Por Mônica Aguiar
O aumento no número de filmes curtos que retratam violência contra mulheres é uma tendência preocupante e que merece atenção crítica. Esse tipo de conteúdo pode ter um impacto negativo ao perpetuar estereótipos prejudiciais e normalizar comportamentos abusivos.
Com o avanço das tecnologias de
comunicação, tornou-se mais fácil para indivíduos mal-intencionados atacar,
intimidar ou assediar principalmente as mulheres em ambientes virtuais.
As plataformas digitais,
frequentemente usadas para conexão e expressão, tornam-se palcos livres de
comportamentos abusivos, como assédio, agressões, ameaças e difamação. Formando
uma rede de violência cibernética.
Os atos de violência cibernética
afetam o bem-estar emocional das mulheres e principalmente das meninas que têm
acesso livre a estes canais e plataformas de comunicação.
A facilidade de anonimato e a
falta de consequências imediatas incentivam a perpetuação desses abusos.
A produção simbólica de
violências desempenha um papel crucial na formação e disseminação de ideias e
valores, são espelhos das estruturas sociais e culturais existentes. No
contexto das referências de relação da sociedade, essa produção perpétua
narrativas e estereótipos que reforçam preconceitos e discriminações raciais.
O imaginário que coloca a culpa nas mulheres por variados aspectos da sociedade é uma construção social enraizada em estereótipos de gênero e desigualdades históricas.
Essa visão simplista e equivocada ignora a complexidade das dinâmicas sociais e a contribuição significativa das mulheres em todas as esferas da vida.
A
afirmação de que metade do mundo é composta por mulheres e a outra metade foi
parida por elas tenta, de maneira reducionista, atribuir uma responsabilidade
injusta às mulheres, sem reconhecer o papel ativo e vital que desempenham na
sociedade e todo o processo de violências sofrida.
Não existe compreensão por parte
de muitas pessoas que valorize a igualdade de gênero, reconhecendo que tanto
homens quanto mulheres têm responsabilidades e direitos iguais. Desconstruir
conceitos de violência, mitos, promoção do respeito mútuo e da colaboração
entre todos os gêneros passa por mudanças de padrões das plataformas para
inclusão destas “curtas/filmes” em redes socais.
Estas produções denominadas
particulares/individual de violência nas redes sociais, infelizmente, têm
desempenhado um papel significativo na perpetuação e intensificação das
desigualdades sociais.
Quando reafirmam estereótipos
raciais contra uma mulher negra, essas representações contribuem para a
manutenção de hierarquias e divisões baseadas em raça. A exposição contínua a
conteúdos que enfatizam essas divisões normalizam e solidificam preconceitos e
discriminações, tornando-se um círculo vicioso.
Além disso, a natureza viral e
instantânea das redes sociais permite que essas mensagens se espalhem
rapidamente, alcançando um público vasto e diversificado. Isto inclui crianças
e adolescentes.
Essa forma de violência pode ter
consequências devastadoras para as vítimas, incluindo danos emocionais,
psicológicos e, em casos extremos, até físicos.
Combatê-la exige uma abordagem
multifacetada, que inclui a educação digital para promover comportamentos
online responsáveis, o fortalecimento das leis e regulamentações para punir
comportamentos abusivos, e o desenvolvimento de tecnologias de detecção e prevenção
de ataques cibernéticos.
A promoção de canais de denúncia
eficazes é crucial para combater a violência contra a mulher. Infelizmente,
muitas vezes faltam sistemas adequados que incentivem as vítimas a denunciar
agressões, ou que garantam que todas as produções culturais, como
curtas-metragens, incluam mensagens explícitas sobre a criminalidade desses
atos.
É essencial que criadores de
conteúdo e plataformas de distribuição reflitam sobre a responsabilidade que
têm em promover narrativas mais saudáveis e inclusivas. Além disso, é
fundamental que o público esteja ciente dos efeitos que essas representações
podem ter na sociedade e exija uma abordagem mais ética e consciente na
produção audiovisual.
Além disto, as plataformas online precisam assumir a responsabilidade de criar ambientes seguros e
acolhedores, onde todos possam interagir sem medo de represálias ou assédio. A
colaboração entre governos, empresas de tecnologia e a sociedade civil é essencial
para enfrentar efetivamente esse desafio crescente.
A arte e o entretenimento têm o
poder de educar e inspirar mudanças positivas, por isso é importante que sejam
usados para promover respeito e igualdade.
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