Por Mônica Aguiar
Uma Pesquisa
“Saúde Financeira das Mulheres Negras e
Tempos de COVID19”, foi lançada no dia
27 de julho, pelo Instituto Identidade do Brasil, relatam dados como a crise provocada
pela pandemia impacta em 80% das empreendedoras
negras.
A pesquisa foi dividida em duas fases. A última fase foi realizada entre os
dias 9 e 16 de julho e teve como objetivo principal mapear os impactos das
medidas de isolamento da vida econômica das mulheres negras no Brasil e foi elaborada e desenvolvida por seis pesquisadoras negras ligadas ao Programa de
Pós-Graduação em Relações Étnico-Raciais do CEFET-RJ, à FGV (Fundação Getúlio
Vargas) e à UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
Na primeira fase da pesquisa, buscaram, analisar a situação das
empreendedoras. Na maioria entre o total das entrevistadas: 72% são
empreendedoras e 28% profissionais em empresas nacionais ou internacionais.
O levantamento conclui que 56% das empreendedoras afirmaram ter
despesa mensal média entre 1 mil e 5 mil reais, orçamento superior à ajuda
oferecida pelo governo federal, de R$600.
Para as trabalhadoras em empresas, 44% tiveram impactos adversos
na sua realidade orçamentária como: descontos em benefícios, desconto pelos dias
de trabalho suspenso e chegando a demissões.
Foto:Mônica Aguiar |
Entre as entrevistadas, 83% das mulheres se
autodeclararam pretas, de acordo com definições do IBGE. Maior parte das
mulheres negras que responderam à pesquisa são jovens (estão entre 30 e 34 anos
de idade) e escolarizadas; 61% disseram possuir ensino superior, destas 31%
cursaram pós-graduação e 72% do total de respondentes está na região sudeste do
País.
Conforme estudo do IPEA(Instituto de Pesquisa Aplicada), em 2018, as mulheres negras apresentam uma taxa de 50% a mais que as não negras quando o assunto é vulnerabilidade.
A pesquisa também aponta que, entre as mulheres empreendedoras, 60% afirmaram que, se tornaram empreendedoras por necessidade; 45% relataram que não
conseguem alocação ou reconhecimento no mercado de trabalho formal.
Cerca de
15% afirmaram que perderam o emprego ou tiveram suas fontes de renda reduzidas
durante a pandemia; 41% vive do retorno de sua produção e/ou serviço e 30% do
auxílio emergencial.
Entre as demais urgências relatadas estão a prospecção com
potenciais clientes (21,1%), suporte tecnológico (10,3%), mentoras (7,4%) e
apoio psicológico (5,1%), demonstrando que, além da estrutura financeira,
também carecem de outros tipos de apoio para prosseguirem com seus empregos e empreendimento.
A maternidade é um dos fatores que intensifica a insegurança
financeira- sejam elas empreendedoras ou empregadas no mercado formal.
41% das mulheres que responderam à pesquisa
são mães e 43% delas disse arcar com as despesas dos filhos sozinhas; apenas
15% conta com o apoio do auxílio emergencial ou do bolsa família e 44% dizem que não contam com o apoio nos cuidados diários com os
filhos.
A pesquisa também informa um dado importante, mas já
denunciado por militantes que atuam em defesa do SUS. A maioria não dispõem de recursos para tratamento e cuidado com a saúde mental, correspondendo
37% das respostas.
Entre as linhas da pesquisa detectamos que 28% apontaram estar abaladas por questões financeiras e, 26% dizem estar com a saúde mental abalada
por outros motivos e 36% das respondentes informaram, ainda, que têm sofrido de
crises de ansiedade e 20% apontam oscilações de humor.
Em 2018, o Ministério da Saúde afirmou que 80% da
população negra só tinha o SUS como plano de saúde.
Estudos no país também mostram que a ocorrência de
transtornos mentais comuns é maior em mulheres negras ou pardas.
Um comentário:
Oi Mônica, excelente reflexão e debate sobre esse grave problema.
Obrigada pela contribuição.
Abraços querida.
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