Por Mônica Aguiar
O Centro de Referência
da Cultura Negra de Veda Nova, convida todas e todos lideranças e moradores da Região
para participar dia 13 de fevereiro, às 15:30horas, da visita técnica com o
Grupo de estudos do CMSBH e o Movimento #NasceLeolinas na
maternidade Leonina Leonor de Venda Nova.
maternidade Leonina Leonor de Venda Nova.
A Maternidade Leonina
Leonor, está pronta desde 2009, foi concebida para funcionar de acordo com
conceitos obstétricos atuais de humanização do parto, foram gastos mais de R$
4,9 milhões e ainda não atende ninguém, estar fechada por descaso e irresponsabilidade
do poder público.
Venda Nova é Distrito
e região de Belo Horizonte, tem mais de 200 anos. Sua população é composta por
maioria de mulheres negras e sua história compõem passagens e expansões das Minas
Gerais, mantidas vivas através da oralidade, manifestações religiosas Congadas e
culturais, fortes no Distrito.
Muitas histórias são
publicadas a respeito de Veda Nova, mas nenhuma delas traduz de fato a história
deste antigo povoado, originado e composto por negros e negras. Muito se fala
de uma elite Vendanovensse.
Venda Nova se formou
a partir de pessoas simples, que viviam da terra. A região até pouco tempo, não
constava sequer da zona rural de Belo Horizonte.
Mas Venda nova resistiu
aos descasos e abandono por parte do poder público e cresceu. Graças ao comercio local, mas também ao rico
comercio ambulante e empreendedor realizado por mulheres negras.
Nesta história tão
rica e invisibilizada, nós que somos moradoras centenárias na Região, não
podemos deixar de reafirmar a importância das parteiras e curandeiras.
Mulheres
que contribuíram para composição populacional e principalmente o bem estar e
viver das gestantes de Venda Nova.
Hoje
apenas algumas mulheres parteiras e curandeiras vivas e com idade avançada.
A maternidade Leonina
Leonor se estivesse aberta, inicialmente, teria a capacidade para atender 350
parturientes por mês.
Hojé a expectativa seria que a unidade realizasse cerca
de 500 partos humanizados por mês e atendasse para além do Distrito de Venda
Nova, o colar do Vetor Norte.
Mais de 70% das
mulheres que moram na Região de Venda Nova precisam sair da Região para dar à
luz. Muitas não conseguem chegar a tempo nas maternidades consideradas de referências.
Dão a luz dentro de carros, ambulâncias, viaturas dentre outros.
A prefeitura através
de sua Secretaria de Saúde, justificam o não funcionamento e abertura da maternidade: -Excesso de gastos.
Afirmam não ter dinheiro para colocar a Maternidade em funcionamento.
Enquanto isto, mulheres grávidas moradoras na Região, são privadas do acesso a saúde
pública que é dever do Estado.
Venda Nova, hoje conta
apenas com uma pequena unidade de atendimento dentro do Hospital Risoleta Neves com capacidade para atender apenas 30%
das gestantes.
A falta de
maternidade na Região tem aumentado os índices de mortalidade infantil e Venda
Nova tem o maior índice de mortalidade infantil da cidade.
Desde 2017 , as taxas
de mortalidade materna e infantil em Belo Horizonte só tem crescido.
Várias denúncias foram
realizadas pelo movimento Nasce Leonina, através de audiências, manifestações
públicas e redes sociais com relação ao não funcionamento da Maternidade e o descaso com o dinheiro público.
Em uma visita técnica em 2017, realizada pelo Movimento #nasceleonina em conjunto com
a Comissão de Saúde e Saneamento da Câmara Municipal de Belo Horizonte constataram um cenário de má conservação, retirada de equipamentos (inclusive leitos) e
instalações elétricas expostas, além do uso do espaço da maternidade para o
armazenamento de materiais e mobiliário ociosos, provenientes de escolas
municipais.
Venda Nova, em Belo
Horizonte, apresenta um total de 241.699 habitantes, sendo 51,61% deste é constituído
por mulheres.
De toda a população
da Regional Venda Nova, a faixa etária predominante é de 19 a 44 anos,
equivalente a 68,34%, sendo 47,96% Homens e 52,04% Mulheres.
A população Economicamente Ativa
(PEA) Feminina, a faixa salarial predominante é de meio a 01 salário mínimo
(26,38%), enquanto que a segunda faixa é de 01 a 02 salários mínimos (26,20%), é pobre. (IBGE2000/
adaptado CDL BH).
*“A assistência no
puerpério, como ação em favor da infância, deve propiciar à mulher ferramentas
e suporte para cuidar de si e do filho de uma forma qualificada. As ações dos
profissionais de saúde, portanto, devem ser permeadas pela escuta sensível e
valorização das singularidades das demandas femininas, influenciadas por
expectativas sociais referentes ao exercício da maternidade”.
*“A morbimortalidade
materna e neonatal caracteriza-se como um problema social de relevante
magnitude no Brasil. Ciente dessa realidade e considerando que a melhoria da
saúde materna e a redução da mortalidade infantil encontram-se entre os oito
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”.
*“O Brasil não
conseguiu reduzir a mortalidade infantil de forma significativa nos últimos
anos, é necessário frisar que, ainda persistem diferenças acentuadas nas taxas
de mortalidade entre classes sociais e regiões”.
Belo Horizonte não
foge as regras, muito pelo contrário, aqui no Município, a falta de interesse político
reafirmam as diferenças dos fatores de desigualdades socioeconômico e raciais.
*“A melhoria da saúde materna configura-se,
também, como um importante desafio para o sistema de saúde em nosso município,
visto que diversas mortes poderiam ser evitadas com uma atenção de qualidade ao
pré-natal, parto, puerpério”.
MOVIMENTO
#NASCELEONINAS
O Movimento #NasceLeonina nasceu em agosto de
2015, com o objetivo de planejar coletivamente ações de sensibilização da
população e Prefeitura sobre a importância da abertura da Maternidade como
estratégia de melhoria da assistência à saúde e formação adequada de profissionais,
impactando portanto nos indicadores perinatais, combate a violência
obstétrica e redução das mortalidades materna, neonatal e infantil.
Fazem parte desse
movimento pessoas que lutam pela autonomia das mulheres, pela saúde materna e
neonatal e pelo parto humanizado. São mulheres, ativistas, usuária(o)s,
profissionais, conselheira(o)s, parlamentares. Faça parte você também!
O Centro de Referência
da Cultura Negra de Venda Nova, está nesta causa, na luta pela abertura da maternidade
Leonina Leonor. Precisamos mante vigilantes para que sejam garantidos recursos
públicos para abertura da maternidade.
Para isto convidamos moradores de Venda
Nova, para integrar na luta pela saúde das mulheres e crianças que nascem aqui
em nossa região.
O uso dos recursos
públicos têm que ser feito deforma responsável. Precisamos e exigimos do
Prefeito kalill a Maternidade aberta e funcionando!
Vamos juntas nessa
visita, dia 13 de fevereiro, próxima quinta, às 15:30, na porta da Maternidade Leolina Leonor,
para cobrar um posicionamento sério e concreto
sobre a abertura da Maternidade.
Serviço
Visita na Maternidade Leolina Leonor
Rua Padre Pedro Pinto,155 . Em cima do UPA Venda Nova.
Horário:15:30
Serviço
Visita na Maternidade Leolina Leonor
Rua Padre Pedro Pinto,155 . Em cima do UPA Venda Nova.
Horário:15:30
Referências
5 comentários:
Leonina já deveria estar aberta há muitos anos... Que tristeza para as mulheres que já poderian estar usufruindo das banheiras de parto...
Excelente Monica, parabéns por dar visibilidade aos problemas das mulheres, em especial as mulheres negras e vulnerabilizadas, moradoras das periferias e negligenciadas pelas políticas públicas. A mortalidade materna e infantil atinge mais a população negra e pobre e as políticas públicas têm o dever de promover inclusão e equidade destinando mais a quem mais precisa!#NasceLeoninaJá! Uma dívida social e de justiça para a população de Venda Nova
Seu texto foi muito acertado.
Já passou da hora de os moradoras desta região passarem a ser bem tratados, especialmente as mulheres.
É absurdo ver o dinheiro público se deteriorar ao longo dos anos, com a maternidade pronta e o descaso do ente público. (O mais importante é que verba não é o problema e sim a ignorancia do gestor).
#NASCELEONINA
Obrigada Todas pelo comentários. Vamos na luta por direitos e igualdade.
Mônica querida, fiquei tão emocionada com seu texto quando você postou que fiquei dias refletindo. Muito obrigada por sua luta! Por resgatar a história e ser incansável na visibilização do povo negro que segue resistindo e carregando a sociedade nas costas. Estamos juntas pelas mulheres e população de Venda Nova.
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