Por Mônica Aguiar
Entre cantos e contos
abrem-se as Alas do nosso Carnaval para falar e retratar a realidade de um povo
que sofre cotidianamente com a violência institucional, intolerância, racismo e
machismo.
Do sonho a realidade.
Cantos ecoaram! Brasil, mosaico de
cores, cultura mas de muitas dores.
Viradouro,Mangueira,Grande Rio,União da Ilha,São Clemente,Salgueiro,Sapucaí, União da Tijuca,Portela e Mocidade independente.
Diante tanta realidade
erguem majestosas esculturas retratando os laranjais brasileiros.
“Acabou a mamata”, "a
culpa é do Leonardo di Caprio" revelam faixas(São Clemente) com frases atuais da
realeza brasileira.
Fatos reais expostos nas fantasias e alegorias. Política,
censuras, extermínios, fakenews, corrupção e aquecimento global.
Quem poderia imaginar
que tudo junto e misturado marcariam a história do carnaval em 2020?
A história do Brasil contada entre batuques e melodias,
um cardápio de manifestações com serias críticas ao governo atual.
“Onde moram os sonhos?” (Trecho Samba-enredo Unidos da Tijuca)
Questionamentos globais para reconstruir e transformar sem extinções e com preservação da natureza.
Resgatou e cantou a importante
história das mulheres negras no trabalho e na luta pra garantir a liberdade. As
primeiras feministas no Brasil.(Unidos do Viradouros)
Um viva à Elza Soares(Mocidade) e Carolina de Jesus. Candaces:- mulheres que detém o poder, matrilinear e
guerreiras!
Escultura do menino
negro, com cabelos dourados como raio de sol, nascido na favela, com marcas de tiros no
peito, mostrava seu olhar pedindo socorro em direção aos céus.
Simbolizou
verdadeiramente Jesus na cruz.
“A verdade vos
fará livre”.
(Trecho Samba-enredo da Mangueira)
Um fio condutor para
releitura da triste realidade de milhares de crianças e jovens brasileiros. Um grito de socorro para os jovens da população preta, são os que mais morrem nas mãos da polícia
no Brasil.
" Deixai as crianças e
não as impeçais de vir a mim, pois delas é o Reino dos Céus".
Os seguidores e o Messias ignoram este versículo da bíblia quando expõem críticas aos moradores de comunidades e quando perpetram gestos de arma com dedos da mão em direção aos jovens e crianças
negras pobres, sugerindo o extermínio.
Eis que surge na
passarela o refrão da Grande Rio "Eu respeito seu amém, você respeita meu axé"
um pedido de tolerância entre as diferentes religiões.
"Exu te
ama", subvertendo o clássico dizer "Jesus te amo".
Bandeiras feministas,
LGBT, e integrantes com placas de dizeres como "cultura",
"saúde", "educação" bailavam aos ventos...
Personagem bíblica
Maria Madalena levava uma placa com o arco-íris LGBT+ perguntando:
“Vai tacar
pedra?”
Retrato vivo de milhões
de brasileiros em situação de miséria, pobreza, sem escola, sem políticas sociais,
desalentados, desempregados, enfrentando coletivos públicos caros e lotados. Reféns da falta de segurança pública.(União da ilha)
Demostravam a garra e história do povo negro , sem armas, medo,
felizes e suficientemente capazes de construir esta nação, livres de
preconceitos, estereótipos e discriminações.
Tudo na
passarela.
Uma mulher negra representou Cristo, a bailarina Evelyn
Bastos, sua comissão de frente
mostrou um Jesus pobre e com apóstolos negros.
“não tem futuro sem
partilha, nem messias de arma na mão”
(Trecho Samba-enredo da Mangueira)
Mazelas da escravidão
apontaram o resultado palpável da atual conjuntura política.
Um governo que conduz
com víeis ideológicos, conservadores e pessoais, sem responsabilidades para combater
as desigualdades sociais e raciais, retrocedendo com ações pública que existiram em governos anteriores de combate à
fome e miséria no Brasil.
Poderemos esperar o que diate tal conjuntura política, social, econômica e institucional ?
Poderemos esperar o que diate tal conjuntura política, social, econômica e institucional ?
“Nas encruzilhadas da
vida, entre becos, ruas e vielas, a sorte está lançada: Salve-se quem puder!”.(Trecho Samba-enredo da Ilha do Governador)
A arte dos picadeiros
contaram a história do primeiro palhaço negro Benjamin de Oliveira.
Viva à
Mussum, Tião Macalé, Jorge Lafond, dentre tantos, eis que brota novamente para nossa alegria e
reafirmação da resistência da mulher negra. (Salgueiro) , entrando em cena a única negra
na equipe de nado sincronizado da seleção brasileira Anna Giulia, nadando em um
grande aquário. Homenagem à Oxum. (Grande Rios)
O que muitos afirmam ser
minoria, somam a maior população negra fora do Continente Africano. Mais de 52%
da população brasileira é declaradamente negra.
Retratos vivos da situação da maioria do povo negro, simbolizada nas passarelas deste Carnaval!
“Indio pede paz mas é de guerra/
Nossa aldeia é sem partido ou facção/
Não tem bispo, nem se curva a capitão”(Trecho Samba-enredo da Portela)
Fontes: G1/OGlobo/Carta Capital/EBC/
Um comentário:
Parabéns!Obrigado por tamanha reportagem.
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