Por Centro de Referência da Cultura Negra de Venda Nova
O Vetor Norte, uma região que abrange uma área significativa
do entorno de Belo Horizonte, é marcado por uma composição populacional diversa
e por notáveis desigualdades socioeconômicas.
Estas desigualdades influenciam
diretamente a saúde das mulheres, tornando crucial um estudo aprofundado das
causas externas de morbidade e mortalidade entre elas.
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Foto Defensoria Pública de Minas Gerais |
Os determinantes sociais da saúde, como condições de
habitação, acesso a serviços de saúde, educação e emprego, desempenham um papel
fundamental na compreensão dessas questões.
Fatores como violência doméstica, condições de trabalho
precárias são algumas das causas externas que afetam desproporcionalmente as
mulheres na região. Além disso, a disparidade no acesso a recursos e serviços
de saúde de qualidade exacerba a vulnerabilidade dessa população.
Portanto, é essencial que políticas públicas e intervenções
sociais sejam orientadas para mitigar essas desigualdades, promovendo assim um
ambiente mais equitativo e saudável para todas as mulheres do Vetor Norte.
A população do Vetor Norte é composta por maioria de mulheres
com idade reprodutiva entre 19 e 49 anos.
Os municípios que formam o Vetor
Norte têm Belo Horizonte como referência para vários serviços de saúde de alta
e média complexidades, atenção secundária e terciária, na Rede Hospitalar.
Existem desafios significativos que precisam ser superados no
acesso aos serviços de saúde pública.
A universalidade e a implementação da Política
de Atenção a Saúde da Mulher Rede Alyne na Região de Venda Nova é
imprescindível para garantia da qualidade de vida de todas as mulheres.
O Vetor Norte, é uma região em desenvolvimento lento,
enfrenta desafios significativos no que diz respeito às desigualdades
socioeconômicas, que impactam diretamente a saúde das suas habitantes.
As causas externas de morbidade e mortalidade entre as
mulheres neste contexto são influenciadas por uma série de fatores sociais
determinantes.
A violência de gênero, que é exacerbada por
condições socioeconômicas precárias, se destaca como uma causa externa
significativa que precisa ser abordada.
Além disso, o acesso limitado a serviços de saúde de
qualidade e a falta de políticas públicas efetivas para a proteção social
agravam ainda mais a situação.
Portanto, se faz nescessário a produção de um estudo aprofundado que analise essas influências
se torna crucial para o desenvolvimento de intervenções eficazes que visem
reduzir as desigualdades e melhorar a saúde e o bem-estar das mulheres na Região.
O Seminário de Saúde da Mulher-(SESAMU) completou sua
terceira edição em 2023.
Reúnem-se a cada três anos, em Belo Horizonte, com o
objetivo principal de debater, informar e apresentar propostas para as ações e
programas destinadas à promoção da Política de Atenção à Saúde das Mulheres e
as estratégias para monitoramento da cobertura da atenção básica, promoção da
equidade de gênero e raça e conhecimento sobre os serviços que fazem parte do
SUS.
O Terceiro Seminário de Saúde da Mulher foi realizado e organizado pelo Centro de
Referência da Cultura Negra de Venda Nova em parcerias com diversas entidades e
instituições REHUNA(Rede Nacional de Humanização do Parto e Nascimento),
CRIOLA, Defensoria Pública de Mina Gerais, Associação dos Defensores Públicos
de Minas Gerais , Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa
do Nado, Fundação Municipal de Cultura –
FMC .
A terceira edição contou com diversas parceiras na coordenação e
organização: Neuma Soares Rodrigues
(Presidente do Conselho de Saúde do Hospital Universitário Risoleta Neves
Tolentino Neves e Conselho Distrital de
Venda Nova); de Samantha Vilarinho Mello Alves (Defensora Pública e Coordenadora
Estadual de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres da Defensoria Pública
do Estado de Minas Gerais); Maria Lina Aguiar de Souza (Comissão interinstitucional
de Saúde da Mulher do CMS/BH; Ambientalista membro do FMCJ – Fórum Nacional de
Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental); Regina Capistrano (Conselho
Hospitalar Maternidade Sofia Feldmam, Conselheira Municipal de Saúde de Belo
Horizonte); Maria Cristina Silva (Conselheira Tutelar); Terezinha Rocha (Conselho
Estadual de Saúde e da Associação dos Deficientes de Minas Gerais); Polly do Amaral
(InsTar, Sentidos do Nascer e Movimento Nasce Leonina); Rosália Diogo e Viviane
Sales (Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado,
CRCP, Fundação Municipal de Cultura – FMC).
É realmente admirável que o Centro de Referência da Cultura
Negra de Venda Nova consiga mobilizar parcerias sem depender de subsídios
governamentais.
Essa capacidade de articulação reflete um forte compromisso com
a comunidade e uma habilidade notável em criar redes de cooperação.
O Seminário
de Saúde da Mulher é uma iniciativa importante, pois aborda questões cruciais
de saúde que historicamente afetam desproporcionalmente as mulheres negras.
Através
do Seminário, o Centro não apenas promove a conscientização sobre a saúde,
mas também fortalece o senso de comunidade e empoderamento entre os
participantes.
Essa abordagem colaborativa demonstra a eficácia de parcerias
estratégicas na promoção do bem-estar social e cultural.
As parcerias desempenham um papel crucial no enriquecimento
do conteúdo de um Seminário, tornando-o mais robusto e diversificado.
Ao reunir
diferentes perspectivas e áreas de especialização, as colaborações promovem
um ambiente de aprendizado mais dinâmico e abrangente.
Além disso, elas
fomentam um senso de comunidade e cooperação, pois incentivam a troca de ideias
e a construção de redes de contato entre os participantes.
A interação não
só amplia o conhecimento individual, mas também fortalece o evento como um
todo, transformando-o em uma plataforma valiosa para inovação e desenvolvimento
coletivo.
A união de esforços é uma prática fundamental em qualquer
projeto que busca excelência.
Quando várias pessoas ou equipes unem suas
habilidades e conhecimentos, o resultado é um produto final que não apenas
atende aos padrões de qualidade, mas frequentemente os supera.
A colaboração existente permite a troca de ideias e a identificação de soluções inovadoras para
desafios complexos.
O comprometimento e a dedicação de cada
participante são refletidos no trabalho final, promovendo um senso de
pertencimento e realização coletiva.
A diversidade de perspectivas também
enriquece o processo criativo, garantindo que o produto atenda a uma ampla gama
de necessidades e expectativas.
Portanto, a cooperação efetiva é uma poderosa
ferramenta para alcançar resultados excepcionais.
Entre os resultados dos seminários destacamos:
- Compreensão que atenção à saúde das mulheres em
todas as suas fases de vida é fundamental para garantir seu bem-estar físico,
emocional e social.
- A manutenção das conquistas alcançadas ao longo dos anos,
especialmente no que diz respeito aos direitos sexuais e reprodutivos, é
crucial para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento feminino.
Esses direitos incluem o acesso a informações precisas sobre saúde sexual, a
possibilidade de tomar decisões informadas sobre a reprodução, e o acesso a serviços
de saúde de qualidade que respeitem a autonomia das mulheres.
- A importância em abordar as necessidades de saúde específicas das mulheres em
diferentes etapas de suas vidas, desde a adolescência até em todas as fases idosas, assegurando que políticas públicas e sistemas de saúde estejam preparados para
atender a essas demandas de maneira eficaz e inclusiva.
- A garantia da saúde como um direito e
um componente essencial da cidadania, reconhecendo como um princípio fundamental que deve ser
assegurado em qualquer sociedade democrática.
- O reconhecimento que a saúde e o adoecimento não são
fenômenos estáticos; eles variam significativamente ao longo do tempo e do
espaço, influenciados por uma série de fatores, incluindo as desigualdades de
acesso decorrentes do desenvolvimento econômico, social e racial de cada
região.
- O reconhecimento que em muitas partes do Brasil, as populações negras enfrentam barreiras substanciais no
acesso a serviços de saúde de qualidade, o que perpetua ciclos de pobreza e
vulnerabilidade. Portanto, é crucial que políticas públicas sejam implementadas
para mitigar essas desigualdades, promovendo a equidade no acesso à saúde.
- Alocação de recursos adequados, com a criação de um
ambiente inclusivo, antirracista que reconheça e atenda às necessidades específicas de
diferentes grupos populacionais, respeitando suas identidades e contextos
culturais.
- A saúde deve ser vista como um direito humano universal, e sua garantia
é um passo vital na construção de sociedades mais justas e equitativas.
- A formulação do dossiê que norteiará as
ações de atenção à saúde da mulher para um período de três anos é uma tarefa
crucial para garantir o bem-estar e a equidade no acesso aos serviços de saúde. O Dossiê deve contemplar uma análise abrangente das necessidades de
saúde das mulheres, levando em consideração fatores socioeconômicos, culturais
e demográficos que possam influenciar seu acesso e qualidade de atendimento. O
dossiê deverá propor estratégias para promover a saúde preventiva, melhorar o
atendimento ginecológico e obstétrico, e atender às demandas específicas de
saúde mental e reprodutiva. Além disso, é essencial que este documento envolva
a participação ativa da sociedade civil, por meio de consultas e audiências
públicas, para assegurar que as vozes das mulheres sejam ouvidas e respeitadas.
- O dossiê, deverá l ser entregue aos conselhos de saúde e ao poder público como uma
Carta recomendatória, deve servir como um instrumento de controle social,
promovendo a transparência e a responsabilidade na implementação das políticas
de saúde voltadas para as mulheres.
- O envolvimento das pessoas
participantes em debates sobre as especificidades da saúde da população negra é
fundamental para promover uma atenção mais equitativa e eficaz.
- Ampliação dos debates sobre a saúde sexual e reprodutiva e saúde da população negra enfatizando a equidade na atenção básica, garantindo que todos tenham
acesso a assistência e serviços de saúde, independentemente de sua origem étnica
ou socioeconômica.
- O reconhecimento da integralidade dos serviços como princípio essencial, assegurando
que as necessidades de saúde da população negra sejam tratadas de forma
holística, abordando tanto fatores físicos quanto sociais.
- A garantia da descentralização e
a regionalização dos serviços, pois permitem que as
soluções de saúde sejam adaptadas às realidades locais, promovendo uma melhor
distribuição dos recursos e aumentando a acessibilidade.
- Engajar a
comunidade com conhecimento em todo o processo de saúde pública , identificando as barreiras específicas e criando estratégias mais eficazes para superá-las, promovendo assim um sistema de saúde
mais justo, transparente e inclusivo.
- Avaliação e apresentação de propostas
com ênfase na melhoria da atenção à saúde da mulher em todas as fases de sua
vida, combatendo a racismo na saúde, violência obstétrica.
A cada edição do Seminário de Saúde da Mulher,
uma nova experiência.
O Centro de Referencia da Cultura Negra de Venda Nova defende
a expansão do Vetor Norte desde que proporcione oportunidade igualitária.
Porém
com as dinâmicas territoriais e econômica, o Vetor Norte sofre com o aumentar das
desigualdades, gerando segregação sociorracial, além dos grandes problemas de
ordem ambiental.
O aumento das tarefas e responsabilidades que recaem sobre as
mulheres, criam barreiras significativas para sua participação
ativa em causas sociais e movimentos ativistas.
As mulheres enfrentam a dupla
jornada, dividindo-se entre o trabalho remunerado, responsabilidades domésticas,
familiares e as extra familiares que limita seu tempo e energia para se engajar
em atividades cívicas. Isso não apenas as distancia de informações importantes
e serviços essenciais, mas também restringe sua capacidade de influenciar
mudanças sociais e políticas. Além disso, a falta de acesso a redes de apoio e
recursos pode agravar essa situação, perpetuando um ciclo de exclusão.
É
crucial, portanto, buscar soluções que promovam a equidade de gênero, como
políticas públicas que ofereçam suporte adequado, promovam a divisão equitativa
das responsabilidades e incentivem a participação feminina em todas as esferas
da sociedade.
O Seminário de Saúde da Mulher é um evento fundamental que
promove um ambiente acolhedor e enriquecedor para todas as participantes.
Este
espaço não apenas facilita encontros e reencontros entre mulheres de diversas
áreas e origens, mas também incentiva o compartilhamento de experiências e
conhecimentos que são cruciais para a valorização do papel da mulher na
sociedade.
O Seminário de Saúde da Mulher oferece a oportunidade de discutir temas
relevantes sobre a saúde feminina, proporcionando informações atualizadas e
práticas que podem melhorar a qualidade de vida das participantes.
Ao
incentivar o exercício da cidadania, o evento reforça a importância do
protagonismo feminino na construção de um futuro mais justo e igualitário.
O Seminário de Saúde das Mulheres – SESAMU é um evento
significativo que promove o diálogo e a troca de conhecimentos entre mulheres
envolvidas em diversas áreas ligadas à saúde e aos direitos humanos em Minas
Gerais. Reunindo conselheiras de saúde, pesquisadoras, trabalhadoras do setor,
além de militantes em defesa dos direitos das mulheres, do movimento negro e
dos direitos humanos, o seminário busca abordar os desafios enfrentados por
essas populações no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). As participantes
exploram temas como as desigualdades econômicas e territoriais e o impacto do
racismo no acesso e na qualidade dos serviços de saúde.
O SESAMU, portanto, se
configura como um espaço de resistência e construção coletiva, visando à
promoção de políticas de saúde mais justas e inclusivas para todas as mulheres.
O foco no debate sobre atenção básica e determinantes
sociais, especialmente dentro de um contexto de ações afirmativas no Centro de
Referência da Cultura Negra de Venda Nova, é vital para enfrentar e derrubar
barreiras raciais persistentes nas estruturas estatais e governamentais.
O
Seminário de Saúde da Mulher exemplifica um espaço onde essa discussão se
materializa de maneira eficaz.
A participação ativa das mulheres não apenas enriquece
as conversas, mas também cria um ambiente de colaboração genuína, onde todas
são ouvidas e valorizadas.
Essa interação fomenta a emergência de ideias
inovadoras e soluções criativas, ao mesmo tempo que promove o desenvolvimento
pessoal e profissional das participantes.
A troca de experiências fortalece uma
rede de apoio essencial, capacitando as envolvidas a enfrentar os desafios
contemporâneos com solidariedade e determinação.
Edição - Mônica Aguiar Coordenadora geral do Centro de Referência da Cultura Negra de Venda Nova