quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Crise impacta vida das mulheres negras. Afirma pesquisa


Por Mônica Aguiar 

Uma Pesquisa  “Saúde Financeira das Mulheres Negras e Tempos de COVID19”, foi lançada  no dia 27 de julho, pelo Instituto Identidade do Brasil, relatam dados como a crise  provocada pela pandemia  impacta em 80% das empreendedoras negras.

A pesquisa foi dividida em duas fases. A última fase foi realizada entre os dias 9 e 16 de julho  e teve como objetivo principal mapear os impactos das medidas de isolamento da vida econômica das mulheres negras no Brasil e foi elaborada e desenvolvida por seis pesquisadoras negras ligadas ao Programa de Pós-Graduação em Relações Étnico-Raciais do CEFET-RJ, à FGV (Fundação Getúlio Vargas) e à UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). 

Na primeira fase da pesquisa, buscaram, analisar a situação das empreendedoras. Na maioria entre o total das entrevistadas: 72% são empreendedoras e 28% profissionais em empresas nacionais ou internacionais.

O levantamento conclui que 56% das empreendedoras afirmaram ter despesa mensal média entre 1 mil e 5 mil reais, orçamento superior à ajuda oferecida pelo governo federal, de R$600.

Para as trabalhadoras em empresas, 44% tiveram impactos adversos na sua realidade orçamentária como:  descontos em benefícios, desconto pelos dias de trabalho suspenso e chegando a demissões. 

Foto:Mônica Aguiar

Entre as entrevistadas, 83% das mulheres se autodeclararam pretas, de acordo com definições do IBGE. Maior parte das mulheres negras que responderam à pesquisa são jovens (estão entre 30 e 34 anos de idade) e escolarizadas; 61% disseram possuir ensino superior, destas 31% cursaram pós-graduação e 72% do total de respondentes está na região sudeste do País.

Conforme estudo do IPEA(Instituto de Pesquisa Aplicada), em 2018, as mulheres negras apresentam uma taxa de 50% a mais que as não negras quando o assunto é vulnerabilidade.

A pesquisa também aponta que, entre as mulheres empreendedoras, 60% afirmaram que, se tornaram empreendedoras por necessidade; 45% relataram que não conseguem alocação ou reconhecimento no mercado de trabalho formal. 
Cerca de 15% afirmaram que perderam o emprego ou tiveram suas fontes de renda reduzidas durante a pandemia; 41% vive do retorno de sua produção e/ou serviço e 30% do auxílio emergencial.

Entre as demais urgências relatadas estão a prospecção com potenciais clientes (21,1%), suporte tecnológico (10,3%), mentoras (7,4%) e apoio psicológico (5,1%), demonstrando que, além da estrutura financeira, também carecem de outros tipos de apoio para prosseguirem com seus empregos e empreendimento.

A maternidade é um dos fatores que intensifica a insegurança financeira- sejam elas empreendedoras ou empregadas no mercado formal.  
41% das mulheres que responderam à pesquisa são mães e 43% delas disse arcar com as despesas dos filhos sozinhas; apenas 15% conta com o apoio do auxílio emergencial ou do bolsa família e 44% dizem que não contam com o apoio nos cuidados diários com os filhos. 

A pesquisa também informa um dado importante, mas já denunciado por militantes que atuam em defesa do SUS. A maioria não dispõem de recursos para tratamento e cuidado com a saúde mental, correspondendo 37% das respostas.

Entre as linhas da pesquisa detectamos que 28% apontaram estar abaladas por questões financeiras e, 26% dizem estar com a saúde mental abalada por outros motivos e 36% das respondentes informaram, ainda, que têm sofrido de crises de ansiedade e 20% apontam oscilações de humor.

Em 2018, o Ministério da Saúde afirmou que 80% da população negra só tinha o SUS como plano de saúde. 

Estudos no país também mostram que a ocorrência de transtornos mentais comuns é maior em mulheres negras ou pardas.



Fontes: Huffpostbrasil/ EBC/NotíciaPreta/Geledés/IPEA/

Um comentário:

Unknown disse...

Oi Mônica, excelente reflexão e debate sobre esse grave problema.
Obrigada pela contribuição.
Abraços querida.

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