Os acordos políticos em prol de garantir a imagem e representatividade masculina na política ainda superam o cumprimento das legislações.
Em 2018 foram eleitas
pela primeira vez um número expressivo de mulheres parlamentares, passando a
representar 16,20% do total de todos os eleitos no Brasil.
Em números, 290 mulheres
foram escolhidas do total de 513 deputados federais, 1059 deputados estaduais,
54 senadores e 27 governadores que totalizam 1.653 eleitos.
Podemos considerar
que é uma resposta direta à exclusão das mulheres da vida política no Brasil?
E tudo deu início em
25 de outubro de 1927, quando o Governador do Rio Grande do Norte, sancionou a
Lei nº 660, que no seu artigo 77, determinou que pudessem votar e ser votados,
sem distinção de sexo, todos os cidadãos que reunissem as condições exigidas no
pleito.
Dentro deste período
da história sobre a presença e representação das mulheres na vida política do
Brasil, várias associações e movimentos feminista pela garantia da participação
da mulher na política, construíram ações para romper com as barreiras
constituídas pelo Estado e, de concepções na sociedade que impediam a mulher de
ter minimamente uma representação no parlamento e nos partidos políticos. “Assegurar à mulher os direitos políticos que
a nossa Constituição lhe confere e prepará-la para o exercício inteligente
desses direitos”.
Ao considerarmos o
ano de 1920 à 2018, demorou exatamente 98 anos para que as mulheres
conseguissem chegar a ser representadas por 15% na câmara federal, ser 14% dos
vereadores e 12% nos municípios. O Brasil tem um dos piores rankings de
presença feminina no poder político. Das 7.689 candidaturas aptas em 2018,
31,6% eram mulheres.
Mas isto não refletiu no resultado eleitoral. Será
por quê?
Hoje, em 2020, em
pleno ano de eleições municipais, não podemos afirmar que neste somados 100
anos, conseguiremos ter uma representação igualitária das mulheres nas câmaras
e nos executivos municipais.
Poderão ser eleitos em
2020: 5.565 prefeitos e 57,814 mil vereadores em todo Brasil.
Hoje, em 2020, o
quadro de representação das mulheres em exercício são:662 mulheres prefeitas e 4.908 homens
prefeitos. São 7.803 mulheres vereadoras e 50.011 homens vereadores.
Em 2018, passou a ser
obrigatório que 30% do Fundo Eleitoral fosse direcionado para candidaturas
femininas. Esse é o mesmo percentual da cota de candidatas. Isto foi bom, pois refletiu
no resultado apontado de crescimento da representação de inscrições para o
pleito de candidaturas, mas, não no resultado final.
Mesmo com todos os
mecanismo legais, normativos ou resoluções internas dos partidos políticos de
conquistas das mulheres que podem garantir a presença das mulheres nos espaços
de decisão e de poder, ainda existem diversas resistências e fatores para que, estes
normativos sejam colocados em prática.
Os acordos políticos
em prol de garantir a imagem e representatividade masculina na política ainda superam
o cumprimento das legislações.
É obrigatório que 30%
do Fundo Eleitoral seja direcionado para candidaturas femininas. Mas ao
ler várias matérias que trazem o debate sobre a representatividade das mulheres
na vida política, deparei com argumentos como: “a cota de financiamento precisa
ser melhor regulamentada para ser mais efetiva. Entendimento de vários cientistas
políticos e de especialistas na área”.
Será de fato a falta
de regulamentação que provocará futuras dificuldades, ou a falta de vontade política
dos mandatários nos partidos?
Ou isto é mais uma justificativa
da ausência pré-anunciada da não presença das mulheres como parlamentares e
chefes no Executivo em 2020?
O Brasil conta com
apenas uma mulher governadora Fátima Bezerra(PT) no RN, mesmo número de 2014.
No Senado, onde o mandato é de 8 anos, a presença feminina caiu na última
eleição de 13 para 12 senadoras.
Para o pleito de
2020, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) definiu
que o valor do Fundo Eleitoral precisará ser proporcional. Se houver 40% de
candidatas mulheres, por exemplo, 40% do dinheiro irá para elas.
Mas será garantido a
distribuição igualitária de recursos conforme percentual de candidatas?
E para aquelas que não
são consideradas como candidaturas em potencial, definição bancada em sua
maioria por homens?
Ou haverá
concentração de investimento financeiro em uma ou outra candidatura feminina,
mesmo que esta não seja a de grande potencial, mas a escolhida como candidatura
de confiança que poderá ser “laranja” ou por ser da linhagem familiar de um
político de tradição partidária?
Os 30% de reservas de
vagas para mulheres? Como poderemos garantir na eleição o mesmo percentual de
representação já que existe uma pré-disposição dos homens por escolhas de
candidaturas em potencial?
Eu tenho observado em
Belo Horizonte, capital das Minas Gerais, a manobra feita por partidos
tradicionais, que estão buscando lideranças para serem candidatas à vereadoras.
E por que digo isto?
Para cada 10 mulheres
que identifiquei como pré-candidatas, 06 (seis) são lideranças. Estas mulheres que são lideranças, se
destacam nas organizações de luta pelos diretos fundamentais, civis e humanos.
Muitas já ocuparam cargos de gestão pública ou de assessorias parlamentares,
dirigentes de diversos setores, seguimentos religiosos e partidos e terão
expressão de voto, mas por diversos fatores sociais e políticos não serão
eleitas.
E não serão
consideradas laranjas pelo número de votos obtidos por poder ser expressivos. Mas
ajudaram na totalização do voto da chapa para elegerem quem os homens definir
como a prioridade na lista dos considerados em potencial.
Além da destinação
dos recursos para uma ou outra candidatura, existe um dado importante a ser
considerado que os recursos eleitorais são aprovados pelos diretórios: nacional, estaduais e municipais, que são composto por maioria de homens, isto inclui as comissões
eleitorais(COEs).
Muitas análises com
relação a um possível não crescimento de representação da mulher na política em
2020 estão sendo justificadas pela não atuação da mulher na vida interna
partidária e intervenção nas estruturas partidárias.
De fato, quem sempre
criou impedimento critérios e formas veladas para que as mulheres não tivessem representação
em posto executivo interno de definição significativas, foram os homens
dirigentes nos partidos, que fazem questão de manter na prática a retorica que
política não é lugar de mulher.
E a história vem nos
mostrando também que mesmo com uma ou outra mulher ocupando espaços importantes
de representação partidária, o nível de interlocução são os mais adversos ao
ponto de excluir ou manter menor a representação parlamentar das mulheres e em
posto de comando político.
Fontes: Huffpostbrasil/TSE
Um comentário:
Perfeita análise Mônica. É isso mesmo!! Exatamente por essa razão, desde a primeira vez, escolhi o PSOL por isso. Em BH pelo menos é onde vejo a distribuição ser mais equânime. E pra mim era fundamental eleger uma mulher enraizada nas lutas, mesmo que não fosse eu. Deu certo da 1a vez, elegemos Áurea e Cida. Deu certo da 2a: elegemos Áurea e Andréia. E agora trabalhamos pra ampliar. Estou confiante. Vem com a gente. ✊🏽💜
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