precocemente a escola.
Fonte: ANGOP
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